Campanha encerra com palestra de incentivo à denúncia contra a violência feminina
“Não se cale!”. Este foi o tema da programação que encerrou a Campanha Agosto Lilás, do Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS), em Icoaraci, distrito de Belém, na tarde desta terça-feira (31). A palestra, voltada aos profissionais da unidade hospitalar, colocou em debate a violência contra a mulher em todas as camadas da sociedade. O evento objetivou, ainda, a ampliação do assunto entre os colaboradores, destacando a importância de denunciar o agressor.
A programação do HRAS se alinha à campanha nacional que busca chamar a atenção da sociedade para o enfrentamento à violência doméstica. A escolha do mês tem relação com a data de sanção da Lei 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, que no último dia 7 completou 15 anos. “O objetivo foi sensibilizar e conscientizar a sociedade sobre o necessário fim da violência contra a mulher, divulgar os serviços especializados da rede de atendimento à mulher em situação de violência e os mecanismos de denúncia existentes”, detalhou a assistente social Renata Soares.
O evento, com roda de conversa e dinâmica, foi organizado pelo Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (Sesmt), com auxílio da psicologia, serviço social e recursos humanos (RH). “A equipe preparou três ambientes para revelar as diferentes etapas do processo de reconhecimento de uma situação de violência”, observou a enfermeira do Trabalho Monique Paiva. A profissional explica ainda que a primeira fase do processo são os relatos sobre as sensações das vítimas; a segunda, é a forma com que o agressor se comunica com ela, com frases e/ou palavras que a machucam. Já a terceira etapa são os casos concretos, chegando até ao feminicídio.
Pandemia - A equipe também apontou aos colaboradores, os índices relacionados ao tema. “Tivemos um aumento do número de violência doméstica no contexto do isolamento social exigido para o controle da pandemia do novo coronavírus e, também, aos efeitos psicológicos que as violências podem gerar e como buscar ajuda na rede de apoio de órgãos institucionais de proteção à mulher”, reforçou a enfermeira do Trabalho Monique Paiva.
Em 483 cidades houve aumento de casos de violência contra a mulher durante a pandemia de Covid-19, que atingiu o Brasil em fevereiro de 2020. O número equivale a 20% dos 2.383 municípios ouvidos pela pesquisa da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) sobre a pandemia. Em 269 (11,3%) municípios, houve elevação nas ocorrências de violência contra criança e adolescente, em 173 (7,3%) foram registrados mais episódios de agressão contra idosos e em 71 (3%) contra pessoas com deficiência.
Casos - No Hospital Regional Abelardo Santos, este ano, foi identificado um caso de violência doméstica. “A colaboradora sofreu uma tentativa de homicídio na parada de ônibus. Quando tivemos conhecimento do caso, a encaminhamos para a medicina do trabalho, setor que imediatamente a afastou para preservá-la, até que todos os cuidados para resguardar sua vida fossem tomados. A colaboradora pode nos procurar, pois temos suporte social, jurídico e psicológico para auxiliá-la”, observou a psicóloga Camila Xavier, coordenadora do RH da instituição.
Para o diretor executivo do Abelardo Santos, Marcos Silveira, o evento baliza o trabalho que a unidade já vem fazendo junto ao corpo laboral. “Não aceitamos qualquer tipo de agressão, sobretudo, contra as mulheres. O Hospital fornece uma rede de apoio às colaboradoras, com auxílio jurídico, psicológico, com a assistência social, como forma de acolher as vítimas e denunciar os casos que tomamos conhecimento. Encerramos mais uma campanha de esclarecimento e o mais importante: do incentivo à denúncia para reduzirmos esse tipo de casos tão covardes”, elucidou o gestor.
Texto: Roberta Paraense (Ascom/HRAS)