Impactos da seca e estiagem na saúde pública são avaliados no Pará
Durante dois dias, encontro reúne gestores e especialistas para fortalecer resposta a emergências climáticas e elaborar ações integradas

A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) realiza, nesta quinta e sexta-feira (3 e 4), no auditório da Escola Técnica do SUS (Etsus), a Oficina de Avaliação Pós-Evento – Seca e Estiagem 2024. A atividade faz parte de uma ação integrada entre o Ministério da Saúde e os estados do Pará, Acre e Amazonas, com o objetivo de identificar lições aprendidas, pontos fortes e fragilidades nas respostas à seca e estiagem que atingiram a Região Norte no ano passado. O evento reúne representantes da gestão estadual e regional, saúde indígena, defesa civil, assistência social, Cosems (Conselho de Secretários Municipais de Saúde), Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e outros parceiros.

No Pará, os impactos da estiagem foram significativos, com aumento de doenças respiratórias causadas pelas queimadas, doenças diarreicas associadas à qualidade da água e dificuldades de acesso a serviços de saúde, principalmente em áreas ribeirinhas e indígenas. Municípios como São Félix do Xingu, Altamira, Itaituba, Novo Progresso, Prainha, Portel e Chaves estiveram entre os mais afetados. A Sespa articulou ações emergenciais, como distribuição de hipoclorito, monitoramento ambiental, envio de boletins de alerta e atuação conjunta com a Força Nacional do SUS (Sistema Único de Saúde).

“O nosso objetivo nesta oficina é refletir sobre o que funcionou, o que pode ser aprimorado e como nos preparar melhor para os desafios climáticos que virão”, explicou Carlos Henrique Michiles Frank, assessor técnico do Departamento de Emergência em Saúde Pública do Ministério da Saúde. “É uma oportunidade de gerar aprendizados reais e fortalecer as práticas do SUS em todos os níveis”, completou.
Planejamento - A metodologia utilizada é o After Action Review (AAR), ferramenta aplicada em situações de emergência para sistematizar experiências e embasar o planejamento futuro. A oficina também destaca a importância da Atenção Primária na resposta rápida e coordenada à população afetada. “A atenção básica é a principal porta de entrada do SUS. Ela precisa estar preparada para acolher, monitorar e proteger as pessoas mais vulneráveis aos efeitos da estiagem, como idosos, grávidas e pacientes com doenças crônicas”, ressaltou Sâmela Galvão, da Diretoria de Políticas de Atenção Integral à Saúde da Sespa.

Durante a programação, os participantes discutem estratégias de comunicação de risco, atuação intersetorial e fortalecimento da vigilância em saúde. Também foram compartilhadas experiências vivenciadas nos territórios durante a seca. “Nosso objetivo nesta atividade é trazer experiências e temas que estão hoje na pauta do planejamento estratégico em saúde, com foco nas emergências relacionadas a eventos climáticos, como seca e calor extremo. A frequência desses eventos está aumentando, e precisamos alinhar estratégias para minimizar os impactos na saúde pública”, destacou o professor Jader de Oliveira Santos, especialista da UFC (Universidade Federal do Ceará) a serviço do Ministério da Saúde.

Realidade - Representando a gestão estadual, a diretora Técnica da Sespa, Carla Figueredo, reforçou o compromisso do Governo do Pará com a preparação frente às mudanças climáticas. “Em nome dos secretários, reiteramos a importância de momentos como este, que nos permitem trocar experiências, fortalecer parcerias e alinhar estratégias para proteger a saúde da população. As mudanças climáticas já são uma realidade, e exigem de todos nós ações imediatas, tanto institucionais quanto individuais”, enfatizou.

A diretora da Divisão de Vigilância em Saúde da Sespa, Rosiana Nobre, também pontuou a necessidade de articulação entre diferentes setores. “A realidade da estiagem nos cobra ações mais rápidas, conectadas e eficazes. O Pará tem regiões extensas, de difícil acesso, e isso exige articulação entre várias políticas públicas para garantir saúde, alimentação e água de qualidade para todos”, destacou.
A diretora do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e do Trabalhador do Ministério da Saúde, Roberta Silva Souza, também reforçou a necessidade de união entre os entes federativos. Segundo ela, “essas mudanças no meio ambiente têm impactado a saúde de forma intensa e constante. É preciso trabalhar de forma integrada para ampliar a nossa capacidade de resposta e proteger os trabalhadores e a população exposta.”
A oficina continua nesta sexta-feira (4), a partir de 8h30, com atividades voltadas à construção de propostas para o plano estadual de resposta a emergências climáticas no Pará.