Pará lança espaço que celebra identidades amazônicas
Instalado no Porto Futuro I, contêiner criado pela Secretaria de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (SEMAS), valoriza indígenas, quilombolas e extrativistas, reforçando e enaltecendo o conhecimento tradicional na agenda de bioeconomia
O Governo do Pará, na manhã desta quinta-feira (14), apresentou o Espaço Gentes da Floresta, no Porto Futuro I, em Belém. Criado pela Secretaria de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (SEMAS) e instalado em área administrada pela Secretaria de Turismo (SETUR). O novo contêiner nasce como um ponto permanente de visibilidade para povos indígenas, quilombolas e extrativistas, reunindo arte, identidade e produção sociocultural na Amazônia. A divulgação ocorre em meio às agendas da COP30 e reforça a presença dos povos da floresta na agenda climática e bioeconômica do Estado.
Pedro Leitão, um dos implementadores do projeto, destacou: “A gente trabalhou a ideia da Casa Sociobio, em que as redes manifestaram várias vezes que gostariam de ter em Belém um ponto de apoio, de ter uma vitrine, de ter um local onde elas pudessem expor sua cultura, expor seus produtos, falar da importância que tem para a bioeconomia, para a Sociobioeconomia. Então, nós estamos aqui hoje com a Camille Bemerguy, que é a secretária adjunta de Bioeconomia da SEMAS, responsável pela bioeconomia, e com as três redes, Povos Indígenas, Quilombolas, Extrativistas. A ideia é apresentar o container que foi reformado, mas que está sendo entregue com a promessa de que ele será ativado no pós COP.”
Um espaço que nasce para celebrar
Idealizado e criado através de parcerias público-privadas, o Espaço Gentes da Floresta celebra e agradece aos parceiros técnicos da Alemanha GIZ (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit) e KFW (Kreditanstalt für Wiederaufbau), além da britânica UK Pact. O Espaço Gentes da Floresta foi gerado para ser ocupado pelos povos, pessoas e gentes da floresta. Trazendo a Belém os saberes, as culturas, os costumes, as raízes das comunidades tradicionais indígenas, quilombolas e extrativistas. Que foram representadas por lideranças como Concita Sompré, presidente da Federação dos Povos Indígenas do Pará (FEPIPA), Mauro Santos, do território quilombola do Mocambo, em Ourém, e de José Ivanildo Brilhante, especialista em Sistema Agroextrativistas em Território de Uso Comum na Amazônia e Mestre em Agriculturas Familiares e Desenvolvimento Sustentável.
A secretária adjunta de Bioeconomia, Camille Bemerguy, destacou que o lançamento simboliza um início importante para a agenda de valorização das populações tradicionais no Pará. “ Hoje temos que celebrar os começos, porque dizem que a semente do início é que contém a árvore. Então, esse é o momento. Daqui para frente, a gente vai pensar como iremos ativar isso de forma potente Mas, nesse momento, eu acho que o que eu queria era realmente celebrar, ter um espaço que celebra esse bem-viver, essa ancestralidade nas suas diferentes características.”, afirmou.
Para ela, o espaço também cumpre um papel essencial na conquista de visibilidade: “Desde a construção do Plano de Bioeconomia (PlanBio), ouvimos o pedido de sair do lugar onde não somos vistos, as pessoas não nos escutam, nós não fazemos parte das construções. Então, começou ali e esse espaço é representativo por isso. O contêiner é mais um passo nesse caminho”.
Reconhecimento dos povos da floresta
A presidente da Federação dos Povos Indígenas do Pará (FEPIPA), Concita Sompré, reforçou que o espaço representa mais do que um ponto de exposição: é um gesto de reconhecimento.
“É nesse espaço que esperamos ter o reconhecimento das nossas demandas, dos nossos direitos e das políticas que ainda precisam avançar. A música que ouvimos aqui nos conecta, nos eleva. Somos gratos por esse espaço”, declarou.
O quilombola Mauro Santos, do território Mocambo, em Ourém, celebrou o fato de o Governo do Estado ter ouvido as demandas dos povos tradicionais.
“Quando o Estado ouve o movimento, isso aqui se torna possível. Este contêiner será uma vitrine para quem passar compreender o que produzimos nos territórios quilombolas, extrativistas e indígenas”, afirmou.
Ele destacou que o espaço ajudará a divulgar produtos e fortalecer redes socioprodutivas: “Que isso seja uma porta aberta para mostrar nossas belezas, nosso carimbó, nossa escritura viva da floresta”.
*Visibilidade e pertencimento*
O Espaço Gentes da Floresta integra ações efetivas do Pará em torno dos temas defendidos na COP30, reforçando a presença e o protagonismo dos povos da floresta na agenda climática e de bioeconomia. A iniciativa vai permitir reunir arte, identidade, produção e memória, funcionando como vitrine, ponto de encontro e plataforma de fortalecimento das três redes da bioeconomia.
“A Amazônia parte do conhecimento ancestral da ciência da comunidade e da vivência dos seus próprios. Estou muito feliz. Tem espaço pra todo mundo, pra ver o protagonismo coletivo comunitário da Amazônia sendo exposto onde antes não nos davam voz, não nos olhavam, não nos queriam. Hoje é um dia de celebrar os povos, pessoas e gentes da floresta”, ressaltou José Ivanildo Brilhante.
Grafismo que conecta
O complexo de contêiners do espaço “Gentes da Floresta” foi cuidadosamente estilizado pela artista visual paraense Mama Quilla. Abordando elementos amazônicos, paraenses e reforçando os traços amazônidas na representação humana do seu painel, Mama Quilla traduziu as raizes do povo da floresta em sua arte.
“Foi um grande desafio, meu e da minha equipe, trabalhar nessa obra, com o nosso calor amazônico e da chuva. Foi uma oportunidade de mostrar e a arte também movimenta a economia, principalmente em um espaço tão importante pra nossa gente.”, agradeceu Mama Quilla.
O espaço passa a compor o circuito cultural e turístico do Complexo Porto Futuro e será utilizado para exposições, apresentações, rodas de conversa e ações de divulgação da produção dos territórios.
Texto Lucas Maciel – ASCOM SEMAS
