Iniciativas de empreendedorismo feminino aliam geração de renda e preservação da Amazônia
Governo do Pará lançou o PlanBio em 2022, e já investiu R$ 600 milhões em ações diretas, beneficiando mais de 400 mil pessoas e apoiando mais de dois mil negócios comunitários
Artesãs, agricultoras, extrativistas e produtoras, incentivadas por políticas públicas do Governo do Pará voltadas à bioeconomia, fortalecem a transformação da floresta em fonte de renda, a partir do uso racional dos recursos da Amazônia. Com respeito aos saberes tradicionais e à diversidade sociocultural amazônica, as empreendedoras paraenses movimentam cadeias produtivas do Pará e impulsionam o desenvolvimento sustentável em comunidades tradicionais.
A agricultora Gleicy Melo, 26 anos, ribeirinha e estudante de Direito no município de Portel, no Arquipélago do Marajó, é exemplo entre as mulheres do Pará que atuam em negócios alinhados à bioeconomia. A empreendedora, que faz parte da Cooperativa Marajó, pontua a maior visibilidade e a credibilidade aos produtos a partir do avanço da bioeconomia no Estado.
“É muito inspirador para mim, como mulher ribeirinha de comunidades tradicionais, ver o reconhecimento e desenvolvimento do nosso trabalho, alinhado à bioeconomia, junto à Cooperativa. Temos uma casa de farinha, e passamos a fornecer produtos para a merenda escolar. São oportunidades valiosas de mostrar nossa cultura e os produtos da floresta. Em Portel, as mulheres são a força ribeirinha que impulsiona a economia local”, ressalta.
Resultados - A criação e a implementação do Plano Estadual de Bioeconomia (PlanBio), em 2022, consolidou a bioeconomia como uma política pública essencial, conectada aos instrumentos de planejamento ambiental do Estado, como o Plano Amazônia Agora e a Estratégia Estadual de Bioeconomia. Até outubro de 2025, o PlanBio contabiliza aproximadamente R$ 600 milhões em investimentos diretos, beneficiando mais de 400 mil pessoas e apoiando mais de 2 mil negócios, incluindo comunitários.
“Os programas estaduais têm colocado a inclusão e o protagonismo das mulheres no centro das políticas de bioeconomia. O PlanBio, por exemplo, fomenta negócios liderados por mulheres e jovens, estimulando a autonomia financeira, a inovação social e o uso sustentável dos recursos da floresta. As mulheres não apenas participam das iniciativas de bioeconomia, mas lideram processos de transformação social e produtiva, tornando-se protagonistas de um desenvolvimento mais inclusivo, equitativo e sustentável”, destaca Iara Menezes, internacionalista e diretora de Bioeconomia da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas).
O resultado prático do PlanBio, segundo a diretora, é a estruturação e o fortalecimento de empreendimentos sustentáveis, em condições reais de competir e gerar renda dentro do mercado da bioeconomia. Ações potencializadas com o avanço dos investimentos estaduais, como o lançamento do novo Parque de Bioeconomia da Amazônia, no Complexo Porto Futuro, em Belém.
Capacitações: outra frente de ação - A partir da promoção de iniciativas voltadas à valorização dos recursos da floresta e ao fortalecimento das comunidades tradicionais, a Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster) já atendeu 73 artesãs de comunidades quilombolas das regiões de Integração Marajó, Baixo Amazonas, Guamá, Rio Caeté e Rio Capim, com ações de capacitação, promoção e acesso a mercados.
“Os programas estaduais têm desempenhado papel essencial na valorização do trabalho das mulheres nas comunidades tradicionais. Por meio do Programa do Artesanato Brasileiro, o Governo do Pará tem promovido a autonomia econômica e o reconhecimento social das artesãs, incentivando sua participação ativa nas cadeias produtivas da bioeconomia e ampliando oportunidades de comercialização de seus produtos em mercados locais, nacionais e internacionais”, assegura a coordenadora de Empreendedorismo e Economia Solidária da Seaster, Silvia Reis da Silva.
A artesã e fundadora do Coletivo Artesãs Empoderadas da Cabanagem, Andréa Mendes, celebra o protagonismo feminino no contexto da bioeconomia. “Em 2021, comecei a trabalhar com produtos da floresta e vivi uma transformação total. Trabalhar com arte e reciclagem não tem preço; é muito prazeroso. É muito importante ver uma mulher impulsionar a outra”, finaliza.
