Hospital Oncológico Infantil destaca diagnóstico precoce do retinoblastoma
Oncopediatra do Hoiol, Karoline Silva, destaca que identificar o câncer raro que afeta a visão é pré-requisito básico para o sucesso do tratamento

O retinoblastoma é um tipo raro de câncer que afeta a retina, principalmente de crianças pequenas, antes dos cinco anos. Oncopediatra do Hospital Oncológico Infantil octávio Lobo (Hoiol), Karoline Silva, observa que o diagnóstico precoce garante taxas de cura próximas a 100%, com possibilidade de preservar não apenas o olho, mas também a visão da criança. Apesar da baixa incidência, cerca de 400 casos novos por ano no Brasil, a doença exige atenção redobrada de pais, cuidadores e profissionais de saúde.
O primeiro indício do retinoblastoma é o reflexo branco na pupila, popularmente chamado de “olho de gato”, que pode ser percebido em fotografias com flash, quando o reflexo aparece esbranquiçado em vez do habitual tom avermelhado. “Outros sinais incluem estrabismo, visão turva, queixas frequentes de dificuldade visual e quadros de ‘conjuntivite de repetição’, quando os olhos permanecem vermelhos e irritados sem melhora definitiva”, explica a doutora Karoline Silva.
A especialista reforça que esses sintomas merecem investigação imediata. “É fundamental que os responsáveis observem qualquer alteração nos olhos da criança. Quanto antes o tumor for identificado, maiores são as chances de cura e de preservação da visão”, alerta.
O diagnóstico precoce aumenta as chances de cura em até 100%. “Caso a doença seja detectada em fases iniciais, é possível não só preservar o olho, mas preservar a visão dessa criança. Mas quando diagnosticada na fase mais avançada, com sinais de disseminação para além do olhinho, às vezes com metástases para o cérebro, ossos, medula óssea, exige tratamentos mais intensivos e a sobrevida é drasticamente reduzida”, afirma a médica.
A pescadora e moradora de Monte Alegre, Sandra Santos é mãe da Aicha, de 2 anos, conta sobre a descoberta do câncer da filha. Segundo a genitora, a menina nasceu perfeita, mas a família começou a perceber alterações na visão da menina. “Minha filha começou a ficar vesga, depois o olhinho dela foi ficando meio branco, e ela chorava de dor. Eu nunca tinha escutado falar sobre isso. Foi um desespero pra gente, mas estamos buscando tratamento”, disse.
Na maioria das vezes é para o pediatra que os pais relatam qualquer desconfiança ou queixa em relação aos olhos das crianças. O profissional precisa estar atento aos sinais e sintomas precoces do retinoblastoma e encaminhar essa criança para uma avaliação oftalmológica o quanto antes.
“O oftalmologista pode ser esse primeiro profissional também, portanto é importante que durante a avaliação saiba reconhecer e diferenciar o retinoblastoma de outras doenças que afetam os olhinhos das crianças, como a retinopatia da prematuridade. Realize os exames de diagnóstico iniciais e encaminhe essa criança para um centro com oncologia pediátrica”, afirmou a especialista.
“A medicina possui diferentes alternativas de tratamento intraocular, como laserterapia, braquiterapia (radioterapia focal direcionada para o olho) e crioterapia. Utiliza-se ainda a quimioterapia intra-arterial realizada por meio de um cateterismo que leva o tratamento diretamente ao olho para destruir a lesão sem ter os efeitos colaterais de quimioterapia sistêmica”, informou.
Serviço:
Credenciado como Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), o Hoiol é referência na região amazônica no diagnóstico e tratamento especializado do câncer infantojuvenil, na faixa etária entre 0 e 19 anos.
Atualmente a unidade, gerenciada pelo Instituto Diretrizes (ID), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), atende mais de 900 pacientes oriundos dos 144 municípios paraenses e estados vizinhos.
Texto da Ascom / Hoiol