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Em Belém, inovações com andiroba avançam no Parque de Ciência e Tecnologia Guamá

Publicação científica destaca a potência da árvore da Amazônia, que produz um óleo com propriedades anti-inflamatórias e cicatrizantes, entre outras funções

Por Sérgio Moraes (PCTGuamá)
09/10/2025 08h00

Pesquisada no Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá, em Belém, a andiroba vem se consolidando como insumo estratégico para os setores de saúde, cosméticos e energia. Um artigo científico produzido por pesquisadores do Laboratório de Óleos da Amazônia (LOA) e do Laboratório de Genética e Biologia Celular (GenBioCel), ambos da Universidade Federal do Pará (UFPA) e residentes no PCT Guamá, com colaboração do Museu Paraense Emílio Goeldi e de instituições nacionais e internacionais, detalha seus benefícios e aplicações.

A andiroba é um dos tesouros da biodiversidade amazônica

O óleo de andiroba possui propriedades analgésicas, anti-inflamatórias, antialérgicas, antibacterianas, antifúngicas, antiparasitárias e cicatrizantes, além de potencial anticancerígeno e contribuição no combate à obesidade. No setor industrial, suas características físico-químicas permitem o desenvolvimento de bioprodutos, incluindo a produção de biodiesel. Pesquisas e testes de segurança visam inserir produtos amazônicos no mercado de forma sustentável, gerando valor, renda e fortalecendo a sociobioeconomia.

Inovação e capacitação - Entre os resultados já alcançados está o biocurativo desenvolvido pelo LOA, que combina óleos amazônicos, incluindo a andiroba. O produto protege a lesão, lubrifica a pele, inibe bactérias e acelera a cicatrização, sendo uma alternativa biodegradável e eficaz para o tratamento de feridas.

Segundo Adriano Nascimento, vice-coordenador do LOA, a andiroba, tradicionalmente utilizada como anti-inflamatório e repelente, apresenta potencial para gerar bioprodutos como biocurativos, bioplásticos e cosméticos. Ele destaca que o conhecimento tradicional sobre a extração artesanal do óleo é mantido vivo e fortalecido pela pesquisa científica.

“A andiroba é um tesouro da Amazônia, conhecida e utilizada pela maioria dos povos da região. Sua semente, ao cair no chão, gera amêndoas das quais se extrai um óleo, obtido por métodos artesanais transmitidos entre gerações”, conta Adriano Nascimento.

As ações do LOA integram o Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA), coordenado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas), que incentiva cadeias produtivas sustentáveis e capacita agricultores familiares em extração, boas práticas e controle de qualidade. No âmbito do programa, já foram realizadas 10 capacitações em municípios como Capanema, Bragança, São Miguel do Guamá, Irituia, São Domingos do Capim e Mãe do Rio, todos no nordeste paraense, beneficiando 179 mulheres.

“Ao unir ciência, tecnologia e saberes tradicionais, o trabalho com a andiroba no PCT Guamá promove oportunidades de negócios, valoriza a produção regional e reforça a bioeconomia como estratégia para geração de renda, preservação da floresta e fortalecimento da identidade produtiva do Pará”, conclui o pesquisador.

Pesquisas avançam para comprovar benefícios, determinar doses adequadas e explorar o potencial bioeconômico da andiroba 

Análises celulares - O GenBioCel, coordenado pela professora Renata Noronha, é pioneiro na região Norte em análises celulares de óleos e biomateriais. O laboratório iniciou testes celulares com sementes de andirobeira (Carapa guaianensis), buscando validar cientificamente seus efeitos e viabilizar sua comercialização. O objetivo é comprovar benefícios, determinar doses adequadas e explorar o potencial bioeconômico da biodiversidade amazônica para promover desenvolvimento sustentável e inovação tecnológica.

"Testes celulares com óleos da Amazônia são essenciais para comprovar benefícios e impulsionar a bioeconomia, transformando a biodiversidade em produtos de alto valor agregado. A Amazônia é detentora da maior biodiversidade vegetal do planeta e oferece insumos valiosos para saúde, indústria e inovação", afirma Renata Noronha.

Os laboratórios de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) do PCT Guamá aliam conhecimento científico à competitividade de mercado. Projetos públicos e privados podem acessar os recursos do PCT Guamá com a apresentação da sua demanda pelo e-mail [email protected] ou pelos telefones (91) 3321-8908 e 3321-8909.

Referência em inovação na Amazônia - O PCT Guamá é uma iniciativa do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet), com as parcerias da UFPA e Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), e gestão da Fundação Guamá.

É o primeiro parque tecnológico da região Norte do Brasil, e visa estimular a pesquisa aplicada e o empreendedorismo inovador e sustentável, a fim de melhorar a qualidade de vida da população.

Localizado às margens do Rio Guamá, que dá nome ao complexo, o PCT está situado entre os campi das duas universidades, e conta com um ecossistema rico em biodiversidade, estendendo-se por 72 hectares, destinados a edificações e à Área de Proteção Ambiental (APA) da Região Metropolitana de Belém.

O complexo conta com mais de 90 empresas entre residentes e associadas, 17 laboratórios com mais de 400 pesquisadores, 44 patentes e uma escola técnica.

O PCT Guamá integra a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e International Association of Science Parks and Areas of Innovation (Iasp), e faz parte do maior ecossistema de inovação do mundo.