Pará participa de fórum global sobre clima e saberes ancestrais dos povos indígenas
O fórum internacional reúne indígenas e especialistas de quatro continentes para criar Agenda Global de Proteção Climática baseada em saberes ancestrais
O Estado do Pará, participa nesta terça-feira (1º) e quarta-feira (2), em Cartagena das Índias, na Colômbia, do Forum on Indigenous People Wisdom on Protecting Environment – Fórum “O Valor da Sabedoria Ancestral para a Proteção do Meio Ambiente”, que reúne lideranças indígenas, especialistas e autoridades de diversos países da América, Ásia, África e Oceania. A iniciativa é coordenada pelo Conselho de Cooperação Sul-Sul para o Desenvolvimento Sustentável (CCSS), com apoio de parceiros institucionais internacionais.
Representando o Brasil e a região amazônica, a secretária de Estado dos Povos Indígenas do Pará, Puyr Tembé, integra o evento levando à comunidade internacional a experiência do Pará na construção de políticas públicas voltadas à valorização dos povos indígenas e à proteção dos territórios tradicionais.
Durante os dois dias de programação, os participantes discutem o papel dos conhecimentos ancestrais na proteção do meio ambiente e na formulação de soluções climáticas sustentáveis. O objetivo do fórum é iniciar a construção de uma Agenda Global de Proteção Climática baseada nos saberes tradicionais, com intercâmbio entre diferentes continentes e culturas.
A secretária afirmou que o Pará tem avançado em políticas públicas que respeitam o protagonismo indígena, citando a criação da Secretaria dos Povos Indígenas como um marco importante.
“A sabedoria ancestral dos povos indígenas é fundamental para repensar a relação do mundo com a natureza. O Pará tem avançado em políticas públicas que valorizam esse conhecimento e colocam as comunidades indígenas no centro do debate ambiental e climático”, afirmou a secretária Puyr Tembé.
Em sua fala de abertura, ela destacou que “não existe separação entre natureza e humanidade”, e que os povos indígenas há milênios compreendem essa interdependência como base de suas práticas espirituais, políticas e territoriais. “A floresta, os rios, os animais, o céu e a terra fazem parte do nosso corpo coletivo”, afirmou.
Segundo Puyr, a sabedoria ancestral “não é passado — é presente e futuro”, estando viva nas formas de cultivo, cura, organização social e nas práticas de cuidado com a Terra como um ser vivo com direitos.
Ela reforçou que, diante das graves crises ambientais, “não haverá soluções eficazes sem escutar aqueles que há séculos defendem e habitam os territórios que ainda resistem”, destacando o papel de povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e demais comunidades tradicionais.
O encontro resultará em um documento internacional, a ser adotado no encerramento da programação, no dia 2 de julho. Esse texto servirá de base para um programa de longo prazo que deverá percorrer outros continentes nos próximos anos. A próxima edição já tem sede confirmada: será realizada em abril de 2026, nas Filipinas, durante a presidência do país na ASEAN.
A presença do Pará no Fórum reforça o papel estratégico da Amazônia nos debates climáticos internacionais e fortalece a articulação global entre povos indígenas, instituições e especialistas comprometidos com o enfrentamento da crise ambiental e a valorização do conhecimento tradicional como bem coletivo.
Texto: Jaelta Souza / Ascom Sepi