Estado promove desfile que une moda, sustentabilidade e reinserção social na COP30
Iniciativa da Seap transformou a Green Zone em espaço de inclusão, sustentabilidade e valorização, com o desfile 'Amazônia Resistência'
O Pavilhão Pará, na Green Zone da COP30, recebeu, na tarde da terça-feira (11), o desfile “Amazônia Resistência: um desfile em movimento”. A iniciativa, promovida pelo Governo do Pará, por meio das secretarias de Estado de Administração Penitenciária (Seap) e de Cultura (Secult), apresentou a coleção "Ya Temi Xoa – Ainda estou vivo", parceria criativa do estilista Dan Delacosta e 22 mulheres da Cooperativa Social de Trabalho Arte Feminina Empreendedora (Coostafe), formada por internas do sistema penitenciário paraense.
Com curadoria da Seap, o desfile transformou a Green Zone em um espaço de expressão e diálogo entre arte, sustentabilidade e inclusão social.
A coleção reuniu 30 figurinos concebidos em oficinas conduzidas pela estilista Alcimara Braga, com a participação de jovens do programa Territórios pela Paz (TerPaz), indígenas e integrantes da comunidade LGBTQIA+, revelando um encontro simbólico entre moda, diversidade e recomeço.
“Moda também é uma forma dos nossos corpos falarem sobre uma política pública de valorização da economia criativa, dos nossos insumos amazônicos e também o que é mais importante, a cultura é um espaço de reinserção e inclusão social”, ressaltou Ursula Vidal, secretária de Cultura do Pará.
O desfile reuniu artistas, modelos e internas do sistema prisional paraense. Entre elas, Nilse Bandeira, que celebrou a experiência como uma conquista coletiva. “É muito trabalho, muito trabalho de cada uma, como do corte, como da costura, da pintura, foi uma coisa de muitos meses trabalhando para gente dar o melhor aqui nesse dia, que a gente esperava tanto, é esse dia”.
O secretário da Seap, Marco Antonio Sirotheau Corrêa Rodrigues, destacou o impacto positivo do trabalho desenvolvido pela cooperativa. “O trabalho realizado pela Coostafe é um exemplo bem-sucedido de que a reinserção social, através da sustentabilidade, do trabalho e da profissionalização, pode proporcionar mais dignidade para as pessoas privadas de liberdade”, pontuou o titular da pasta.
Ele também reforçou a importância da COP30 como vitrine internacional do sistema prisional paraense. "É um orgulho muito grande ter a Seap incluída na programação da COP30. É um momento que o Estado Pará está em evidência para todo o mundo, e é importante que todos tomem conhecimento do trabalho que está sendo feito pelo Governo do Estado no sistema prisional paraense", disse Sirotheau.
A coleção nasceu de um processo colaborativo que reuniu mulheres privadas de liberdade, jovens das periferias, indígenas e integrantes da comunidade LGBTQIA+ em oficinas criativas conduzidas pela estilista Alcimara Braga. O resultado desse encontro plural foi a criação de 30 figurinos autorais, embalados por uma trilha sonora original assinada pelos músicos paraenses Tiago Belém e Thiago D’Albuquerque.
A coleção se distingue pela ausência de padronagens de tamanho e pela valorização da ancestralidade amazônica, com inspirações que brotam da floresta e das culturas indígenas. O estilista Dan Delacosta define o processo criativo como simbólico e respeitoso.
"O Desfile se comunica com essa questão da pauta da Cop30, da sustentabilidade voltada para o meio ambiente através de materiais recicláveis, materiais de doação, através de conceitos que trazem referências estéticas da Amazônia" disse.
Sobre a parceria com a Coostafe e a Seap, Dan destacou o trabalho transformador realizado pelas cooperadas e o papel fundamental da reinserção.
"Você vê a socialização delas, você vê a utilidade que elas passam a ter, sentir-se útil na sociedade, e você ainda capacita uma mão de obra pra que elas venham nesse processo aí de integrar a sociedade prontas pro mercado de trabalho", destacou o estilista.
A iniciativa foi uma parceria que integrou as Secretarias de Estado de Cultura (Secult), de Articulação da Cidadania (Seac), de Administração Penitenciária (Seap), o Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA) e a Academia Paraense de Música.
Texto de Iego Rocha
