Oficina de máscaras de orixás valoriza ancestralidade afro-amazônica em escola de Cametá
Estudantes participaram de oficinas artísticas que uniram história, religiosidade e identidade cultural, encerrando a programação do Novembro Negro no CIEBT/Eetepa
Em alusão ao mês de combate ao racismo, o Centro Integrado de Educação do Baixo Tocantins (CIEBT/EETEPA), no município de Cametá, encerrou, nesta terça-feira (18), a oficina “Produção de Máscaras de Orixás na Telha”, como parte da programação “Novembro Negro: A Construção da Identidade Negra e o Papel da Escola”, que ocorre desde o dia 13 deste mês.
A iniciativa envolveu estudantes em etapas como contação de histórias, desenho, transferência de artes para telhas, modelagem em biscuit e pintura com materiais naturais da Amazônia, com o objetivo de ampliar repertórios culturais, estimular vivências criativas e valorizar elementos da identidade amazônica.
Idealizado pelo artista cametaense Wander Dias, criador da técnica que transforma telhas de barro em máscaras de orixás, o projeto reuniu seis encontros que combinaram práticas artísticas, saberes tradicionais e discussões sobre identidade e religiosidade. “Aproximar os estudantes da ancestralidade afro-amazônica e da força simbólica das narrativas dos orixás fortalece a consciência cultural dentro da escola”, disse.
A programação também contou com rodas de conversa mediadas pela professora Darcielly Cardoso, Agente Territorial de Cultura, que conduziu reflexões sobre ancestralidade, racismo religioso e a desmistificação das religiões de matriz africana. “Realizar a oficina em novembro reforça o caráter formativo da ação, pois possibilita que a comunidade escolar compreenda a diversidade religiosa com mais respeito, contribuindo para o enfrentamento de estigmas históricos”, afirmou.
A experiência gerou impacto entre os estudantes. Antônio Dias, do segundo ano do curso de informática, contou que conhecer a história antes de produzir a máscara tornou o aprendizado mais profundo e o fez reconhecer a importância da valorização cultural. “A oficina me proporcionou explorar saberes e práticas no meio técnicos da pintura, tramas e modelagem, mas acima de tudo, me fez compreender a importância de uma educação antirracista, que valoriza nossa origem, identidade e manifestações culturais”, pontuou.
A também estudante de informática Maria Eduarda da Silva Oliveira destacou que a oficina ampliou sua compreensão sobre representatividade e respeito às tradições, ao mostrar que cada máscara carrega uma história e uma força simbólica que enriquecem o processo criativo. “A experiência foi enriquecedora, pois aprender mais sobre a cultura afro-brasileira e participar da produção das telhas a fez perceber que existem diversas maneiras de expressar valores e se posicionar contra o racismo”, refletiu Maria.
A coordenação da atividade ficou sob responsabilidade da professora Elizabel Martins Pantoja, que integra a oficina ao planejamento pedagógico da instituição. “A ação reforça a escola como espaço de formação cidadã e cultural ao ampliar o acesso à arte, promover o diálogo sobre identidade negra e contribuir para o enfrentamento ao racismo e à intolerância religiosa. Unir arte, educação e ancestralidade consolida uma prática transformadora que valoriza e difunde as expressões afro-amazônicas no ambiente escolar”, afirmou.
A culminância da ação ocorrerá nesta quarta-feira (19), com a exposição das máscaras de orixás, aberta à comunidade escolar e ao público de Cametá. A mostra reunirá os trabalhos desenvolvidos pelos estudantes e permitirá compartilhar as experiências e os conhecimentos adquiridos ao longo do processo.
Texto: Carla Couto/ Ascom Sectet
