Ação humanizada reforça apoio emocional às puérperas no Hospital Abelardo Santos
Uma em cada quatro brasileiras que se tornam mães, aproximadamente 25%, apresenta sinais de depressão pós-parto, segundo a Fiocruz

Com foco no acolhimento e no fortalecimento da saúde mental materna, o Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS) promoveu, nesta segunda-feira (19), um momento de conversa e relaxamento às mães internadas na unidade. A ação faz parte da campanha Maio Furta-Cor, iniciativa nacional que busca sensibilizar a sociedade sobre o bem-estar psicológico materno ao longo do mês de maio.
A terapeuta ocupacional, Danielle Ferreira, destaca que, embora a campanha ocorra neste mês, o trabalho sobre o tema acontece durante todo o ano no HRAS. “Ser mãe não se resume a um único mês”, afirma. Ela chama atenção para dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que apontam que uma em cada quatro mulheres desenvolvem sintomas de ansiedade ou depressão durante ou após a gestação.

“Nosso papel não é falar da maternidade idealizada, mas da maternidade real, de um corpo que muda, de uma mulher que não se reconhece, do desconforto físico e emocional, da responsabilidade de gerar e parir uma vida”, disse Danielle. Ela acrescenta que transtornos como baby blues, depressão pós-parto e psicoses puerperais podem surgir nesse período, especialmente sem suporte adequado.
Considerado o maior da rede pública estadual, o Hospital Regional Abelardo Santos (HRAS), localizado no distrito de Icoaraci, em Belém, é referência em atendimento obstétrico humanizado no Pará. Somente nos primeiros quatro meses de 2025, 1.660 mulheres tiveram filhos no HRAS, sendo 727 normais e 933 cesarianas. Em 2024, o hospital ultrapassou a marca de 5 mil partos.
Ação
As atividades realizadas com o grupo do Método Canguru foram divididas em três momentos: prática de relaxamento e autocuidado, com a realização de escalda-pés durante o contato pele a pele com os bebês. Em seguida, foi aplicada a auriculoterapia, utilizando pontos específicos da orelha para o alívio da ansiedade, melhora da qualidade do sono, estímulo à produção de leite e equilíbrio emocional.

O terceiro e último momento foi uma roda de conversa, onde as mães puderam compartilhar vivências e refletir sobre as principais barreiras enfrentadas no puerpério, criando um espaço de escuta, empatia e fortalecimento mútuo. “Cada momento foi pensado para acolher essas mães de forma integral. Onde elas podem se conhecer e também conhecer outras histórias e vivências”, pontuou Danielle.
Emilly Caroline Siqueira, de 19 anos, detalhou a experiência: “As pessoas pensam que é tudo lindo, mas só quem sente na pele sabe que não é tão simples assim. É um processo, um momento em que as descobertas nos colocam à prova, e, em determinados momentos, ficamos à beira de pirar. Por isso, é muito importante ter uma rede de apoio - não só da família, mas também do próprio hospital”, afirmou.

“Participar da ação, conhecer os desafios de outras mulheres, também nos mostra que não estamos sozinhas nessa. Além disso, ter esse momento de relaxamento, com um escalda-pés com ervas e bolinhas para estimular a parte sensorial, foi maravilhoso. Agora é sair daqui, ir para casa e aproveitar o filho junto à família da melhor forma, sabendo que as dificuldades são normais”, completou.
Josiane Pantoja Moraes, 34 anos, compartilha do mesmo sentimento. “Muitas vezes, os sintomas da depressão pós-parto são silenciosos, e a própria mulher acredita que é algo normal. É importante que não apenas a equipe do hospital esteja atenta aos sinais, mas também os próprios familiares, que, ao identificá-los, possam solicitar ajuda das equipes para que esse suporte seja oferecido”, concluiu.

HRAS
A maternidade funciona 24 horas por dia, com cinco salas de parto, 50 leitos de internação e equipe especializada em acolhimento obstétrico e ginecológico. A unidade adota práticas humanizadas com uso de métodos não farmacológicos para alívio da dor, como massagens, banhos de água morna e aromaterapia. Conta ainda com fisioterapeutas na sala de parto para maior conforto e bem-estar à mulher.
O HRAS é referência em assistência à mulher e à criança, com atendimento em quatro frentes: pronto-socorro, cirurgia, internação clínica e Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O acolhimento também é garantido nas Unidades de Cuidados Intermediários (UCIn). A pediatria conta com 10 leitos de UTI, 25 leitos de clínica pediátrica e um pronto-socorro infantil com atendimento 24 horas.