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Robótica Krintuwakatêjê alia tecnologia e tradição indígena em projeto educacional

Iniciativa prevê a construção de projetos com kits de robótica, desenvolvimento de jogos digitais relacionados à agricultura sustentável e meio ambiente

Por Lilian Guedes (SEDUC)
18/09/2025 11h57
Estudantes da Escola Indígena Estadual Jathiati Parkatêjê, em Bom Jesus do Tocantins, apresentam seus trabalhos

Alunos da Escola Indígena Estadual Jathiati Parkatêjê, localizada na Terra Indígena “Mãe Maria”, no município de Bom Jesus do Tocantins, no sudeste do Pará, vivenciaram novas formas de aprendizagem, como o uso da robótica educacional como ferramenta para unir tecnologia, cultura e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), as metas globais promovidas pela Organização das Nações Unidas (ONU). 

As atividade fazem parte do ‘Projeto Krintuwakatêjê - Saberes que Conectam para Preservar e Inovar’ e incluem a construção de projetos com kits de robótica, desenvolvimento de jogos digitais e desafios relacionados à agricultura sustentável, preservação ambiental e redução das desigualdades. Além disso, o projeto valoriza a língua materna e os saberes tradicionais, fortalecendo o vínculo entre escola e comunidade.

A iniciativa foi idealizada pela professora Ariete Ribeiro, que conta com o apoio de uma equipe de professores e comunidade, comprometida em integrar tecnologia, educação e tradição indígena.

O aluno Mãrare Kukakrykti conta a importância do projeto que promove a criação e elaboração de projetos que possam contribuir para o dia a dia da comunidade. "O nosso projeto de sistema de irrigação automática serve para trazer alimentos para nossa comunidade e eu fiz junto com meus colegas para que nós possamos produzir aqui e a comunidade possa crescer também com isso", disse o aluno.

Equipe técnica acompanhou com orgulho a desenvoltura dos estudantes na I Mostra da Escola Indígena Jathiati Parkatêjê

O aluno Kukakrykre Parkatêjê, destacou  a importância dos kits de robótica doados pela equipe da EJR Robótica, parceira da escola em Robótica Educacional. "A EJR robótica é uma parceria da nossa Escola e utiliza material reciclável em seus robôs  como o Mostrabot, e o Robô Krintuwakatêjê criado especialmente para a nossa comunidade", destaca.

A professora Célia França, do Centro de Inovação e Sustentabilidade da Educação Básica (CISEB), iniciativa da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) que promove programas de imersão em tecnologia, inovação e sustentabilidade, com ênfase no aprendizado curricular e no desenvolvimento de novas habilidades, acompanhou de perto a interação dos alunos e ressaltou a emoção e importância do que ela considerou intercâmbio cultural. 

“Participei, com alegria e o coração cheio de emoção, da I Mostra da Escola Indígena Jathiati Parkatêjê. Foi uma manhã inesquecível, marcada por muito aprendizado e pela força do conhecimento, construído coletivamente. A direção, os professores e, principalmente, nossos protagonistas — os estudantes — deram um verdadeiro espetáculo. Eles apresentaram protótipos que unem ciência, tradição e sustentabilidade. Cada iniciativa foi como um farol a jogar luz e permitir que o cidadão possa enxergar como a robótica permite o diálogo com os saberes ancestrais e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), formando jovens protagonistas que aprendem e ensinam ao mesmo tempo”, ressaltou a professora. 

Estudantes exibem as experiências desenvolvidas no projeto que une cultura indígena e novas tecnologias

As atividades foram realizadas, na quarta-feira (17), e a proposta busca tornar os estudantes protagonistas na criação de soluções para os desafios reais de seu território, aproximando a educação formal das vivências culturais e comunitárias.

A Cacica da aldeia, Rãrãkre Tembé Jathiati Parkatêjê, fala da importância do projeto para a comunidade indígena. "A gente pensou no projeto de robótica, quando a professora Ariete surgiu com a ideia e, através do projeto de robótica a gente pode trabalhar com várias coisas, como o projeto sustentável, nossas tradições, aliados à tecnologia, mas sempre respeitando a nossa cultura e tradição. Então, a gente trouxe porque a gente quer trabalhar com os alunos e desenvolver cada vez mais esse projeto", ressaltou.

Para o diretor de Inovação da Seduc, Rafael Herdy, acompanhar de perto o trabalho transformador que está sendo feito é gratificante. “O que vi aqui foi um verdadeiro espetáculo. Os alunos, verdadeiros protagonistas, demonstraram como a ciência, a tradição e a sustentabilidade podem caminhar juntas. Eles criaram protótipos que unem o melhor da tecnologia com a sabedoria ancestral".

"O que vimos na Escola Jathiati Parkatêjê é a prova de que a tecnologia, longe de apagar as raízes, pode ser uma ponte poderosa para fortalecer a cultura e os saberes ancestrais. A robótica se tornou uma ferramenta para dialogar com o passado, construir o presente e projetar um futuro sustentável para a comunidade”, ressaltou Rafael. 

Durante a cobertura do evento, o dirigente regional de ensino, Magno Barros, destacou o papel da inovação no processo educacional. “É fundamental mostrar que a tecnologia pode ser uma ponte para conquistar o interesse do aluno e, ao mesmo tempo, fortalecer a cultura do povo indígena. A escola precisa dialogar com o futuro sem perder suas raízes”, afirmou.