Com Emater, extrativista de açaí de Belém comemora conquista de crédito rural
Linha 'Acredita', do Banco da Amazônia beneficia balneário na Estrada da Ceasa
O réveillon de Reginaldo Chagas, de 55 anos, de Belém, terá uma comemoração diferenciada: por meio de projeto do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), o extrativista e empresário de turismo rural receberá, nesta terça-feira (30), o primeiro crédito rural da zona periurbana da capital pelo Programa de Microcrédito Produtivo Orientado (PMPO).
O recurso, no valor de R$ 12 mil, pela linha Acredita, do Banco da Amazônia (Basa), será aplicado no manejo de um hectare de açaí nativo dentro do balneário Paraíso Verde, na Estrada da Ceasa (Centrais de Abastecimento do Pará), no bairro Curió-Utinga. A propriedade de cinco hectares às margens do Rio Guamá, onde a família também cultiva 200 pés de cacau, funciona como um clube agroecológico, aberto ao público.
O açaí de várzea batido na hora é um dos destaques do cardápio do restaurante. O caroço in natura também é vendido no Porto da Palha, no bairro do Condor. Na safra, são cerca de 450 quilos do fruto por dia.
“A ideia é, com o manejo estruturado sob a orientação dos especialistas da Emater, não só facilitar a colheita, e sim dispor de açaí de qualidade o ano inteiro. A Emater é uma grande ajuda. Com a Emater, estamos deslanchando nosso negócio e isso tudo ainda valoriza a Comunidade no geral”, diz Chagas.
Para o profissional do escritório local da Emater em Belém responsável pelo atendimento, o veterinário Lázaro José Silva, mestre em Produção Animal,, a atuação da Emater na periferia de Belém ressignifica a importância socioeconômica e cultural de regiões historicamente marginalizadas: “O ‘campo’ resiste na ‘cidade’. Muita gente desconhece a produção de alimentos, a continuidade de tradições amazônicas e até os recursos naturais, o acesso e a preservação de natureza, que em Belém convivem com o urbanismo e a modernidade. Na Estrada da Ceasa a Emater é um dos agentes de fortalecimento do que se identifica como ‘Cinturão Verde’”, por exemplo”, aponta.
Demanda
Pelo menos outras dez famílias da Estrada da Ceasa estão se preparando para receber crédito rural por meio da parceria entre Emater e Basa, no começo de 2026.
Algumas das estratégias das Instituições perpassam por adaptar a exigência de documentos à realidade habitacional, com a referência dos termos de uso expedidos pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU), e desburocratizar o processo de financiamento, via tecnologias de aplicativos de smartphones.
O assessor de microfinanças do Basa Acredita, Felipe Rodrigues, salienta a importância dos esforços conjuntos de Basa e Emater. “Estamos comprometidos com a missão de levar crédito rural. O produtor tem a força, tem o conhecimento, porém às vezes falta o recurso, falta o investimento. A Emater presente é de suma importância, porque não existe quem conheça melhor o produtor rural. Com ela, o Basa chega ao produtor com mais confiança, porque vem atrelado à confiança que o produtor deposita no trabalho da Emater. É uma parceria que regamos sempre”, resume.
O representante do Basa explica que o microcrédito é um elemento transformador: " É um valor que permite suprir necessidades, que impulsiona ou permite início de produção, com um retorno subsidiado, de resultado social. São créditos do FNO [ Fundo Constitucional de Financiamento do Norte], do Pronaf [Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar], do Plano Safra com vantagens consideráveis: 40% de desconto, dois anos de prazo para pagar, taxa de juros de meio por cento ao ano”, esmiuça.
Texto de Aline Miranda
