Curso de cultivo de açaí capacita internos da Seap e reforça compromisso do Estado com a bioeconomia
A iniciativa da Seap, em parceria com o Senar, alia qualificação profissional e sustentabilidade, promovendo novas oportunidades de reinserção social dentro do sistema prisional

A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), por meio da Diretoria de Reinserção Social (DRS), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), promove o curso de Fruticultura – Cultivo de Açaí para internos da Unidade de Reinserção de Regime Semiaberto de Santa Izabel (URRS Santa Izabel). O objetivo é qualificar 15 internos para o cultivo sustentável do açaí, incentivando a geração de trabalho e renda e contribuindo para a reintegração social.
Durante o curso, os participantes aprendem sobre preparo do solo, plantio, manejo e beneficiamento do açaí, um fruto símbolo da cultura paraense e um dos principais produtos agrícolas da região. A capacitação tem carga horária de 40 horas e duração de quatro dias, com conclusão prevista para esta sexta-feira (24).
A formação busca garantir aos participantes aprendizado técnico e, ao mesmo tempo, despertar a consciência ambiental e o compromisso com práticas produtivas sustentáveis, alinhadas à valorização dos recursos naturais e ao fortalecimento da economia verde.

A analista em Gestão Penitenciária e pedagoga Ivanilsa Aguiar, destacou a importância do curso para os internos da unidade. “É de fundamental importância. Porque garante a segurança pública, a cidadania e a dignidade humana desse custodiado. Quando a Seap oferece oportunidade de aprendizado, ele pode construir um novo futuro, inclusive para todos que cumprem a sua pena no sistema prisional”, afirmou.
Dinâmica das aulas - As aulas combinam momentos teóricos e práticos. O primeiro dia foi dedicado à teoria, oferecendo aos internos a base necessária para o início das atividades de campo.
Segundo o instrutor do curso, Pablo Leal, a iniciativa representa mais uma etapa no processo de reconstrução de vidas dentro do sistema prisional, ao unir capacitação e propósito ambiental.
“Mais que um fruto, o açaí é um símbolo de uma cultura e da identidade amazônica. Para internos dentro de programas de ressocialização, o açaí representa uma alternativa concreta para geração de trabalho e renda. O cultivo e o manejo sustentável do açaí valorizam a floresta em pé e fortalecem a bioeconomia regional”, declarou.

O reconhecimento nacional e internacional do açaí projeta a Amazônia como território de saberes e sustentabilidade. Assim, o fruto une renda, identidade, tradição, preservação ambiental e inclusão social no Estado do Pará.
A iniciativa reforça o papel do Pará como protagonista nas discussões sobre sustentabilidade, inclusão social e desenvolvimento responsável. Ao oferecer um curso voltado ao cultivo de um produto típico da floresta amazônica, a Seap reafirma seu compromisso com políticas públicas que integram capacitação, meio ambiente e ressocialização.
Para o interno Manuel Gomes, a experiência vai além da qualificação profissional, representa um aprendizado de vida. “Isso é uma grande oportunidade pra gente que está aqui. Queremos nos ressocializar. Quando eu sair, quero ter uma nova vida e utilizar esse conhecimento que ganhei aqui. Então, pra mim, foi muito bom esse curso de cultivo de açaí”, concluiu.
Essa realização reforça o propósito do Estado em promover educação e oportunidades dentro do sistema prisional, contribuindo para que os internos possam construir novas trajetórias de vida, com base no trabalho digno e no respeito à natureza. Mais do que uma formação técnica, o curso de cultivo de açaí simboliza reconstrução e esperança, mostrando que a sustentabilidade também começa com ações humanas e sociais.
Dados - O Pará lidera a produção de açaí no Brasil. Em 2024, o Estado foi responsável por mais de 90% da produção nacional, o equivalente a 1,9 milhão de toneladas. De acordo com estudo da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), entre 1987 e 2022, a produção paraense saltou de 145,8 mil toneladas para 1,9 milhão, um crescimento superior a 1.200%.
Texto: Fernanda Ferreira / Estagiária NCS Seap Pará