'Método Canguru’ fortalece vínculo com bebê prematuro no Hospital Regional da Transamazônica
A estratégia permite o contato pele a pele, o que ajuda na recuperação de prematuros na maior unidade de saúde pública da região

Referência nacional no atendimento de recém-nascidos e prematuros, o Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT), em Altamira, oeste do Pará, se destaca também pelo serviço humanizado disponível para mães e bebês que precisam ser internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do maior hospital da região. Um dos projetos que proporcionam esse atendimento diferenciado é o "Método Canguru", que consiste em colocar o bebê no colo da mãe, permitindo o contato corporal e fortalecendo o vínculo entre ambos.

“É importante a criança ter o contato com a mãe porque é uma sensação como se tivesse ainda dentro da barriga. Eu passei por um processo em que aprendi a pegar minha filha, a sentir ela. Foi algo surreal”, disse Larissa Farias, mãe de Laura Vitória, que nasceu aos 7 meses e passou mais de três semanas no Hospital da Transamazônica.
Por causa da prematuridade, Laura Vitória iniciou o tratamento na incubadora, onde recebia cuidados e alimentação por sonda. Como a menina estava debilitada, Larissa só conseguiu carregar a filha mais de uma semana depois do parto. “Foi aí que ela teve contato comigo, e eu tentei amamentar”, contou.
Acolhimento - O "Método Canguru" foi introduzido aos poucos na unidade, sempre com acompanhamento da equipe multiprofissional. O primeiro passeio da menina fora do hospital foi no dia 30 de agosto, quando Laura estava pronta para receber alta. “O atendimento no Hospital Regional foi uma segunda experiência porque eu me senti segura pelo fato de minha bebê ter nascido prematura. São pessoas como anjos que Deus enviou. Todas as mães que passam pela UTI do Hospital Regional sabem como é. Eu me senti abraçada, acolhida. Nos dias difíceis em que eu achava que não sairia do hospital com minha filha, fui acolhida, como se tivesse uma segunda família. Só tenho a agradecer”, completou Larissa, que retornou para Porto de Moz (município da Região de Integração Xingu), onde agora aproveita cada minuto ao lado da filha, saudável e em pleno desenvolvimento.

Deeny Kelly também precisou esperar mais de uma semana para carregar Ravi. O menino nasceu com pouco mais de 7 meses e foi direto para a UTI Neonatal, onde recebeu atendimento especializado. Deeny não conhecia o "Método Canguru", mas considera a sensação proporcionada "única". “Para mim, foi um momento maravilhoso quando pude ter meu filho nos meus braços com o ‘Método Canguru’, quando a criança tem contato com a mãe. Para mim, foi maravilhoso”, acrescentou.
Alimento e confiança - Entre os benefícios do Método, de acordo com o Ministério da Saúde, está a produção de leite, que reduz quando o contato entre mãe e recém-nascido tem de ser interrompido devido a intercorrências da prematuridade. O "Método Canguru" também pode ser aplicado com o pai, resultando em maior confiança e transferência mútua de afeto.
Responsável pelo Berçário e pelas UTIs Neonatal e Pediátrica, o enfermeiro Cleiton Rodrigues explicou que o Hospital Regional da Transamazônica estimula a prática e, quando a criança está em condições, é liberada para passeios pelo jardim. O objetivo, segundo o profissional, é “atrelar o manual de boas práticas do Método Canguru" a uma abordagem humanizada para recém-nascidos de baixo peso internados na unidade. "Também visa promover o contato pele a pele, fazendo com que a família esteja inserida nos cuidados, fortalecendo os vínculos”, reforçou o enfermeiro.

Tudo isso contribui para uma recuperação mais rápida, e faz parte de políticas públicas de atendimento hospitalar humanizado, informou Cleiton Rodrigues, acrescentando que “o método auxilia também no neurodesenvolvimento do bebê”.
Em Altamira, o "Método Canguru" foi implementado neste ano pelo Hospital Regional da Transamazônica, onde cerca de 10 prematuros e extremo prematuros são internados todos os meses. Os passeios são realizados em dias de menor fluxo, como sábados, domingos e feriados, para que a mãe possa ter um ambiente mais aconchegante e tranquilo, para dedicar toda a sua atenção para o bebê.
Principais benefícios do "Método Canguru", de acordo com o Ministério da Saúde:
- Reduzir o tempo de separação mãe/pai e filho;
- Favorecer o vínculo afetivo mãe/pai e filho;
- Possibilitar maior competência e confiança dos pais no cuidado do filho, inclusive após a alta hospitalar;
- Estimular o aleitamento materno, permitindo maior frequência, precocidade e duração;
- Possibilitar ao recém-nascido o adequado controle térmico;
- Contribuir para a redução do risco de infecção hospitalar;
- Reduzir o estresse e a dor;
- Propiciar melhor relacionamento da família com a equipe de saúde;
- Favorecer ao recém-nascido uma estimulação sensorial protetora em relação ao seu desenvolvimento integral, e
- Melhorar a qualidade do desenvolvimento neuropsicomotor.
Na maioria dos casos, a prematuridade pode revelar sinais antes mesmo de a criança nascer, por isso o pré-natal é importante desde o momento em que a gravidez é descoberta, tornando mais fácil a tomada de decisões sobre quais procedimentos serão adotados pela equipe que acompanha a gestante, incluindo o "Método Canguru".
Texto: Rômulo D’Castro - Ascom/HRPT