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Estado forma turma de Licenciatura Intercultural Indígena Uepa/Forma Pará na Aldeia Xicrin

Bonecos de palha, palmeiras, flores e um tapete vermelho enfeitaram o espaço da solenidade, a Casa do Guerreiro, no centro da Aldeia Xicrin do Kateté, em Parauapebas, no sudeste do Pará

Por Marília Jardim (UEPA)
04/11/2025 20h30
Turma do curso de Licenciatura Intercultural Indígena: Estado leva a educação a todos

Nesta terça-feira (4), o Governo do Pará realizou a solenidade de formatura de 30 indígenas, concluintes do curso de Licenciatura Intercultural Indígena, ofertado pelo Núcleo de Formação Indígena (Nufi), da Universidade do Estado do Pará (Uepa), por meio do Programa Forma Pará, executado pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia, Educação Superior, Profissional e Tecnológica do Pará (Sectet), em convênio com a Prefeitura de Parauapebas.

Entoando cantos e danças tradicionais, os formandos entraram no local da cerimônia, onde membros da gestão da Uepa e do Governo do Pará aguardavam na mesa oficial.

O governador Helder Barbalho, ao lado da primeira-dama, Daniela Barbalho, agradeceu o empenho dos professores da Uepa, a parceria da Sectet e da Prefeitura de Parauapebas, no sudeste paraense, para se chegar ao momento histórico. 

“Nós teremos o curso de Técnico de Enfermagem aqui na Aldeia. Portanto, teremos mais um curso de Ensino Superior, para que vocês não precisem sair daqui para ter a sua formação”, anunciou o governador.

Ele também contou que já visitou com a família a Aldeia Xicrin, e que estava retornando para celebrar o momento de formação dos professores indígenas, que, segundo Helder Barbalho, “terão a missão de multiplicar o conhecimento, de forma original, sem precisar fazer com que, quem quer ter acesso ao conhecimento, precise renunciar à sua história”.

Ainda de acordo com o governador, é necessário “fortalecer o conhecimento, para que  a educação chegue aonde tiver um paraense”. Ele também destacou que “os povos indígenas são formados na luta para vencer. Levem conhecimento a todos os povos do Pará”.

Governador Helder Barbalho em um dos momentos marcantes da cerimônia na Aldeia Xikrin

Educação Indígena - Bemori Xicrin, um dos formandos, trajou beca adornada com cinto de miçangas vermelho e preto e um cocar, antes de colocar o tradicional capelo. As vestimentas representam o caráter intercultural dessa formação diferenciada, em que o Ensino Superior chega aos territórios indígenas paraenses.

Para Bemori Xicrin, “esse momento é muito importante. O curso é um grande desafio, e é muito importante pra gente ajudar as lideranças, as comunidades e o povo Xicrin. Hoje, a gente fica muito feliz. Guerreiro, guerreira, crianças, maioria dos povos Xicrin que estão chegando de outra aldeia, vêm celebrar juntos”.

Brinhokrê Xikrin, orador da turma, destacou em seu discurso a experiência do aprendizado. “Cada livro que abrimos, cada prova que fizemos, foi um passo para fortalecer a nossa aldeia. Vamos proteger o que é nosso: nossa terra, nossa cultura. Carregamento tradicional dos nossos avós e conhecimento escolar. Use como uma ponte para dialogar com o mundo de fora, sempre com os pés firmes em nossa cultura”, ressaltou.

O juramento, feito na Língua Xicrin e em Português, foi feito pelos formandos Bep Kô Xikrin e Kairó Xikrin.

Autoridades presentes à solenidade de formatura

Fortalecer a cultura - Clay Chagas, reitor da Uepa, esteve na aula inaugural da turma, em 2022, e retornou para a outorga de grau. Segundo ele, “levar o Ensino Superior é o que nos faz feliz”. Ele destacou que, “enquanto Universidade, nós temos convicção de que esses professores que estamos formando hoje vão voltar para as suas comunidades, e vão ajudar a fortalecer ainda mais a sua cultura”.

A vitória não é só dos Xicrin, mas de todos os povos indígenas, destacou Joelma Alencar, coordenadora do Núcleo de Formação Indígena. Ela frisou que “essa é uma conquista, é uma vitória não só dos Xicrin do Kateté, mas de todos os povos indígenas do Brasil, porque a oferta deste curso pela Uepa é uma vitória do coletivo que apoia em prol de um só objetivo, que é chegar neste momento de celebração, em que o reitor e o governador entregam professores para atuar na educação básica.”

“Esses alunos formandos e professores receberão os seus diplomas, e estarão aptos a atuar nas suas escolas do território Xicrin do Kateté”, explicou Joelma Alencar, sobre a formação intercultural que une os conhecimentos tradicionais dos povos originários e os conhecimentos científicos da Universidade.

Parceria - Ilma Pastana, vice-reitora da Uepa, também enfatizou que “essa é uma parceria da Universidade, da Sectet, da Prefeitura de Parauapebas e das associações de várias aldeias. A evasão é mínima, já que os professores do Nufi vêm para as aldeias. Este é um dos investimentos que estão sendo protagonizados pelo governo do Estado”. 

Ao final da solenidade, com o capelo no lugar do cocar, os novos professores realizaram o tradicional ato de jogá-lo para cima, comemorando este dia histórico.