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Emater leva case de produção orgânica do Baixo Amazonas a painel da COP30

Experiência da Tapajós Orgânicos mostra como a extensão rural pública impulsiona a produção sustentável e certificada na Amazônia

Por Governo do Pará (SECOM)
17/11/2025 15h08

Com o apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), o agricultor José Cunha, de 60 anos, há mais de duas décadas passou a adotar práticas agroecológicas nos três hectares da chácara Nova Esperança, na comunidade Boa Fé, em Mojuí dos Campos, no Baixo Amazonas: “Eu tive uma crise de consciência, porque, quando comecei a usar hortaliças, a informação que recebíamos era a necessidade de usar veneno pra matar inseto, e nem pensávamos sobre a possibilidade de esses mesmos produtos fazerem mal pra natureza como um todo e, principalmente, pro ser humano. Só que eu via aquela caveirinha na embalagem e fui atrás de saber”, relembra o ex-coordenador da Associação Tapajós Orgânicos de Certificação Participativa. 

O grupo, atendido pela Emater, reúne 23 famílias produtoras de alimentos orgânicos de Mojuí dos Campos e do polo Santarém e atua no sentido de organismo participativo de avaliação da conformidade (Opac), sob credenciamento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e dentro do Sistema Participativo de Garantia (SPG).  

“A Emater é uma grande parceira nesta história: uma facilitadora, uma fortalecedora. A Tapajós Orgânicos é uma família - e a Emater faz parte da família. Hoje eu, por exemplo, cultivo com a rica e plena diversidade da agricultura familiar, sem agrotóxicos: Safs [sistemas agroflorestais] com banana, andiroba, açaí, e muitas outras; hortaliças como berinjela e rúcula. São mais de 20 espécies.  Tudo junto e misturado e produzindo com sucesso, e assim somos felizes”, diz o produtor. 

Painel 

A mais de mil quilômetros rodoviários de Mojuí dos Campos, na capital Belém, durante a segunda semana de programação do governo do Pará na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Emergências Climáticas (COP30),  o case da Tapajós Orgânico, na perspectiva de sucesso de políticas públicas, é um dos destaques do painel "Uma Experiência da Extensão Rural Pública em Santarém: Método e Ações para a Produção Orgânica de Base Familiar," apresentado pela equipe do escritório local da Emater de Santarém, município identificado como de vanguarda na produção de orgânicos no Pará. 

O evento realiza-se na tarde desta segunda-feira (17), na Agrizone, na sede da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no bairro do Marco. O objetivo é divulgar, na vitrine mundial, realidades para as quais a atuação da Emater contribui, sobretudo nos resultados de conservação de recursos naturais e produção de alimentos orgânicos certificados. Alguns dos processos são a promoção de "Dias de Campo" e feiras; apoio à formação de organizações de controle social (OCSS) e Opacs; uso de tecnologias sustentáveis, como homeopatia popular, e acesso aos mercados institucionais do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). 

“A produção de orgânicos é um contramovimento ao modelo convencional; uma mobilização da qual participamos desde 2011, com diversos parceiros, haja vista a construção ser coletiva. O SPG é um instrumento, digo um caminho, para a agricultura familiar da região amazônica, porque não é só produção orgânica de alimentos saudáveis e de qualidade, mas é toda uma base agroecológica: justiça ambiental, agregação de valor e renda, respeito ao campo e à cidade, resgate de tradições”, considera a profissional à frente do Painel, a engenheira agrônoma Ana Cláudia Siviero, especialista em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável e mestra em Sociedade, Ambiente e Qualidade de Vida. 

Texto: Aline Miranda