Floresta amazônica impulsiona inovação e múltiplas possibilidades na bioeconomia
Encontro reforça o potencial da Amazônia para impulsionar um novo modelo de desenvolvimento sustentável
Realizada na quarta-feira (12), na Cas’Amazonia, em Belém, a palestra “Múltiplas possibilidades na Bioeconomia” reuniu especialistas e agentes da iniciativa privada, sociedade civil e pública.
A diversidade de oportunidades que surgem a partir dos recursos da floresta foi o foco da palestra. O encontro reforçou o potencial da Amazônia para impulsionar um novo modelo de desenvolvimento sustentável, conciliando conservação ambiental, inovação tecnológica e geração de renda.
Representando a Secretaria de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas), a secretária adjunta de Bioeconomia (Sabio), Camille Bemerguy, destacou a importância de fortalecer a bioeconomia como eixo estratégico da política socioeconomica no Pará. Segundo ela, o Estado tem trabalhado para criar um ambiente favorável à valorização dos produtos da sociobiodiversidade e à inserção dos povos da floresta nas cadeias produtivas sustentáveis.
“O Estado tomou uma decisão estratégica de fazer da bioeconomia um eixo de desenvolvimento socioeconômico de baixo carbono. Estamos construindo essa trajetória com base na inovação, na pesquisa e, principalmente, no respeito aos saberes tradicionais. A bioeconomia é uma oportunidade real de transformar vidas, agregando valor ao que é produzido nas comunidades e mostrando que é possível crescer preservando”, afirmou Camille.
Desafios e estratégias - durante a palestra, Camille ressaltou que o Pará vem consolidando uma governança robusta para a bioeconomia, com monitoramento das metas do Plano Estadual de Bioeconomia (PlanBio) e integração entre 17 secretarias executoras. Esse processo, segundo ela, tem garantido resultados concretos e uma visão mais sistêmica sobre o impacto das ações no território.
A secretária também destacou que a implementação da bioeconomia exige superação de desafios, especialmente no acesso aos recursos e na ampliação da escala produtiva sustentável. “A gente usa o nosso conhecimento tradicional e ainda vai ardendo um pouquinho, mas vai recuperando, a gente vai aprendendo com os outros. Quem começa sempre apanha mesmo, tem dificuldade, mas não pode voltar atrás. Então acho que a gente está nesse momento e acho que é isso que é o desafio aqui. Ainda ouvimos das comunidades a dificuldade de fazer os recursos chegarem na ponta, mas estamos construindo soluções conjuntas e aprendendo com as experiências de quem está no território”, pontuou Camille Bemerguy.
Inovação e conhecimento tradicional - Camille enfatizou que o Parque de Bioeconomia e Inovação é um marco nesse processo. Mais que uma estrutura física, ele representa um ecossistema de conexões entre comunidades, pesquisadores e empreendedores, unindo tradição e tecnologia.
“Quando a gente conceituou o parque, pensamos no ecossistema para promover essas sinapses entre esses diferentes atores. Eu diria que a beleza maior desse espaço, que acabou sendo um espaço concreto, para trazer alguma concretude, porque se a gente fala só de um ecossistema, com coisas que já estão espalhadas, talvez até pela novidade, isso fosse mais difícil de ser internalizado. Tendo algo concreto, onde você vai ter ali um centro de sociobio, eles disseram, ‘Olha, eu quero que seja Casa Sociobio', então ficou Casa Sociobio. Se ali é um espaço deles, primeira coisa, eles têm que se reconhecer. Então, acho que ali vai ter e ser um espaço pioneiro, onde eles serão a governança, virá deles o caminho estratégico. De um outro lado, um centro de inovação, onde vamos ter um grande polo tecnológico, um Vale de Tecnologia em Bioeconomia e sustentabilidade. A beleza desse espaço é justamente unir a Casa da Sociobioeconomia, onde as comunidades exercem a governança, com o centro de inovação. É nesse encontro entre o conhecimento tradicional e a pesquisa que a bioeconomia ganha força e se torna realidade, se torna múltipla”, destacou Camille.
Comunicação e cooperação - em sua fala final, Camille defendeu a necessidade de colaboração entre os diversos atores da bioeconomia, reforçando que o aprendizado conjunto é fundamental para o avanço das políticas e iniciativas. Ela citou o diálogo entre governos da Amazônia e o recente debate sobre o tema no G20, como exemplos da crescente articulação regional e internacional.
“Cada um desses atores precisa aprender uns com os outros. Temos que conversar, trocar experiências e comunicar melhor o que já está sendo feito. Às vezes, fazemos muito, mas ainda comunicamos pouco. Precisamos tornar visíveis as boas práticas que estão transformando o território”, afirmou.
A secretária ressaltou ainda que o processo é construído coletivamente e que o Estado busca consolidar parcerias com o setor privado e instituições de pesquisa para garantir escala e sustentabilidade às iniciativas. “O investimento em bioeconomia é uma aposta de futuro. Envolve riscos, mas é uma oportunidade única de transformar a Amazônia em referência global, em desenvolvimento sustentável”, completou a secretária da Sabio.
A agenda paralela da COP30 segue recheada de bons painéis, palestras e discussões para debater, enriquecer e desenvolver as melhores soluções para o meio ambiente, clima e sustentabilidade da Amazônia, do Brasil e do mundo. A Cas’Amazonia se consolida e faz parte de ciclo importante de espaço de diálogo e troca de experiências, conectando representantes do poder público, empreendedores e comunidades da Amazônia em torno de um mesmo propósito: construir um futuro sustentável, baseado na riqueza natural e cultural da região.
Texto Lucas Maciel/ Ascom Semas
