Governo do Pará garante tratamento a mulheres com fibromialgia utilizando terapia especializada pela primeira vez na rede hospitalar da região Norte
Procedimento é feito no Hospital da Mulher do Pará
Dilma Pantoja, 69 anos, foi diagnosticada com fibromialgia há 25 anos e desde então sente que, ao longo desse tempo, perdeu qualidade de vida.

“Comecei a sentir algumas dores no corpo, não dormia direito, até hoje tenho dificuldade, porque é dor de cabeça, dor nas pernas, nos ombros, dor no corpo todo. Tu não sabes em que local começa a dor, é angustiante. Eu passei a tomar muitos comprimidos, uns três ou quatro por dia, para aliviar”, relata a dona de casa que agora está em tratamento no Hospital, pelo ambulatório especializado em tratamento da dor.
“Soube que estava atendendo aqui só para mulher. Eu no dia que fui na Santa Casa, quando estava em outro acompanhamento me informei se tinha essa especialização da dor, que é difícil você encontrar, eles me encaminharam para cá. Hoje já estou fazendo as minhas sessões com o doutor, não estou tomando mais tanto medicamento. Está sendo muito bom”, conta a paciente.

Segundo o médico fisiatra com especialidade em dor, Carlos Costa, a fibromialgia, síndrome caracterizada por dores musculoesqueléticas crônica e generalizada, afeta com maior frequência a população feminina. “É prevalente nesse público, em torno de doze mulheres para cada homem. As principais queixas são maior sensibilidade à dor, que pode estar presente em diversas partes do corpo, fadiga, distúrbio do sono e alterações de humor”, esclarece.
O especialista revela que além das consultas, as pacientes contam com as terapias individualizadas. No ambulatório, temos métodos como acupuntura e bloqueios de nervos periféricos, que são aqueles bloqueios anestésicos para dores neuropáticas, dores musculares, dores de hérnia de disco, de ombro, de joelho, quadril, assim, dores musculares, o sistema muscular esquelético em geral”, detalha Carlos.

O médico reforça ainda que o Hospital da Mulher do Pará é a primeira unidade hospitalar, dentre o perfil da rede pública ou privada, a realizar o bloqueio simpático venoso na Região Norte. “Atualmente é feito apenas em atendimentos médicos particulares, é um procedimento feito sem necessidade de internação, com bom nível de resposta para essas dores que muitas vezes não resolvem com outras terapias que são bem refratárias e não resolvem com remédio convencional e aqui nós fazemos esse bloqueio simpático venoso, vamos monitorizando essa paciente, repetindo de cinco a dez sessões guiadas, e dependendo da resposta do paciente, vamos ajustando a medicação, inclusive podendo reduzir ou retirar algumas medicações de uso contínuo. Além disso, trabalhamos na conscientização sobre uma reeducação no estilo de vida, porque os exercícios físicos, qualidade de sono e alimentação são fundamentais com o suporte de outros profissionais da fisioterapia, nutrição e psicologia que atendem no hospital”, reforça o fisiatra.

Elaine Brito, 44 anos, recebeu o diagnóstico há 6 anos mas os transtornos causados pela fibromialgia vieram muito antes. “Já sentia dores desde os meus 20 anos e de lá para cá, vivo um dia de cada vez, porque um dia você pode conseguir fazer muita coisa, no outro dia a fadiga está muito grande. Depois que descobri o que tinha, iniciei o tratamento, mas fiquei dois anos sem tratamento porque eu estava na fila do posto para conseguir atendimento, porque essa doença também causa de depressão, ansiedade, né? Até que fui numa na Usina da Paz do Icuí e desde abril vim encaminhada pro Hospital da Mulher. Hoje é a minha segunda sessão de acupuntura, a acupuntura, isso é minha segunda sessão. Aqui foi o único local, que eu realmente encontrei o tratamento público para fibromialgia, tanto da parte médica, quanto com as terapias”, disse aliviada.
O Hospital da Mulher, entregue em março deste ano, foi projetado para atender às necessidades específicas da população feminina, com ênfase em cuidados especializados de média e alta complexidade. A unidade dispõe, nessa linha de cuidados, de um acompanhamento integral para mulheres, por meio de consultas e exames para iniciar o tratamento ou procedimento cirúrgico, em casos necessários.
Serviço: Para ser atendida no Hospital da Mulher do Pará é necessário encaminhamento via regulação do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de atendimento em uma Unidade Básica de Saúde do município de origem da paciente ou pelo atendimento de consultas nas Usinas da Paz. O HMPA está localizado na Avenida Gentil Bittencourt, nº 2175, bairro de São Brás.