Apoio do Estado garante melhoria à produção de derivados do leite de búfala no Marajó
Técnicos da Sedap visitaram queijarias em Cachoeira do Arari, acompanhando os avanços na produção de pequenos empreendedores locais

Maior produtor de bubalinos do País, o Arquipélago do Marajó, no norte do Pará, também se destaca na fabricação de derivados nessa cadeia produtiva, principalmente o queijo, reconhecido pela qualidade e sabor. Com a finalidade de melhorar cada vez mais o desenvolvimento da pecuária bubalina no Marajó, técnicos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) visitaram nesta quarta-feira (2) propriedades produtoras de queijo e demais derivados do leite de búfala, especialmente em Cachoeira do Arari, município onde ocorre a quarta edição do Torneio Leiteiro.
Durante toda a semana, servidores da Sedap acompanham também a realização do 10º Torneio Leiteiro do Marajó, e se reúnem com produtores e empreendedores da região que trabalham na produção de queijo artesanal.

Geração de renda - Entre as propriedades visitadas está a do produtor Edilson Portal, que tem duas queijarias - no distrito de Retiro Grande, em Cachoeira do Arari, e em Soure, com uma produção de 160 quilos por dia. Ele não vende o queijo a varejo, mas no atacado, para que todos os pequenos empreendedores da região, informou, tenham a oportunidade de trabalhar com a venda do produto.
“A gente vende aos pequenos comerciantes, ambulantes e pequenos produtores, que vêm aqui e compram a um preço melhor no atacado, e vão vender. Isso é uma geração de renda que a gente incentiva para melhorar a vida de todo mundo, que é um dos nossos objetivos na queijaria”, ressaltou Edilson Portal.

Para o produtor, a realização de um torneio leiteiro, como ocorre no Marajó até a próxima sexta-feira (4), incentiva o criador/produtor a investir em melhorias na produção, desde a genética até a qualidade da coleta de leite. “Isso valoriza o animal, também. É uma valorização completa no sistema”, reiterou.
O produtor destacou ainda as qualidades do queijo produzido com leite de búfala, que garantem características próprias. “Principalmente o sabor, que é específico. A proteína dele é A2. Muita gente que tem intolerância à lactose consegue comer sem problema nenhum”, informou.
Para Edilson Portal, é importante que o governo do Estado, por meio da Sedap, faça o acompanhamento e mantenha a parceria com os empreendedores locais. “Tendo essa parceria, a gente chega longe. A gente, unindo as forças, consegue chegar bem longe”, garantiu.

Diferencial - A importância da troca de informações e o acompanhamento técnico e apoio às ações desenvolvidas pelos produtores no Marajó, sobretudo os pequenos, é ressaltada também pela produtora Rosiléa Paixão, presidente do Sindicato Rural e da Comissão de Mulheres do Agro de Cachoeira do Arari. As mulheres, disse ela, cada vez mais mostram a força do setor que já foi dominado pelos homens. Segundo a produtora, as mulheres fazem o diferencial, a cada dia, com mais força na pecuária e na agricultura.
Rosiléa Paixão é um exemplo de dedicação e perseverança. Ainda está se recuperando das consequências da queimada em sua propriedade ano passado, atingindo a produção de leite e derivados. Ela tem 100 animais, dos quais retira o leite para produção de queijos, doces, manteiga de garrafa, manteiga de pote coalhada e o famoso "frito do vaqueiro", feito da carne de búfalo frita com manteiga e gordura da carne.

Com esforço, ela conseguiu recuperar parte da produção. “Agora que a gente está se recuperando. Mas, não desisti. Tivemos o apoio da Associação, de pessoas que nos ajudaram, e estamos com a nossa produção, pois é daqui que tiro a minha sobrevivência”, contou.
Ela também enfatizou o apoio que recebe do governo e da organização do torneio leiteiro de Cachoeira do Arari. "A gente está sendo mais visto pelo governo. Antes, não tinha essa assistência. Os mais vistos eram os grandes produtores, e agora a gente recebe esse incentivo do governo estadual. É importante também esse tipo de evento, pois incentiva os pequenos criadores. Eu recebi todo o incentivo no torneio, e melhorei a minha produção”, acrescentou.

Doce produção - Além dos produtores e criadores de búfalas, há no Marajó pequenos empreendedores que fabricam e vendem produtos feitos artesanalmente. Elma Vidal, que tem uma fabricação caseira de doce de leite, já dispõe de clientes fiéis. “É gratificante. O nosso produto sai bastante. Eu costumo dizer que o tempero dele não é o açúcar, e sim o amor”, disse Elma, que em média produz de 20 a 30 cubas de doces, como leite que adquire de produtores locais.
“O nosso Marajó tem muitos búfalos. Desse animal tiramos o leite e produzimos o queijo e outros produtos que vêm do leite. Para nós, ele representa o nosso sustento”, afirmou.

Impulso - A Sedap desenvolve ações para impulsionar a bubalinocultura na região marajoara. O médico veterinário Augusto Peralta informou que, além da parceria com produtores locais, a Secretaria já investe em trabalho integrado, por meio da parceria que está sendo firmada com instituições federais, incluindo a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e a Universidade Federal do Pará (UFPA), além da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Amazônia Oriental).
“Queremos melhorar essa cadeia. O búfalo é a força motriz do Marajó. Quando se fala na região, remetemos ao búfalo, e quando se fala na bubalinocultura chegamos ao queijo. A qualidade que a gente observa, como estamos constatando aqui nessa queijaria visitada, é resultado de mais de dez anos com ações como melhoramento animal. Hoje temos búfalas com melhor qualidade e quantidade de leite, e a gente tem com isso produtos de melhor qualidade, tanto para o consumidor marajoara, quanto o de Belém, de todo o Brasil e até de fora”, destacou Augusto Peralta.
As parcerias mostram o resultado final de uma cadeia que começa, frisou o servidor da Sedap, com o incentivo ao pequeno produtor. “Ele está com um rebanho melhorado geneticamente, e melhorando a sua produção. E essa matéria-prima chega na queijaria para ser trabalhada, onde a gente vê a fabricação dos derivados de leite. Isso é muito bom porque fecha a cadeia produtiva com retorno a todos os segmentos”, disse.