Boto Cor de Rosa conquista 12º título no Festival dos Botos e Ritual da Derrubada dos Mastros encerra o Sairé 2025
Tradição, fé e cultura marcaram os cinco dias de festa em Alter do Chão, com apoio integral do Governo do Pará

Com apoio institucional do Governo do Estado, o Sairé 2025 chegou ao fim nesta segunda-feira (22), em Alter do Chão, distrito de Santarém, consagrando o Boto Cor de Rosa como campeão do Festival dos Botos. A tradicional celebração popular, que une manifestações religiosas, culturais e profanas, foi encerrada com o Ritual da Derrubada dos Mastros, ponto alto da simbologia espiritual da festa.
O Boto Cor de Rosa foi o grande vencedor do Festival dos Botos, somando 473 pontos atribuídos pelos juízes nos 16 critérios avaliados. Com o enredo “Catraia: Encantaria do Atravessar”, o grupo homenageou os catraieiros de Alter do Chão — profissionais que fazem a travessia diária para a Ilha do Amor —, exaltando sua importância como símbolos de resistência e guardiões da tradição local. Esta foi a 12ª vitória do Cor de Rosa na história do festival.
Emocionado, o presidente da agremiação, Tiago Vasconcelos, destacou a força do enredo. “Os catraieiros representam a resistência e a força das tradições de Alter do Chão. Essa canoa não afundou. Essa conquista é resultado de muito trabalho. Quero agradecer aos nossos artistas, aos dançarinos e à diretoria em geral. Essa vitória é de todos que torcem pelo Boto Cor de Rosa. Vamos comemorar.”

Ritual dos Mastros encerra parte religiosa da festa
Na manhã de segunda-feira, o Ritual da Derrubada dos Mastros marcou o encerramento do Sairé 2025 no campo da espiritualidade. A cerimônia começou com bênçãos e ladainhas, seguidas por cortejo até os mastros, onde se deu a escalada e retirada de frutos e bebidas ornamentais. A tradicional disputa entre homens e mulheres para derrubar o mastro terminou, pelo segundo ano consecutivo, com a vitória das mulheres.
Segundo Osmar Vieira, juiz religioso e coordenador do Sairé, o momento é carregado de simbolismo. “O ritual marca o fim da trajetória dos mastros, considerados a alma do Sairé, pois representam a ligação entre a comunidade e o divino. A celebração, que mistura elementos do catolicismo e da cultura indígena, afirma nossa história viva.”
Governo do Pará garantiu segurança, estrutura e valorização cultural
Com investimentos diretos e suporte técnico, o Governo do Pará esteve presente em todas as etapas do Sairé 2025. Mais de 700 agentes das forças de segurança — entre Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros e órgãos de fiscalização de trânsito — atuaram para garantir a tranquilidade e o acolhimento ao público local e turistas.

De acordo com o secretário regional de Governo do Baixo Amazonas, Nélio Aguiar, o saldo foi positivo. “Vimos a força do nosso povo, vimos nossa cultura sendo celebrada com respeito e amplitude. O Governo do Pará cumpriu sua parte: garantiu segurança, estrutura, apoio aos artistas e valorização da tradição. Hoje, com o Cor de Rosa campeão, temos mais um motivo para reafirmar que investir em cultura é investir em identidade e futuro.”
Festa reafirma identidade amazônica e atrai visitantes de todo o Brasil
Com o tema “Sairé 2025 – Cecuiara da Tradição”, a edição deste ano reafirmou o compromisso com a ancestralidade, o sagrado e o profano. A festa unificou comunidades indígenas, catraieiros, moradores locais e turistas em torno de uma das expressões mais significativas da cultura amazônica.
A empresária Sonya Simões, que veio de Manaus especialmente para o evento, ressaltou a emoção de vivenciar a celebração. “Foi uma das experiências culturais mais emocionantes da minha vida. O duelo dos botos é um espetáculo grandioso, mas o que mais me tocou foi o Ritual da Derrubada dos Mastros, tão cheio de simbolismo e tradição. É lindo ver como Alter do Chão consegue manter viva a sua identidade e compartilhar isso com o mundo.”

Também pela primeira vez no Pará, a turista Neyla Tavares, de 38 anos, do Mato Grosso, elogiou a energia do evento. “A disputa dos botos é contagiante. A comunidade se envolve de uma forma única e a alegria toma conta do Lago. Volto para o Mato Grosso com a certeza de que vivenciei um patrimônio cultural que vai ficar marcado para sempre na minha memória.”