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Projeto forma mulheres indígenas como agentes agroflorestais na Terra Indígena Alto Rio Guamá

Atividade coordenada pelo Ideflor-Bio e Uepa, reuniu 30 mulheres das aldeias da região, em uma programação intensiva que mesclou práticas de campo e momentos de diálogo sobre restauração biocultural

Por Vinícius Leal (IDEFLOR-BIO)
25/08/2025 17h01

Entre os dias 22 e 24 de agosto, a Terra Indígena Alto Rio Guamá, em Santa Luzia do Pará, recebeu a Oficina “Cuidando da Floresta: Conhecer, Coletar e Semear”, primeira etapa do processo de formação das agentes agroflorestais indígenas. A atividade reuniu 30 mulheres das aldeias da região, em uma programação intensiva que mesclou práticas de campo e momentos de diálogo sobre restauração biocultural.

A oficina foi marcada pela integração entre os saberes tradicionais e os conhecimentos técnicos de universidades e órgãos de pesquisa, com o objetivo de fortalecer a gestão ambiental indígena e garantir a recuperação das áreas degradadas. A programação incluiu rodas de conversa, dinâmicas de mapeamento coletivo, trilhas de reconhecimento, mutirões de coleta de sementes e práticas nos viveiros comunitários já implantados na Terra Indígena.

Na abertura, o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio) apresentou o Projeto de Apoio à Gestão e à Restauração Florestal da Terra Indígena Alto Rio Guamá, desenvolvido em parceria com a Universidade do Estado do Pará (Uepa), além da Associação Indígena Agitasy e do Grupo de Mulheres Indígenas do Guamá. A iniciativa busca estruturar viveiros, formar agentes agroflorestais e produzir mudas de espécies nativas para reflorestar áreas impactadas, sempre respeitando a cultura e os modos de vida das comunidades locais.

O trabalho se articula ainda com o Projeto Nexus, coordenado pelo Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e Instituto Federal do Pará (IFPA), que pesquisa como as ações humanas afetam a floresta, os rios e a biodiversidade amazônica. Juntos, os projetos aliam ciência e tradição para desenvolver caminhos de restauração sustentáveis.

Aprendizagem - A analista ambiental do Ideflor-Bio e coordenadora da atividade, Claudia Kahwage, ressaltou o caráter inovador do processo formativo. “Restauração biocultural é cuidar da floresta juntando o conhecimento dos mais velhos com a ciência. É plantar e recuperar as áreas que estão doentes, respeitando as árvores, plantas de remédio, frutas e espíritos da mata. É trazer de volta a vida da floresta e fortalecer a cultura do povo que vive nela”, explicou.

Nos três dias de oficina, as participantes aprenderam técnicas de preparo de substrato, semeadura, irrigação, coleta e armazenamento de sementes, além de atividades de repicagem e manutenção das mudas. As práticas foram acompanhadas por professores e técnicos da Ufra – Campus Capitão Poço e do IFPA – Campus Bragança, parceiros na execução do projeto.

Protagonismo - Segundo o diretor de Gestão da Biodiversidade do Ideflor-Bio, Crisomar Lobato, a formação das agentes agroflorestais representa um passo importante para unir protagonismo indígena e políticas públicas de conservação. “Esse trabalho mostra que a proteção da Amazônia precisa ser feita com quem vive nela. As mulheres indígenas estão assumindo um papel central na restauração, cuidando da floresta e fortalecendo suas comunidades. É um modelo que queremos ampliar para outras regiões do Pará”, destacou.

A programação encerrou com uma avaliação coletiva, na qual as participantes reforçaram o compromisso de multiplicar os aprendizados em suas aldeias e dar continuidade ao cuidado com a floresta. O próximo passo será o acompanhamento das atividades nos viveiros comunitários e a expansão das áreas de restauração já iniciadas na Terra Indígena Alto Rio Guamá.