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Rumo à COP 30, Caravana dos Povos Indígenas chega ao território dos Tembé

Mobilização liderada pelo Governo do Pará, por meio da Sepi, reúne lideranças indígenas na aldeia Teko Haw em preparação histórica à conferência mundial do clima, em Belém

Por Jaelta Souza (SEPI)
20/07/2025 18h41

Com cantos e diálogos, a Caravana dos Povos Indígenas rumo à COP 30 (conferência mundial sobre mudanças climáticas) esteve na aldeia Teko Haw, território tradicional do Povo Tembé, na Terra Indígena Alto Rio Guamá, em Paragominas, sudeste paraense. A ação é liderada pela Secretaria de Estado dos Povos Indígenas (Sepi), e marca uma nova etapa do processo de escuta ativa nos territórios. Desta vez, a Caravana foi à casa dos guardiões da floresta, protagonistas na defesa da biodiversidade.

Indígenas debatem temas vinculados à COP 30

Durante o encontro, a Sepi promoveu rodas de conversa, apresentações e trocas de saberes com lideranças, juventudes e anciãos da aldeia, abordando temas como mudanças climáticas, direitos territoriais e protagonismo indígena na construção das políticas ambientais que serão debatidas na COP 30.

“Estar na Terra Indígena Alto Rio Guamá, com meu Povo Tembé, tem um significado profundo para mim, como mulher indígena e como secretária de Estado. Esta Caravana é um momento histórico, em que unimos nossas vozes para garantir que o Povo Tembé e todos os povos indígenas do Pará estejam preparados e representados na COP 30. Nosso território é um símbolo de resistência e cuidado com a floresta, e é com esse espírito que queremos chegar à conferência do clima: fortalecidos, organizados e prontos para ocupar o lugar que é nosso por direito”, afirmou Puyr Tembé, secretária de Estado dos Povos Indígenas.

A importância da escuta e do diálogo direto com a comunidade foi destacada pelas lideranças locais. Valsanta Tembé, liderança Teko Haw, disse que, “para nós, foi muito importante participar e dialogar com a nossa secretária e a equipe dela. Tivemos a oportunidade de levar nossas propostas sobre a COP 30, propostas para melhorar a nossa vida dentro da aldeia, melhorar o nosso trabalho e construir parcerias com os órgãos competentes. Também queremos o olhar de outros países voltado para a nossa Terra Indígena Alto Rio Guamá, em defesa da floresta. A gente observa que as mudanças climáticas estão piorando a cada ano. E nós dependemos da floresta, dependemos da biodiversidade conservada. Por isso, contamos com o apoio das pessoas, para que também passem a valorizar a importância da natureza”.

Resistência - A Terra Indígena Alto Rio Guamá é um dos maiores e mais antigos territórios homologados do Pará, com cerca de 279 mil hectares, abrangendo os municípios de Paragominas, Nova Esperança do Piriá, Capitão Poço e Santa Luzia do Pará. Atualmente, vivem na TI mais de 2.500 indígenas Tembé, distribuídos em 42 aldeias.

Após décadas de invasões, a reintegração de posse foi concluída em 2023, por meio de uma operação que mobilizou órgãos federais e do Governo do Pará. Desde então, diversas ações vêm sendo implementadas para restaurar e proteger a região, como capacitação de brigadas indígenas e políticas de educação específica com protagonismo dos povos que habitam a região.

“A Caravana da COP 30 está aqui na aldeia Teko Haw fazendo esse debate tão essencial para nosso preparo rumo à conferência, que vai acontecer em Belém, em novembro deste ano. Nós, Povo Tembé, somos naturalmente guardiões da floresta. Isso faz parte da nossa cultura, da nossa identidade, e é algo que provamos todos os dias. A Terra Indígena Alto Rio Guamá passou por um processo de desintrusão após anos de luta, e agora estamos trabalhando na recuperação das áreas desmatadas. Todos sabem que o desmatamento contribui para o aquecimento global. O que queremos é fazer o contrário: recuperar essas áreas degradadas. E para isso precisamos de apoio nesse processo tão importante não só para os Tembé, mas para toda a humanidade”, afirmou Valdeci Tembé, liderança na aldeia Cajueiro.

Além das lideranças mais experientes, participaram jovens e representantes culturais. Para Sérgio Tembé, liderança indígena, a Caravana promoveu o aprendizado necessário para que os povos façam parte da defesa do clima com a COP 30.

“Eu sou líder da aldeia Teko Haw e também da nossa cultura. E a importância da Caravana aqui na nossa aldeia é que ela trouxe uma informação que realmente estávamos precisando. É muito importante essa Caravana, que foi trazida até aqui pela nossa Sepi. Agora, estamos preparados para a COP 30”, afirmou Sérgio Tembé.

Consulta prévia - O Povo Tembé é referência na luta por direitos indígenas no Pará, e foi um dos primeiros a estabelecer o Protocolo de Consulta e Consentimento Livre, Prévio e Informado, que garante autonomia e participação direta em decisões que impactam o modo de vida de povos originários.

A presença da Caravana na aldeia Teko Haw reforça esse protagonismo e atualiza o debate climático, com a escuta direta das comunidades indígenas. “Levar essa discussão até as aldeias é reconhecer a centralidade dos povos da floresta na construção de soluções para o futuro do planeta. A COP 30 será realizada na Amazônia, e não existe Amazônia sem os povos indígenas”, destacou a secretária Puyr Tembé.

A Caravana dos Povos Indígenas rumo à COP 30 vai percorrer oito etnorregiões do Pará. O objetivo é garantir que os povos originários estejam não só presentes na conferência da Organização das Nações Unidas (ONU), mas preparados, fortalecidos e com propostas construídas coletivamente a partir da realidade de seus territórios.