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Equipes de limpeza têm relevância ainda maior em hospitais na linha de frente da Covid-19

Durante a pandemia, o trabalho dos profissionais da área de limpeza é fundamental dentro das unidades de Saúde para que o coronavírus não se prolifere no ambiente

Por Mozart Lira (SESPA)
22/07/2021 12h46

Auxiliar de Higienização do Hospital Público do Sudeste do Pará, em Marabá, Hiranês Silva: "Os melhores momentos eram as altas".A higiene das mãos, dos estabelecimentos e de tudo o que se pode tocar se tornaram mais essenciais com a pandemia da Covid-19, de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Isso colocou os profissionais que trabalham com limpeza nos hospitais públicos do Governo do Estado como protagonistas e também como linha de frente no enfrentamento da doença, visto que materiais contaminados são descartados a todo instante.

Quem atua na limpeza hospitalar está garantindo, na medida do possível, uma segurança maior para os que estão tratando e os que estão sendo tratados, pois o fluxo de trabalho envolve disciplina e responsabilidade pela intensificação das recomendações pelo uso de equipamentos de proteção individuais (EPIs), já que muitos desses trabalhadores mantêm contato direto com pacientes infectados com o vírus e também com os objetos usados por eles, como roupas de cama, pratos, copos e bandejas.

No Pará, pelo menos 715 trabalhadores atuam na higiene, manutenção e limpeza de ambientes geridos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), segundo estatísticas de maio deste ano, do Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil (CNES) do Ministério da Saúde (MS). 

Para o secretário de Saúde do Pará, Rômulo Rodovalho, a categoria dos profissionais de limpeza é de extrema importância no enfrentamento ao vírus. “Eles nem sempre aparecem como linha de frente, mas são porque adotam medidas efetivas para evitar a contaminação e a propagação do Covid-19, pois estamos enfrentando algo capaz de continuar vivo por dias em superfícies e outros locais se não for eliminado por um protocolo de limpeza”, ressalta o secretário, ao lembrar que a atuação desses trabalhadores é importantíssima para interromper surtos em andamento. 

Hiranês Nascimento da Silva, que há 14 anos atua como auxiliar de higienização e limpeza do Hospital Regional Público do Sudeste do Pará (HRSP), em Marabá, chegou a pensar que a pandemia jamais fosse atingir o município. “No início, lá em março do ano passado, pensei que esse vírus não fosse capaz de chegar até nós. E olhe que pensava assim mesmo depois de ter sido escalada pela minha coordenadora para compor uma equipe, com mais cinco pessoas, que iria ficar na limpeza dos ambientes onde estavam os leitos de UTI reservados para futuros pacientes com coronavírus”, relata. 

Com a chegada do primeiro paciente com Covid-19 em estado grave, Hiranês ficou assustada e com a sensação de estar diante de algo devastador, ao mesmo tempo tão invisível e que já estava causando imensa comoção popular nas capitais. “Foi aquela sensação de medo, pois era uma doença nova, que ninguém conhecia. Jamais poderia supor que avançaria pro interior do Pará”, afirma.

Mãe de dois filhos já adolescentes, Hiranês conta que ficou em pânico. “Eu chorava, chorava, mas queria ficar ali no hospital pra exercer meu papel e ajudar quem precisasse. Fico emocionada de lembrar e comovida por ter visto tanta gente se salvar e saber que outros partiram. Os melhores momentos eram as altas, as despedidas de quem voltava pra casa e os agradecimentos que recebíamos. Eram atos de gratidão”, relembra. 

Hiranês começou a manifestar sintomas da Covid-19 no auge da primeira onda, no início de maio de 2020. Não desenvolveu quadros mais graves da doença, mas teve que ficar afastada por 15 dias das atividades. “Não foram dias fáceis e sempre aconselho meus filhos a se protegerem, até porque não estou relaxada com isso. A pandemia não vai passar, só vai amenizar na medida em que mais pessoas forem vacinadas”, diz. Para Hiranês, o HRSP é um segundo lar e, em novembro, fará 14 anos de atividades no lugar e segue guardando nas memórias os elogios já recebidos por outros profissionais de saúde pelo empenho na higienização dos leitos.

Líder do Serviço de Higiene e Limpeza do Hospital Público da Transamazônica, Rosa de Paula: "Ponho amor em tudo o que eu faço". Também veterana na higienização de ambientes hospitalares, Rosa de Paula Leite do Nascimento atua há 14 anos no Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT), em Altamira. Indígena da etnia Xipaya, ela passou a trabalhar como auxiliar de higiene e limpeza e hoje é líder do setor há 8 anos, coordenando mais de 50 colaboradores, entre auxiliares de limpeza, camareiros e jardineiros. Atua na linha de frente da higienização na enfermaria exclusiva para tratamento de casos graves da Covid-19.

“Minha vida tem uma escalada de desafios e, aos poucos, fui alcançando minhas conquistas com muito trabalho e pondo amor em tudo que faço”, justifica, ao lembrar que, durante algum tempo, trabalhou de dia no hospital e pela noite fazia cursos. Hoje tem curso técnico de Segurança do Trabalho e curso superior em Pedagogia. No ambiente de trabalho também conheceu o então marido. “Posso dizer que meu maior desafio foi lidar com essa pandemia, pois convivemos diariamente com quem passa pelo problema. Graças aos treinamentos dados pelo hospital, temos tido serenidade na convivência com os pacientes”, relata. 

Rosa informa que a equipe de limpeza recebeu vários cursos e treinamentos do hospital sobre a maneira certa de higienizar os ambientes, sobre o uso correto dos equipamentos de proteção individuais (EPIs) e a maneira adequada de se paramentar e desparamentar para evitar contaminação.

Rosa atua de segunda a sexta-feira no hospital e, como coordenadora, procura também passar mensagens de segurança para toda a equipe. “Tenho muita fé e peço sempre a Deus muita serenidade a todos que trabalham no hospital. Com essa postura estamos tendo forças para enfrentarmos as ondas da pandemia”, relata. “Quando você atua na área de saúde, você tem que gostar do que faz e manter o humor, sempre que possível e resistente ao ambiente hospitalar, que nem sempre é o mesmo todo dia”, completa.

No hospital, Rosa testemunhou muitas histórias de pacientes que, segundo ela, comportam dias e dias de conversas. “A pandemia veio trazer alguns aprendizados, penso eu. E aqui sempre focamos no nosso paciente, na função de sua melhora e de fazê-lo cruzar a porta de saída do hospital vivo e para seguir sua vida”.