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Estado investe na produção e sustentabilidade do açaí paraense

Projeto Genoma do Açaí é uma iniciativa do governo estadual e prevê a rastreabilidade e criação de um selo vegano para o fruto

Por Governo do Pará (SECOM)
20/07/2021 14h58

O paraense é conhecedor de açaí. Desde o ponto certo para colher e extrair a polpa do fruto, em quanto tempo, após batido, deve ser consumido até a forma de guardar o suco e a maneira de comercializar o produto. “Mas, quem não nasceu aqui no Estado desconhece essas características organolépticas (percebidas pelos sentidos) apuradas. Então, a gente precisa conseguir definir o terroir, porque isso agrega um valor enorme ao produto que está sendo comercializado para fora da nossa casa”, explicou o pesquisador Artur Silva, diretor Científico da BioTec-Amazônia.

A Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) vinculada à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet), assinou, em 2021, convênio com a Associação BioTec-Amazônia para execução do projeto Genoma do Açaí. Uma das missões da pesquisa “Genoma do Açaí”, iniciativa do Governo do Pará sob a coordenação da organização social BioTec-Amazônia, é ampliar a capacidade de produção e garantir a sustentabilidade do fruto.

O estudo do sequenciamento genético do açaí é realizado pelo Laboratório de Engenharia Biológica, instalado no Parque de Ciência e Tecnologia – PCT Guamá, e faz parte do grupo de laboratórios da Universidade Federal do Pará (UFPA) que dá suporte à BioTec-Amazônia, para ações estratégicas de coordenação e elaboração de pesquisas com recursos do Estado. Para isso, algumas etapas precisam ser cumpridas, após a conclusão do sequenciamento do Genoma do Açaí.

A primeira etapa é implementar um selo vegano ao produto. “Nós, da BioTec-Amazônia, somos uma certificadora para produção de selo vegano. Nós podemos emitir um selo, inclusive na língua inglesa. E podemos usar duas marcas fortes: o selo vegano e a Amazônia”, disse Artur Silva. A segunda etapa é o controle de qualidade dessa produção local. “Nós podemos tirar, de maneira imediata do Genoma do Açaí, justamente o controle de qualidade em relação à pureza. Nós somos capazes de te dizer se dentro de um determinado suco eu tenho 100% de açaí ou tenho outras misturas”, reforçou o pesquisador.

Aliança – Para viabilizar as próximas etapas foi realizada a primeira reunião, no último dia 7 de julho, na sede da Organização Social BioTec-Amazônia, com Edson Anilo Cardoso, titular da Secretaria Municipal de Agricultura (Semagri) de Barcarena, município da Região de Integração Tocantins. No encontro foi discutida uma aliança com um município pioneiro na utilização dos dados do projeto, a fim de fortalecer a avaliação do cenário municipal para aplicação dessas duas etapas da pesquisa na produção local do açaí.

Edson Cardoso destacou as características da produção do açaí em Barcarena. “Hoje, tradicionalmente, nós temos a cadeia produtiva do açaí no nosso município. Mas nós também temos outras cadeias produtivas que podem ser fomentadas. Hoje nós temos muito a ideia do produto in natura. O que nós estamos tentando avançar é nessa potencialização de cadeia produtiva, de forma consorciada, onde eu não trabalhe só com a monocultura, mas junto com outras cadeias que podem gerar renda o ano todo ou em ciclos continuados”, ressaltou. Entre as cadeias produtivas destacadas por Edson Cardoso estão açaí, cacau e banana, mas também a criação de peixes e aves, que podem ser utilizadas na merenda escolar do município.

Para Edson Cardoso, o projeto tratado pela BioTec-Amazônia traz ressignificação ao produto açaí. “Ele não vai mais ser só um entendimento do açaí extrativista, mas o entendimento do açaí que pode ser gerador de oportunidades, gerador de renda, dentro de uma cadeia produtiva verticalizada, industrializada, com produtos acabados com selo, tanto de qualidade como selo de pureza e de melhor reconhecimento do paladar e da estrutura do açaí”, finalizou.

Após a reunião de trabalho com gestores da Semagri, a equipe da BioTec-Amazônia também conversou na terça-feira (13) com representantes da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará), em busca de firmar parceria por meio de Acordo de Cooperação. Os objetivos principais são implementar a rastreabilidade de ponta a ponta na cadeia produtiva do açaí, bem como estabelecer padrões de qualidade para os batedores e a agroindústria.

Biotecnologia – O estudo do genoma do açaí vai trazer informações até então desconhecidas de uma fruta tão importante para a Amazônia, e também para outros países. Apesar da genômica e do DNA serem associados à alta tecnologia, são eles que vão permitir a leitura do aproveitamento genético e biotecnológico do organismo. A pesquisa será realizada a partir do DNA da célula, encontrada no fruto. Artur Silva explicou que o genoma é igual a um relógio, e dentro há 35 mil genes. “A pesquisa quer saber quais são eles. Vão ficar vários pedacinhos do DNA, bilhões de pedacinhos. A decodificação destes fragmentos a gente chama de sequenciamento”, acrescentou.

Após um processo químico é separado o DNA do núcleo da célula. “É quando vamos botar os pedaços dentro de um robô. A máquina de sequenciar vai ler cada um: o que tem adenina, citosina etc. Depois, o computador vai pegar essas leituras e vai ver as quatro bases, e onde elas estão: timina (T), guanina (G), citosina (C) e adenina (A) que são encontradas no DNA”, disse o pesquisador, informando que, após essa remontagem, é possível analisar os genes encontrados.

A BioTec-Amazônia é qualificada pelo governo do Estado para o gerenciamento do BioPará, programa paraense de incentivo ao uso sustentável da biodiversidade, por intermédio da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica (Sectet). (Texto: Silvia de Souza Leão – Biotec Amazônia).