Manejo Sustentável entra na agenda de mitigação climática
Segundo especialistas, manejo feito com responsabilidade movimenta a economia, gera emprego e mantém a floresta viva, com valor permanente
O manejo florestal sustentável esteve no centro do debate na Sala Miritizeiro, no Pavilhão Pará, na programação da COP30 de quinta-feira (13). O painel “Floresta em uso: o manejo florestal sustentável na agenda da mitigação climática” reuniu especialistas que atuam diretamente na pesquisa, no uso e na gestão da floresta amazônica. A mediação foi conduzida por Jessica Cabral, servidora da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas).
Participaram da programação Silvia Silva, engenheira florestal da Aimex (Associação das Industrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará); Gracialda Ferreira, professora da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e especialista em Identificação Botânica, e o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Amazônia Oriental), Lucas Mazzei, referência em manejo comunitário na região da Reserva Extrativista Verde Para Sempre.
Floresta em pé - O setor produtivo tem acumulado avanços significativos no uso sustentável da floresta — especialmente por meio da rastreabilidade e de instrumentos de controle que garantem origem legal e transparência. A rastreabilidade começa ainda no inventário florestal, quando cada árvore é identificada, numerada e georreferenciada. A partir desse mapeamento é possível acompanhar toda a trajetória da madeira: quem derrubou a árvore, quando ela virou tora, quando foi arrastada, transportada e, finalmente, processada na serraria.
Segundo Silvia Silva, o controle rígido fortalece a confiança no produto amazônico e reforça a competitividade. Ela ressaltou que a combinação entre rastreabilidade e certificação florestal, ainda que voluntária, agrega valor ao manejo, por exigir critérios sociais, ecológicos e econômicos. “Quando o manejo é feito com responsabilidade, ele movimenta a economia, gera emprego e mantém a floresta viva, justamente porque ela passa a ter valor permanente”, afirmou.
Encerrando o painel, os especialistas concordaram que o manejo florestal sustentável é uma das estratégias mais consistentes para conectar desenvolvimento, conservação e mitigação climática na Amazônia. O modelo mantém árvores em pé, garante regeneração com ciclos legais de 25 a 35 anos, amplia a captura de carbono e fortalece cadeias produtivas sustentáveis, sempre com base na ciência, na participação das comunidades e na qualificação das políticas públicas.
Tecnologia, ciência e risco ecológico - Professora Gracialda Ferreira abordou desafios, riscos e conexões entre tecnologia, ciência e ameaças ecológicas. “Está evidente como o desenvolvimento tecnológico avançou. Mas precisamos trazer esse avanço para dentro do manejo florestal. O setor produtivo precisa entender a importância de internalizar essas tecnologias para garantir sustentabilidade. Assim como o manejo é a tecnologia que nos dá segurança da conservação, também é verdade que pequenos problemas crônicos, como a identificação botânica deficiente, podem colocar grupos de espécies em risco. São questões difíceis, sim, mas inevitáveis de serem enfrentadas e discutidas”, destacou Gracialda Ferreira.
O debate reafirmou que a floresta, quando manejada com critério, conhecimento botânico e tecnologia, continua sendo protagonista na geração de renda e na resposta global às mudanças climáticas.
Texto: Lucas Maciel - Ascom/Semas
