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Renovação da expografia do Museu do Forte do Presépio destaca a contribuição de povos originários

A mudança ocorre depois de mais de 20 anos da última atualização e tem o objetivo de apresentar ao visitante a história da Amazônia de forma decolonial

Por Amanda Engelke (SECULT)
23/10/2025 15h11

A Secretaria de Estado de Cultura (Secult), por meio do Sistema Integrado de Museus e Memoriais (SIMM), deu início ao processo de renovação da expografia do museu do Forte do Presépio. A mudança ocorre depois de mais de 20 anos da última atualização e tem o objetivo de apresentar ao visitante a história da Amazônia de forma decolonial. 

A expografia abrange diversos aspectos da concepção de uma exposição, no caso do Museu do Forte, uma mostra permanente. O planejamento, metodologia, técnica, entre outros fatores, compõem a expografia e a proposta de cada espaço museológico.  

“É um momento muito especial pra gente aqui no Museu do Forte. Depois de mais de 20 anos, a sala Guaimiaba está passando por uma mudança na sua expografia. É um processo importante, porque estamos tirando um pouco daquele olhar colonial e valorizando os povos indígenas que habitavam este território antes da chegada dos portugueses”, conta o diretor do museu, Igor Zampolo. 

A primeira etapa da mudança começou pela troca da réplica da obra “A Conquista do Amazonas”, que tinha grande destaque no ambiente. A tela encomendada a Antônio Parreiras narra grandes feitos do período colonial, destacando as tecnologias europeias da época, em detrimento das técnicas indígenas. 

Atualmente, a obra em evidência é um recorte intitulado “A Invasão da Mairi Tupinambá e a Fundação de Belém”. Este recorte utiliza documentação histórica para mostrar a ocupação dos Tupinambá na Amazônia, anterior ao processo de ocupação dos portugueses e, consequentemente, anterior à fundação da cidade de Belém. 

A sala Guaimiaba, no Museu do Forte, apresenta uma proposta de intermediação dos períodos pré e pós-colonização na região. Entre objetos líticos, da idade da pedra polida, aos artefatos marajoaras, tapajônicos, do período anterior à chegada dos portugueses, até as gravuras do período colonial. 

A pesquisadora do SIMM, Dayseane Ferraz, é uma das responsáveis pela nova expografia e explica a proposição apresentada. “A tônica da nova expografia é narrar a presença, a agência e a resistência dos Tupinambá. Então conseguimos, a partir da pesquisa histórica em documentos coloniais, a reprodução do Mapa do século XVII, cujo recorte mostra a indicação da ocupação dos grupos originários entre o Maranhão e o Grão-Pará. A nova narrativa fala das guerras tupinambás; mostra que o que atualmente conhecemos como a cidade de Belém era a Mairi Tupinambá. No lugar da tela que evidenciava os colonizadores, temos ‘Província dos Tupinambás’, com o rosto e armas indígenas”, detalha. 

“Revisitar a exposição com novas leituras é um exercício histórico e historiográfico importante para uma reescrita da museológica da História da Amazônia. Repensar a curadoria das nossas exposições é importante porque a história é dinâmica, assim como a cultura e as identidades. A mudança da tela é o primeiro passo para rever toda a exposição do Museu, que ainda vai abordar as vozes e lutas contemporâneas dos grupos originários”, conclui Dayseane. 

Os próximos passos para renovação da expografia serão voltados para narrativas contemporâneas de resistência de grupos indígenas.

Texto: Juliana Amaral, Ascom Secult