Iniciativa Amazônia+10 apresenta resultados durante a COP30 e consolida novo modelo de ciência colaborativa na região
A Iniciativa Amazônia+10, formada pelas Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (FAPs), apresentou, nesta quinta-feira, 20, na Estação Amazônia Sempre, no Museu Goeldi, durante a COP30, um conjunto de resultados que reforçam o avanço da ciência, tecnologia e inovação na Amazônia Legal. Em apenas três anos de atuação, o programa já mobilizou R$ 162 milhões e se consolida como o maior esforço coordenado de financiamento científico voltado à região.
Criada para apoiar uma transição justa e sustentável na Amazônia, a iniciativa reúne 25 FAPs brasileiras, 10 parceiros internacionais e 61 projetos financiados, envolvendo diretamente mais de 1.900 pesquisadores, distribuídos em 171 instituições no Brasil e no exterior.
Uma das pesquisadoras participantes da Iniciativa, a arqueóloga Helena Lima, participou da programação e ressaltou que a Iniciativa Amazônia+10 representa um movimento inovador e estratégico para a ciência na região. Para ela, a realização do painel durante a COP30, demonstra que a sociedade reconhece a importância da pesquisa científica na Amazônia.
“Ver cientistas amazônidas apresentando seus resultados para um público amplo reforça o protagonismo da ciência produzida na região. Essa aproximação entre pesquisadores, gestores e financiadores fortalece a construção de editais e programas mais eficientes. Esse diálogo aberto, entre quem faz ciência na ponta, quem atua nos territórios e quem gerencia os recursos, amplia as possibilidades de investimentos estruturantes para a pesquisa na Amazônia”, avalia.
Durante painel, o presidente da Fapespa e membro do comitê executivo da Iniciativa, Marcel Botelho, destacou a relevância da Iniciativa para a ciência na Amazônia. “Hoje realizamos uma ação extremamente importante aqui no Goeldi, a apresentação do relatório dos três anos da Iniciativa Amazônia +10. Trata-se de um esforço conjunto que envolve 25 das 27 FAPs do país, além da Guiana Francesa e diversos parceiros internacionais, como UKRI, ByLight e instituições da Suíça. O evento contou com a participação expressiva de pesquisadores, representantes do BID e diversos atores estratégicos, que avaliaram positivamente os resultados apresentados.”
Produção científica - Em dois anos, os projetos apoiados pela Amazônia+10 já acumularam mais de 365 resultados científicos, incluindo artigos, teses, dissertações, livros, documentários e patentes. Doze projetos têm impacto direto em políticas públicas, contribuindo para ações ambientais, sociais e de saúde em territórios amazônicos.
Para Botelho, os números apresentados reforçam que a Amazônia+10 inaugura um novo modelo de cooperação científica, baseado em colaboração, integração territorial e fortalecimento da produção de conhecimento na própria região.
Com resultados expressivos e participação ampla de instituições e pesquisadores, a iniciativa se consolida como marco para a ciência amazônica e como referência no enfrentamento de desafios climáticos, ambientais e sociais. Na ocasião, o diretor científico da Fapespa destacou que o monitoramento dos 61 projetos financiados já revela um conjunto expressivo de dados e impactos.
“No total, já são quase dois mil pesquisadores envolvidos e mais de oito mil pessoas participando das ações acadêmicas e não acadêmicas. E os resultados incluem produções acadêmicas e não acadêmicas e o avanço de soluções tecnológicas e sociais que reforçam a importância do fomento contínuo à ciência, tecnologia e inovação na Amazônia. A Iniciativa possibilita o protagonismo dos pesquisadores da região, o valor das soluções baseadas na natureza e o reconhecimento do conhecimento ancestral”.
Medrado adiantou que a Iniciativa Amazônia +10 já está alinhando novas parcerias e prepara, para o próximo ano, o edital Desafios na Amazônia, que será focado em problemas concretos de comunidades urbanas e tradicionais, com atenção às cadeias produtivas da Amazônia Legal e ao fortalecimento da ciência local.
Ainda na oportunidade, foi apresentado o monitoramento censitário conduzido entre 2022 e 2025, que reúne informações de 1.265 pesquisadores, o equivalente a 66% de todos os envolvidos nos projetos. O levantamento traça um panorama atualizado da ciência na região e evidencia sua diversidade.
“Precisamos conhecer profundamente a região, sua população e seu potencial bioeconômico, e é exatamente isso que a iniciativa tem promovido. Apenas pela Fapespa, já são 61 projetos apoiados, somando-se a muitas outras iniciativas fomentadas por instituições de todo o Brasil, sob coordenação do CONFAP. Agora, seguimos na expectativa dos novos programas previstos para o próximo ano. No pós-COP30, teremos muitos desafios e ações estruturantes para garantir que o Pará continue avançando na direção certa”, informou Botelho.
Entre os principais resultados:
• 52,8% dos pesquisadores são mulheres;
• 57% dos bolsistas se autodeclaram pretos, pardos ou indígenas;
• 43% nasceram na Amazônia Legal;
• Participação de pesquisadores em todas as unidades da Federação e em sete países;
• Envolvimento de 133 Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs).
