Emater incentiva agricultores de Aurora do Pará a cultivar malva como fonte de renda
Fibra natural da Amazônia é objetivo de parceria entre a Emater e a Companhia Têxtil de Castanhal (CTC)
Como agricultor, Eurides dos Santos, de 56 anos, mais conhecido como “Pio”, já removeu do caminho muita malva, planta nativa da Amazônia, a fim de “limpar” o terreno antes do plantio de mandioca - principal atividade dos 25 hectares do Sítio Santa Rosa, na comunidade Fé em Deus, em Aurora do Pará, no Rio Capim: “Era o que a gente considerava na época. A maior parte a gente descartava no mato mesmo”, relata.
Atualmente, Pio já iniciou a colheita de sementes em um hectare exclusivo de malva, sob projeto orientado pelo escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), em parceria com a Companhia Têxtil de Castanhal (CTC).
“Eu próprio estou demais animado, porque a gente já está vendo que vai dar futuro, é um negócio que está no jeito e que pretendemos continuar”, diz.
Um termo de cooperação entre o Governo do Pará e a iniciativa privada vigente desde 2022 prevê o protagonismo de 182 famílias de pequenos e médios agricultores do nordeste paraense na recomposição em nove municípios de uma cadeia produtiva valiosa por conta da fibra, produto de grande demanda industrial.
Os municípios contemplados, além de Aurora do Pará, são Capitão-Poço, Dom Eliseu, Nova Esperança do Piriá, Mãe-do-Rio, Paragominas, São Miguel do Guamá, São Domingos do Capim e Ulianópolis. Com garantia de compra total e imediata das sementes pela CTC, a estimativa de lucro para cada família, sobre um hectare, é de R$ 10 mil.
“Aqui em Aurora, vivenciamos uma transformação de entendimento, uma ressignificação: uma planta que era vista como invasora, como praga, como 'baixadora' de qualidade de pastagem para gado, está ressurgindo como política pública de diversificação de atividades, geração de renda e agroindustrialização sustentável”, aponta o chefe do escritório local da Emater em Aurora do Pará, Paulo Sydney Vieira.
Sidney é técnico em agropecuária, administrador e matemático, especialista em Metodologias de Ensino. Neste mês de setembro, ele está à frente de demonstrações técnicas de métodos otimizados de colheita, em formato de mutirão. As ações fazem parte do cronograma de assistência técnica prestada pela equipe de especialistas da Emater.
No município, 13 famílias das comunidades Fé em Deus, São Raimundo do Matupiriteua e Santana do Capim estão sendo acompanhadas de forma direta ao longo do ano, com assistência técnica da Emater, fornecimento de insumos pela CTC e apoio com trator e grade pela Prefeitura.
A expectativa da Emater é ampliar a participação em 2026, com a comunidade Bom Jesus e pelo menos mais 25 famílias.
Texto de Aline Miranda