Hospital Regional de Castanhal garante terapia ao ar livre e acolhimento multiprofissional
Projeto MovimentAção transforma a rotina de pacientes com atividades práticas e cuidados integrais no município do nordeste estadual
No Hospital Regional Público de Castanhal (HRPC), a reabilitação ganhou novos contornos com o Projeto MovimentAção – Atividades de Cura. A iniciativa tem levado pacientes para fora do ambiente tradicional do leito, criando momentos leves, afetivos e cheios de significado.
O projeto integra ações como o Jardim Terapêutico, a Sacada Terapêutica e o Tardezinha, que reúnem música ao vivo e o Dia do cinema. A proposta é tão simples quanto poderosa: oferecer uma terapia verdadeiramente humanizada, que acolhe pacientes e acompanhantes em sua totalidade.
O MovimentAção é conduzido pela equipe de reabilitação em parceria com profissionais de psicologia, serviço social, fonoaudiologia, nutrição e terapia ocupacional. Para a coordenadora da reabilitação, Monique Aleixo, os benefícios são amplos e cientificamente comprovados.
“As atividades de reabilitação realizadas fora do leito, especialmente em ambientes externos como jardins terapêuticos, áreas verdes, espaços de convivência e sessões de cinema, promovem redução do estresse fisiológico, melhora da oxigenação, estímulo ao sistema cardiovascular e favorecem a mobilização precoce”, explica.
Monique destaca ainda que a exposição ao sol e à ventilação natural contribui para o reequilíbrio neurológico e para a melhora do humor, além de potencializar ganhos de força, equilíbrio, coordenação e autonomia.
O olhar da psicologia reforça esse impacto. Para os profissionais da área, o jardim terapêutico e a sacada terapêutica ajudam a amenizar estresse e ansiedade comuns à internação, especialmente entre pacientes de longa permanência.
“As atividades permitem que o paciente deixe de ser visto apenas pela condição clínica e volte a ser enxergado por sua história, seus afetos e tudo o que representa fora do hospital”, destaca a coordenadora do Psicossocial, Emily Naiara.
O Serviço Social também tem papel fundamental nesse processo. Participando das atividades de forma espontânea e acolhedora, os assistentes sociais fortalecem o vínculo com os acompanhantes, que são figuras essenciais na jornada de cuidado. Em cada conversa, buscam compreender o contexto familiar e histórico dos pacientes para garantir um atendimento respeitoso, culturalmente sensível e verdadeiramente integral.
“Nosso objetivo é que os pacientes e suas famílias saibam que não estão sozinhos durante a hospitalização. Estamos aqui para oferecer segurança, escuta e apoio humanizado”, reforça a coordenadora Emily Naiara.
A nutrição também encontrou no projeto uma forma de ampliar o cuidado. A coordenadora do serviço de nutrição e dietética, Brenda Pereira, explica sobre a oferta de refeições afetivas em ambientes externos como açaí e pipoca.
“Levar o alimento para um ambiente diferente tem se mostrado eficaz para aumentar a adesão ao tratamento e reduzir complicações associadas à desnutrição. São pequenas mudanças que fazem grande diferença no prognóstico clínico”, afirma.
Para além dos aspectos clínicos, o MovimentAção tem devolvido aos pacientes algo que muitas vezes se perde durante a internação: o sentimento de pertencimento e a alegria de viver.
A dona de casa Gilcilene Sousa Silva, 54 anos, do município de Capanema, vive essa experiência desde o início de maio, quando foi internada para investigação diagnóstica. Para ela, as manhãs no jardim são um respiro. “Eu me sinto muito bem. Já é a terceira vez que participo. É muito bom sair do leito, descer, caminhar, pegar sol e me exercitar”, conta, sorrindo.
A irmã e acompanhante de Gilcilene, Live Gomes, também celebra o projeto. “Achei incrível o trabalho da equipe de fisioterapia do HRPC. Sou uma grande defensora do SUS, principalmente quando vejo iniciativas como essa, que oferecem um cuidado tão humanizado e diferenciado aos pacientes”, afirma.
Mais que uma ação de reabilitação, o MovimentAção tem se mostrado um caminho de afeto, autonomia e dignidade. Um lembrete de que, dentro do hospital, a cura também nasce do encontro, da escuta e da possibilidade de viver momentos bonitos mesmo em períodos desafiadores.
