Crianças com síndrome de Down recebem tratamento cardiológico no Hospital de Clínicas
Por conta de alterações genéticas, a síndrome costuma ter doenças associadas, como cardiopatia congênita
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que cerca de 300 mil pessoas têm síndrome de Down no Brasil, e que para cada 700 nascidos vivos pelo menos um deve apresentar a alteração genética que influencia em diferentes complicações na saúde, entre elas a cardiopatia.
Cardiologista pediátrica na Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna, Josélia Pantoja explica que a incidência da síndrome entre os nascidos pode variar de acordo com a idade materna e, quando diagnosticada, aumenta a possibilidade de má-formação no coração da criança. “As cardiopatias congênitas ocorrem em 40% a 60% das crianças com síndrome de Down. Quando a gravidez é após os 45 anos, a estimativa é de um em 30 nascidos”, ressalta a médica.
Assim como muitas cardiopatias congênitas, sintomas ou sinais podem não ser perceptíveis nos primeiros dias de vida, o que acaba levando a um diagnóstico tardio da doença. No entanto, exames realizados ainda no pré-natal podem indicar não apenas a síndrome, mas também complicações pulmonares e cardíacas decorrentes da má-formação genética.O menino Arthur e sua mãe, Telma Brito, durante a consulta de rotina no HC
“Com um exame morfológico ainda no primeiro trimestre da gestação é possível identificar indícios da síndrome de Down. Na suspeita, a gestante deve ser submetida ao ecocardiograma fetal – exame realizado preferencialmente entre 24 e 28 semanas de gestação, para avaliar a formação e o funcionamento do coração do bebê. Se diagnosticada a cardiopatia, é necessário acompanhamento especializado durante toda a fase de gestação e no pós-parto”, complementa a cardiologista.
Acompanhamento - No Pará, o Hospital de Clínicas é referência em cardiologia pediátrica com tratamento gratuito para crianças com alguma cardiopatia congênita, oferecendo tratamento multiprofissional, exames e consultas por tempo indeterminado, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2020, foram 2.274 consultas e 186 cirurgias nessa especialidade.
O menino Arthur Emanoel é umas crianças com síndrome de Down acompanhadas desde os primeiros dias de vida pela equipe do HC. Nesta semana, ao lado da mãe, Telma Brito, o garoto de apenas um ano esteve no Hospital para consulta de rotina, dias após passar por cirurgia de correção da má-formação no coração.Josélia Pantoja, cardiologista pediátrica do Hospital de Clínicas, ressalta fatores de risco para a síndrome
A avaliação positiva por parte da equipe médica renovou as esperanças da mãe. “Nunca imaginei passar por tudo isso. Soube da síndrome logo depois do parto e, em menos de uma semana, ele já estava passando pela primeira cirurgia no coração. Foi um choque, mas com ajuda de toda a equipe consegui entender tudo o que estava acontecendo. Entendi que meu filho não tem uma doença, e que tudo isso é para que possa crescer com saúde como qualquer outra criança”, destaca Telma.
Dia internacional - Celebrado neste domingo (21 de Março), o Dia Internacional da Síndrome de Down foi criado em 2006 com o objetivo de celebrar a vida e promover inclusão. O Brasil foi um dos primeiros países a propor o reconhecimento oficial da data pela Organização das Nações Unidas (ONU).
A escolha de 21 de Março faz alusão à triplicação do cromossomo 21, que causa a alteração genética característica da Síndrome de Down. Os cromossomos estão presentes no organismo humano em um conjunto de 23 pares, e qualquer tipo de mudança em seus conjuntos ou estrutura origina a mutação.
Neste ano, em função da pandemia da Covid-19, a campanha global traz o “Conectar” como tema. O objetivo é incentivar a criatividade, para que temas importantes, como inclusão, mercado de trabalho e qualidade de vida na infância, adolescência e fase adulta, não deixem de ser abordados.