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Pará fecha 2025 com queda histórica no desmatamento e ênfase na bioeconomia

Entrega do Parque de Bioeconomia no Porto Futuro, recuo histórico de 85% nos focos de queimadas e a COP30 marcaram os avanços ambientais neste ano

Por Igor Nascimento (SEMAS)
31/12/2025 08h00

Durante décadas, a ideia de que a floresta amazônica poderia ser a base de um modelo de desenvolvimento justo, inclusivo e sustentável foi tratada como utopia. Para os povos da floresta, no entanto, essa sempre foi uma certeza, ainda que desacreditada por muitos. Em 2025, no Pará, essa visão ganhou forma concreta.

Entregue pelo Governo do Pará, o Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia, em Belém, tornou-se o símbolo mais visível dessa transformação. Mais do que um equipamento público, o Parque representa o encontro entre saberes tradicionais, ciência, tecnologia, políticas públicas e novos mercados, apontando para um futuro em que a floresta viva é fonte de renda, conhecimento e dignidade.

Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia é considerado 'um marco histórico'

“Hoje é um momento extremamente importante e especial para nós, povos da floresta, porque 40 anos atrás, quando o Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) dizia que era possível viver com a floresta viva, todo mundo duvidava”, afirma Letícia Moraes, vice-presidente do CNS. “O projeto que se tinha para a Amazônia não nos envolvia. E hoje, quando estamos aqui, discutindo com o governo e diferentes organizações o que a floresta viva representa, isso nos dá sustentação para tudo. O Governo do Pará está de parabéns por este momento, que para nós é um marco histórico”, reitera.

Protagonismo - Esse novo ciclo não começou em um único dia. Foi vem sendo construído desde 2019 e intensificado em 2025, ano em que o Pará consolidou-se como protagonista nacional e internacional na agenda ambiental e climática, com a realização da Conferência do Clima das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30, que transformou Belém em vitrine global de soluções socioambientais.

Sob a coordenação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas), o Governo apresentou resultados históricos no combate às queimadas e ao desmatamento, mostrando resultados concretos.

Durante o período mais crítico do verão amazônico, o Pará registrou quedas expressivas nos focos de queimadas: 74% de redução em julho, 90% em agosto e um recuo histórico de 85% no trimestre entre julho e setembro, na comparação com 2024. Esses resultados são frutos das ações do Programa Estadual de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Pepif), lançado este ano, que viabilizou a contratação de brigadistas, operações integradas e protocolos de resposta rápida.

Redução - No desmatamento, o Estado liderou a maior redução absoluta da Amazônia Legal, segundo dados do Prodes, sistema do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No ano Prodes 2025, encerrado em 1º de julho, o Pará reduziu o desmatamento em 297 quilômetros quadrados (km²), a maior queda em área entre os estados da região. Em relação a 2021, quando o desmatamento chegou a 5.238 km², a redução acumulada alcança 60%. Entre agosto e novembro de 2025, os alertas somaram 385 km², o menor valor da série histórica desde 2019, representando quase 400 km² de floresta preservados.

Secretário Raul Protázio Romão: Estado está presente

“Estamos unindo tecnologia, presença territorial e resposta rápida. O resultado é concreto e já sentido em todo o Estado”, garante o titular da Semas, Raul Protázio Romão, ao destacar a atuação integrada das operações Curupira e Amazônia Viva, do uso de inteligência e da presença contínua do Estado nos territórios.

Pioneirismo - É sobre esse alicerce que o Parque de Bioeconomia se sustenta. Localizado no Complexo Porto Futuro, o espaço reúne laboratórios, incubadoras, residências tecnológicas, áreas de pesquisa, estruturas para turismo sustentável e serviços voltados a povos e comunidades tradicionais. Pioneiro no mundo, o Parque é um dos pilares do Plano Estadual de Bioeconomia (PlanBio) e do Vale Bioamazônico, conectando comunidades, pesquisadores, empreendedores e investidores em torno da sociobiodiversidade amazônica.

Para quem vive da floresta, o impacto é direto. “Ele vem pra agregar valor, junto com o conhecimento tradicional da comunidade, e fazer com que assim a gente possa trabalhar em sintonia ainda maior com a natureza”, assegura Josiele Seixas, agricultora, ao destacar a importância do Parque para fortalecer a produção sustentável e ampliar oportunidades para quem está no território.

Durante a COP30, o Parque recebeu visitas de lideranças globais, como o ambientalista norte-americano Al Gore; o governador da Califórnia, Gavin Newsom; o ministro do Clima da Noruega, Andreas Biellan Eriksen, e o vice-presidente executivo do CAF, Christian Asinelli.

Paralelamente, o Estado lançou o novo Edital InovaSociobio, com cerca de R$ 7 milhões para impulsionar negócios comunitários, e avançou na Plataforma de Monitoramento do PlanBio, fortalecendo a transparência sobre as ações do Plano.

Espaço da Semas na COP30

Avanços - Outras políticas estruturantes de 2025 dialogam diretamente com essa visão. O Pará avançou na consolidação do Sistema Jurisdicional de REDD+, realizando 15 Consultas Livres, Prévias e Informadas (CLPIs) com quilombolas, extrativistas e agricultores familiares.

Outro marco foi a concessão da Unidade de Recuperação Triunfo do Xingu à iniciativa privada, o primeiro modelo brasileiro voltado exclusivamente à restauração ecológica em terras públicas.

Em junho, o Estado sancionou a Lei de Responsabilidade Ambiental, vinculando parte das receitas da exploração de recursos naturais ao financiamento da política ambiental, garantindo previsibilidade orçamentária e sustentabilidade de longo prazo. O ano de 2025 também foi marcado pela aprovação do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração dos servidores da Semas, uma demanda histórica dos agentes públicos.

A política de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) também avançou, com ampliação do valor do benefício do Projeto Valoriza Territórios Sustentáveis para até R$ 22 mil, e a inclusão de modelos voltados à segurança hídrica, conservação em territórios tradicionais e apoio à produção sustentável.

Entrega de CAR em Bragança

O Programa Regulariza Pará intensificou mutirões do Cadastro Ambiental Rural (CAR), ampliou a assistência técnica e levou equipes de campo a territórios estratégicos. O Estado ultrapassou 10 milhões de hectares com CAR, com 98% dos 226.338 cadastros analisados. A modalidade coletiva do CAR para Povos e Comunidades Tradicionais avançou com 73 registros em 2025, totalizando mais de 4 milhões de hectares e beneficiando mais de 20 mil pessoas, com destaque para a participação feminina e o aumento da titulação de territórios.

Outras conquistas - Na agenda produtiva, o Pará ampliou os Acordos de Pesca, fortaleceu o manejo do pirarucu, ordenou mais de 637 mil hectares e beneficiou cerca de 20 mil famílias. Cadeias produtivas, como a ostreicultura, ganharam incentivo, e o Estado recebeu premiações nacionais e internacionais por iniciativas de pesca sustentável. A Semas também ampliou a proteção da fauna, educação ambiental e conservação marinha, e lançou o Atlas dos Manguezais, além de tornar o Pará o primeiro Estado brasileiro a integrar o pacto global Mangrove Breakthrough.

Com o Programa Água para Todos, o Estado levou acesso à água potável a comunidades rurais e ribeirinhas da Ilha do Combu (que integra a área insular de Belém), ação reconhecida nacionalmente por seu impacto social e ambiental.

Pará registra avanços com o 'Pecuária sustentável'

Na pecuária, o Programa Pecuária Sustentável avançou com acordos firmados com grandes redes e frigoríficos, e a entrega dos Núcleos de Atendimento aos Produtores e Criadores do Pará (NAPs), aproximando políticas públicas das pessoas. Além disso, o Governo inovou ao lançar o Programa Cheque Pecuária, iniciativa inédita que concede benefícios de R$ 20 mil a pequenos produtores rurais e agricultores familiares para estimular a produção sustentável.

Debate - Durante a COP30, Belém sediou debates globais, apresentou resultados concretos e políticas estruturantes entre outros espaços, no Pavilhão Pará, que colocou todos esses temas no centro do debate.

Ao olhar para o Parque de Bioeconomia, Letícia Moraes, do CNS, resume o sentido dessa trajetória construída ao longo de décadas: “Quando a gente vê esse espaço se tornar realidade, com o Governo reconhecendo que a floresta viva é caminho, a gente entende que aquilo que defendíamos há 40 anos não era utopia. Era visão de futuro”, ressalta.