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Ideflor-Bio mostra na COP30 como planejamento e protagonismo comunitário fortalecem conservação

O protagonismo comunitário e os Planos de Manejo são apresentados como ferramentas estratégicas para a conservação da biodiversidade e fortalecimento de políticas ambientais no Pará

Por Vinícius Leal (IDEFLOR-BIO)
17/11/2025 17h19

“Conservação e Desenvolvimento Sustentável: O Papel Estratégico do Plano de Manejo e do Protagonismo Comunitário na Gestão Ambiental” foi o tema do painel apresentado nesta segunda-feira (17), no Pavilhão Pará, na Green Zone da COP30, que reuniu especialistas do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio) e uma liderança comunitária da Área de Proteção Ambiental (APA) da ilha do Combu, na região insular de Belém, para discutir como ciência, planejamento e participação social se articulam na proteção das unidades de conservação. 

A mesa foi moderada pela analista ambiental do Ideflor-Bio, Lorena Viana, e contou com as contribuições do gerente da Região Administrativa de Belém, Júlio Meyer; da analista ambiental, Shislene de Souza; da gerente da Região Administrativa do Araguaia, Laís Mercedes e da comunitária Dona Nena, referência na APA da ilha do Combu.

Abrindo o debate, os painelistas destacaram que o Plano de Manejo é o eixo estruturante da gestão das unidades de conservação, servindo como base para o ordenamento territorial, a proteção da biodiversidade e a promoção do desenvolvimento sustentável. O documento orienta ações de pesquisa, turismo, fiscalização e investimentos, garantindo segurança jurídica e definindo critérios técnicos para o uso adequado dos recursos naturais. 

Para Lorena Viana, compreender essa ferramenta como instrumento vivo e participativo é fundamental para alcançar resultados concretos. “Conservação e desenvolvimento não são caminhos opostos”, destacou. “Quando o Plano de Manejo é construído com técnica, ciência e participação comunitária, é possível fortalecer as pessoas, respeitar a floresta e gerar resultados duradouros para o território”, enfatizou.

Envolvimento da comunidade - A centralidade do protagonismo comunitário foi um dos pontos mais defendidos ao longo da discussão. Os integrantes da mesa reforçaram que envolver moradores do interior e do entorno das unidades de conservação não é apenas uma etapa formal, mas um componente estratégico. A participação social fortalece a governança, valoriza saberes tradicionais, reduz conflitos e amplia oportunidades de renda e inclusão. O exemplo de Dona Nena, moradora da ilha do Combu e membro do Conselho Gestor da APA, evidenciou como a atuação comunitária contribui para transformar práticas, fortalecer identidades e impulsionar cadeias produtivas sustentáveis.

Outro momento importante foi a fala da analista ambiental Shislene de Souza, que detalhou o novo olhar metodológico adotado pelo Ideflor-Bio para a elaboração dos Planos de Manejo — também chamados de Planos de Gestão no Pará. Ela explicou que o documento deixa de ser apenas técnico e passa a se tornar um instrumento dinâmico, estratégico e conectado diretamente com o cotidiano das comunidades. 

Segundo Shislene, esse processo amplia a assertividade das decisões, melhora o zoneamento e adapta o planejamento às realidades específicas de cada unidade. “Hoje, o órgão atua com uma nova forma de olhar o território”, explicou. “O diálogo com as comunidades qualifica as informações, fortalece o documento e permite decisões mais alinhadas às necessidades reais de quem vive e protege esses espaços”, completou.

Futuro climático das unidades de conservação - Shislene também contextualizou a importância desse tema em um evento global como a COP30, ressaltando que os Planos de Manejo incorporam agora elementos da agenda climática. Ela citou diagnósticos de vulnerabilidade, cenários futuros, monitoramento climático e estratégias adaptativas construídas com a participação direta das populações locais. 

“As comunidades são nossos olhos no território”, afirmou. “Com elas, conseguimos decisões mais assertivas diante das mudanças que já acontecem, fortalecendo a resiliência socioecológica das unidades e prevenindo impactos mais severos no futuro”, frisou. Para a analista, nada se faz sozinho: a gestão só se torna efetiva quando baseada em redes, diálogos e reconhecimento da diversidade territorial.

Resultado na prática - A gerente da Região Administrativa do Araguaia, Laís Mercedes, reforçou essa perspectiva ao apresentar resultados concretos do novo Plano de Manejo Integrado do Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas e da APA Araguaia, em São Geraldo do Araguaia, sudeste paraense. Segundo ela, os avanços só foram possíveis graças à intensa participação das comunidades que vivem no território. “O momento foi essencial para mostrarmos na prática os reflexos positivos dos trabalhos desenvolvidos com base no novo plano de manejo, com ênfase no protagonismo dos nossos comunitários, que foram a parte fundamental dessa ferramenta de gestão participativa”, afirmou.

O painel destacou, também, o papel das unidades de conservação como soluções baseadas na natureza para enfrentar as mudanças climáticas. A integração entre órgãos gestores, academia, setor produtivo e sociedade civil foi defendida como indispensável para fortalecer políticas ambientais e potencializar iniciativas sustentáveis. Em um momento em que o mundo volta os olhos para a Amazônia, os debatedores enfatizaram que o Pará assume posição de liderança ao construir metodologias que aliam ciência, planejamento e participação social.