Helder e Lula entregam Parque Linear da Nova Doca, marco da COP30 para Belém
Espaço moderniza o bairro do Reduto, amplia a mobilidade urbana e consolida novas opções de convivência, esporte e lazer para a população paraense

O governador do Pará, Helder Barbalho, e o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, entregam, nesta quinta-feira (2), em Belém, o Parque Linear da Nova Doca. Esta é a primeira obra considerada legado da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), a ser entregue conjuntamente pelos dois chefes de governo, a seis semanas do evento internacional que terá como sede a capital paraense.
O projeto requalifica a Avenida Visconde de Souza Franco, no bairro do Reduto, área central da cidade, e transforma o espaço em um novo polo de convivência, esporte e lazer, já acessível à população a partir da noite desta quinta-feira.
“Mais do que uma obra, o Parque Linear é um marco de transformação para Belém. A Nova Doca deixa de ser apenas uma avenida para se tornar um símbolo da cidade que estamos preparando para a COP30: moderna, sustentável e de frente para sua história e seu povo", afirmou o governador Helder Barbalho.

Avenida tem quase 24 mil metros quadrados com áreas de convivência
São quase 24 mil metros quadrados de área totalmente requalificada ao longo de 1,2 quilômetros de canal, a nova avenida conta com ciclovia, iluminação em LED, novas passarelas, paisagismo, quiosques com banheiros, redário, brinquedos acessíveis e áreas para práticas esportivas. Também reúne painéis solares com tomadas para carregamento de celulares.
Segundo Helder, a inauguração representa uma mudança de paradigma. “Este espaço é mais uma demonstração de que o legado da COP30 já está em curso. Uma cidade que se prepara para dialogar com o mundo começa valorizando sua população, com investimentos em qualidade de vida e espaços de convivência.”

Reconciliação com a história e com a cidade
A Nova Doca conecta-se ao Porto Futuro, integrando a frente ribeirinha de Belém e reforçando a identidade da capital paraense. A obra foi executada pela Secretaria de Estado de Obras Públicas (Seop), em parceria com o Governo Federal, por meio da Itaipu Binacional.
“Belém não pode estar de costas para sua história, nem para seus rios. A Nova Doca é a reconciliação da cidade com sua paisagem, e um marco de que nosso futuro pode ser bonito, inclusivo e sustentável”, destacou Helder Barbalho.
Para o secretário estadual de Obras Públicas, Ruy Cabral, a entrega do Parque Linear representa mais do que uma intervenção urbana: é um marco na transformação da cidade. “O Governo do Pará entrega aos moradores de Belém uma obra que promove convivência, valorizando os aspectos ambientais e sociais da região.”

De igarapé lendário a parque urbano
Muito antes de se tornar avenida ou canal, a Doca era um braço da Baía do Guajará, conhecida como Igarapé das Almas, ou ainda Igarapé das Armas. A primeira denominação remete a relatos populares sobre aparições sobrenaturais; a segunda, ao período da Cabanagem (1835), quando a área teria sido usada como esconderijo de armamentos.
A inauguração da chamada “Doca do Imperador”, em 1851, marcou o início da urbanização da área, consolidando-a como centro de escoamento de mercadorias, especialmente durante o ciclo da borracha. Com o fim desse ciclo, a região entrou em decadência. A partir da década de 1960, intensificaram-se as transformações urbanas, com a canalização do igarapé, obra que durou mais de uma década e deu origem à avenida como é conhecida hoje.
Nos anos 1970 e, posteriormente, em 1995, houve novas intervenções estruturais, mas poucas voltadas ao uso público. “Por se tratar de uma infraestrutura ligada ao saneamento, o espaço recebeu poucas ações desde sua concepção, o que gerou grande expectativa da população quanto à sua requalificação”, explica Rebeca Ribeiro, diretora do Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural da Secretaria de Estado de Cultura (DPhac/Secult).
Memória viva
Maria Oliveira, de 66 anos, moradora do bairro Umarizal, acompanhou de perto as mudanças. “Anos atrás, sonhei que a Doca viraria uma praça. Quando soube do projeto, chorei de emoção. Agora é coisa de primeiro mundo. Quem viu antes e vê agora só tem a agradecer – e cuidar também, porque isso é responsabilidade nossa.”
Já de olho nas novas possibilidades do espaço, Maria e seu grupo de corrida contam os dias para retomar as atividades. "Estou sonhando em voltar às minhas corridas daqui até a Boaventura. Isso não é bom só para a gente, que mora aqui. Os visitantes vão se encantar. Sempre sonhei em ver a Doca desse jeito”, celebra.
Achado arqueológico
Durante as escavações, o tempo revelou sua presença: uma embarcação metálica, possivelmente do ciclo da borracha, foi encontrada soterrada no fundo do canal. O achado está em processo de restauração e será futuramente exposto ao público, junto a fragmentos de louças e garrafas dos séculos XVIII e XIX.
Rebeca Ribeiro ressalta o valor simbólico da obra. “A Doca não é apenas um ponto geográfico. É um lugar de memória, de encontros, de experiências que atravessam gerações. Revitalizar esse espaço é reconectar passado e presente, criando uma nova relação da cidade com sua história e paisagem urbana.”
Serviço: Entrega do Parque Linear da Nova Doca
Data: 2 de outubro (quinta-feira)
Horário: 17h30
Local: Avenida Visconde de Souza Franco
Texto de Tamires Amorim