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Fisioterapia auxilia na reabilitação de mulheres com câncer de mama

Em 2021, foram realizadas 376 cirurgias de mastectomia, e no ano de 2022 foram realizados 420 procedimentos cirúrgicos

Por Leila Cruz (HOL)
31/10/2022 16h10

Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) estimam a ocorrência de mais de 66 mil casos de câncer de mama a cada ano no Brasil, um dos tipos de tumor mais incidentes na população feminina mundial. Além dos impactos psicossociais ocasionados pelo diagnóstico, as intervenções terapêuticas podem trazer efeitos colaterais e complicações físicas, como redução do movimento do ombro, alteração sensorial, linfedema, dor, fraqueza muscular e até mesmo a redução da capacidade respiratória, que afetam a qualidade de vida dessas mulheres.

As implicações mais comuns são provenientes da cirurgia e tratamentos adjuvantes, como radioterapia e quimioterapia. É de responsabilidade da fisioterapia oncológica reabilitar e incentivar a paciente a retomar atividades diárias, um atendimento realizado no pré e no pós-operatório pela equipe do Hospital Ophir Loyola (HOL), referência em oncologia na região Norte. Somente na instituição, mais de 900 mulheres são assistidas com câncer de mama. Em 2021, foram realizadas 376 cirurgias de mastectomia, e no ano de 2022 foram realizados 420 procedimentos cirúrgicos.

A fisioterapia ajuda a melhorar a integridade cinético-funcional de órgãos e sistemas das mulheres acometidas por câncer de mama. Independente do tipo e da abordagem cirúrgica adotada, as sequelas podem ocorrer em até 60% dos casos. “Os impactos podem ocorrer no pós-operatório imediato, como dor, seroma, necrose de tecido, deiscência de feridas, fraqueza no braço, alteração de sensibilidade, infecções, complicações respiratórias e circulatórias e problemas de cicatrização. Outros podem advir no pós-operatório tardio, como disfunção do ombro e cintura escapular, retrações e aderências, linfedema e encarceramento nervoso”, explicou a chefe da fisioterapia Alda Guimarães, do HOL. 

Atuamos na prevenção, redução e resolução das sequelas. Para isso, utilizamos técnicas manuais, aparelhos de eletroterapia e exercícios específicos para cada caso. “Cada tipo de câncer tem um cuidado próprio, daí a importância de uma avaliação. Após uma análise criteriosa, é realizado o planejamento conforme a fase e tipo de tratamento da paciente, desde a preparação para a cirurgia até a reabilitação funcional no pós-cirúrgico. Inclui exercícios respiratórios, posturais ou funcionais para reduzir os riscos de complicações”, informou.

Quando usada no pré-cirúrgico, a fisioterapia tem como objetivo diminuir o impacto negativo causado pela cirurgia na funcionalidade. Também  presta orientação adequada sobre a área operada, diminuindo as complicações após os procedimentos cirúrgicos.

Moradora de Santa Izabel do Pará, Regiane da Silva, 45 anos, descobriu o câncer de mama há um ano. Passou por quimioterapia e cirurgia. No pré-operatório, recebeu orientações para realizar exercícios em casa durante a recuperação. “Após a cirurgia, fiz todos os exercícios recomendados pela fisioterapeuta. Movimentava meus braços para cima e para baixo. Hoje eu vim para avaliação e já fui liberada, pois segui tudo direitinho. Agora já posso voltar com o médico e realizar a radioterapia”, contou Regiane.

Regiane da Silva, 45 anosA fisioterapeuta Simone Scotta explica que, após a cirurgia, as pacientes precisam voltar com o movimento normal do braço para continuar o tratamento oncológico. A radioterapia depende diretamente desses movimentos. Isso porque durante o tratamento radioterápico, o médico pede para levantar os braços, e, se elas não mexem, automaticamente não tem como realizar as aplicações de radioterapia. 

“Desde o pré-operatório, orientamos sobre como realizar exercícios para mexer os membros com cuidado e de forma segura. Já no pós-operatório imediato, nós fazemos uma triagem para ver se realmente está tudo bem. A Regiane fez tudo certo e por isso recebeu alta. Vai incomodar na hora do movimento, mas a paciente não pode se intimidar com essa dor. Trabalhamos com as diretrizes do Inca para que elas façam o procedimento de forma segura e não rompam a cirurgia. O objetivo é que  estejam cada dia mais aptas para retornar com a vida cotidiana”, disse Simone.