Santa Casa alerta para cuidados com a pressão alta na gestação
O hospital é referência para gestantes de alto risco

Crisciane Pereira está na 34ª semana de gestação de seu segundo filho e, assim como na primeira gravidez, enfrenta novamente a hipertensão gestacional. Natural do município de Chaves, ela está internada há cerca de uma semana na Santa Casa do Pará, onde recebe acompanhamento médico contínuo.
"Tenho diabetes e já tive pressão alta na gravidez do meu primeiro filho. Agora estou passando por isso outra vez. Na Santa Casa estou sendo bem atendida e, com os medicamentos e a dieta, minha pressão está controlada. Para mim, o mais difícil é a comida, mas sei que preciso cuidar da minha saúde", relata Crisciane, que reconhece o consumo excessivo de sal e açúcar e a importância de mudar os hábitos alimentares para garantir uma gestação segura.

Na Santa Casa do Pará, gestantes como Crisciane recebem um atendimento especializado, individualizado e multiprofissional na unidade materno-infantil do hospital, referência no cuidado a gestantes de alto risco em todo o estado.
Além da Unidade de Urgência e Emergência, que recebe grávidas em regime de porta aberta, o hospital conta com duas enfermarias de alto risco com 46 leitos destinados à internação de pacientes com doenças que podem se agravar durante a gestação, como as síndromes hipertensivas, diabetes e infecções urinárias.
As enfermeiras obstetras Augusta Barreto e Rita Moraes integram a equipe multiprofissional responsável pelo acompanhamento diário dessas pacientes. Elas explicam como funciona a assistência prestada na unidade.
"Temos uma equipe completa: nutricionista, farmacêutico, enfermeiros, médicos e técnicos de enfermagem, que acompanham a paciente desde a admissão até a alta ou o parto. Monitoramos sinais vitais constantemente e, em caso de alterações, reavaliamos a conduta com o médico para intervir quando necessário", explica Augusta. Ela reforça que durante a internação também é avaliada a vitalidade do bebê, para prevenir riscos para a saúde materno-fetal.
A médica Carla Haber, ginecologista e obstetra com ampla experiência no acompanhamento de gestantes de alto risco, destaca as diferentes formas das Síndromes Hipertensivas Gestacionais, como a enfrentada por Crisciane. Segundo ela, essas condições podem se manifestar de quatro maneiras:
- Hipertensão Arterial Crônica: surge antes da 20ª semana de gestação;
- Pré-eclâmpsia: ocorre após a 20ª semana e vem acompanhada de proteinúria e/ou lesão em órgãos como fígado e rins;
- Hipertensão Gestacional: também após a 20ª semana, mas sem proteinúria ou lesão de órgão-alvo;
- Hipertensão Crônica Sobreposta: quando a paciente já tem hipertensão antes da gestação e desenvolve proteinúria após a 20ª semana.

A médica alerta para os riscos da pressão alta na gravidez. "Se não for bem controlada, pode trazer sérias complicações para a mãe e o bebê, como eclâmpsia (convulsões), acidente vascular cerebral, cegueira, parto prematuro, restrição de crescimento fetal e, em casos graves, até a morte materna ou fetal", afirma.
A hipertensão na gestação pode ser assintomática ou apresentar sinais como dor de cabeça, inchaço nas mãos e no rosto, alterações visuais (visão embaçada ou pontos cintilantes), dores na parte superior do abdome, náuseas e vômitos. Por isso, a médica reforça a importância do acompanhamento pré-natal.
"O diagnóstico precoce é essencial para evitar complicações e garantir melhores desfechos para mãe e bebê. Um pré-natal de qualidade permite identificar fatores de risco, monitorar a pressão arterial e adotar medidas preventivas adequadas", conclui.