Tecnologia e preservação ambiental pautam o terceiro dia da Techzone, em Belém
Encontro no Parque de Ciência e Tecnologia do Guamá destacou soluções digitais para monitoramento, gestão pública e regularização ambiental na Amazônia
O terceiro dia da Techzone, realizado nesta quarta-feira (12), no Parque de Ciência e Tecnologia do Guamá, em Belém, reuniu gestores, pesquisadores e especialistas para debater como a inovação pode fortalecer políticas públicas voltadas ao meio ambiente e à governança fundiária na Amazônia. Com o tema “Tecnologia e Preservação Ambiental: Soluções tecnológicas, monitoramento e preservação ambiental”, o evento destacou ferramentas digitais e estratégias que contribuem para uma gestão mais ágil, integrada e sustentável.
SICAR 2.0 e avanços para a regularização ambiental
Durante a programação, a coordenadora de Geotecnologias da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas), Sandra Lobo, apresentou o SICAR 2.0, nova etapa do Sistema de Cadastro Ambiental Rural (CAR). A atualização reúne diferentes bases de dados em um único ambiente, facilitando o trabalho técnico e a experiência do usuário.
“Com o novo sistema, tanto o proprietário quanto a secretaria terão acesso às mesmas informações, em uma única plataforma. Isso traz mais clareza e agilidade às análises e à gestão ambiental”, explicou Sandra.
Integração de dados e ciência como pilares das políticas públicas
A pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Jarlene Gomes, enfatizou a importância da integração de plataformas e da ciência de dados como bases essenciais para políticas públicas eficientes nos âmbitos municipal, estadual e federal.
“A tecnologia é o fio condutor de todo o processo de regularização ambiental e fundiária. Quando integramos dados e plataformas, conseguimos decisões mais rápidas e eficientes”, afirmou a pesquisadora.
Ela destacou ainda que ampliar o acesso aos sistemas digitais é fundamental para democratizar a regularização. “Se eu consigo, por exemplo, integrar o CPF de um cidadão diretamente ao sistema, consigo acelerar a regularização e tornar o processo mais transparente e democrático”, completou.
Governança fundiária e redução de prazos
No painel sobre governança fundiária, o coordenador de Políticas Urbanas do Instituto de Terras do Pará (Iterpa), Gabriel Ferreira Nadário, apresentou resultados significativos da digitalização dos processos de regularização no estado. Segundo ele, o Pará superou décadas de entraves com o uso de novas tecnologias e avanços legislativos.
“O estado enfrentava um verdadeiro caos fundiário. Hoje, conseguimos reduzir prazos que chegavam a 14 anos para, em alguns casos, uma semana. São mais de 44 mil títulos entregues e cerca de 200 mil pessoas beneficiadas”, destacou Nadário.
O gestor também ressaltou que o desenvolvimento de tecnologias dentro do próprio estado tem contribuído para soluções adotadas por outros entes federativos e pela plataforma federal. “Resolver o problema fundiário da Amazônia ajuda a criar soluções aplicáveis em todo o país”, acrescentou.
Amazônia como espaço de inovação
Os debates reforçaram que o uso de satélites, dados geoespaciais e sistemas integrados posiciona a Amazônia como um verdadeiro laboratório vivo para soluções que unem ciência, tecnologia e sustentabilidade. Para os participantes, a modernização digital impulsiona a gestão pública, fortalece ações de justiça climática e consolida políticas ambientais mais efetivas.
Texto: Kelvyn Gomes/PCT Guamá
