Abertura de empresas no Pará cresce 27% nos primeiros meses de 2025; comércio varejista e serviços lideram
Empreendedorismo ganha força no estado, impulsionado por desburocratização e novas oportunidades

A formalização de negócios no Pará segue em alta em 2025. Entre janeiro e maio, foram abertas 44.616 novas empresas, um aumento de 27% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram registrados 35.282 novos negócios. Os dados são da Junta Comercial do Pará (Jucepa). O comércio varejista e serviços lideram o movimento, refletindo um cenário favorável para empreendedores e microempreendedores.

A professora aposentada Maria de Nazaré Moreira da Silva, de 64 anos, está entre os empreendedores paraenses. Apaixonada por artes manuais e pela manipulação de tinturas, ela decidiu transformar um hobby em um negócio. E, assim, nasceu o Banquete Aromático Amazônic, marca de perfumaria botânica e de produtos de bem-estar com insumos da Amazônia.
O que começou de forma despretensiosa, como um prazer pessoal em transformar matéria-prima em produtos aromáticos, foi ganhando forma e identidade ao longo dos anos. “Sempre fui apaixonada por ver algo simples se tornar arte. As tinturas são o meu encantamento. O cheiro, a textura, a transformação, tudo isso me move”, diz Maria de Nazaré.
Ela passou a expor seus produtos em feiras circulares, voltadas à economia criativa e ao consumo consciente. O retorno do público a motivou a formalizar o negócio. “O feedback das pessoas foi essencial. Entendi que não era só um produto — era uma experiência, uma memória olfativa da floresta.”
A marca ganhou força ao abraçar o lema “Floresta em Pé, Práticas Sustentáveis e Mulheres Empreendedoras". No coração da proposta está a valorização da biodiversidade amazônica e o empoderamento feminino, pilares que se conectam diretamente com os debates em torno da COP30, que ocorrerá em Belém, em novembro. “A conferência traz uma nova energia para quem empreende de forma consciente. É a chance de mostrar ao mundo o que temos e o que queremos preservar”, diz a artesã.
Microempreendedores lideram crescimento
O avanço da abertura de empresas no Pará é liderado, principalmente, por Microempreendedores Individuais (MEIs), que responderam por 33.869 registros entre janeiro e maio deste ano. As microempresas (MEs) também cresceram, com 7.344 registros no período, frente a 6.915 no mesmo intervalo de 2024.
Segundo o presidente da Jucepa, Filipe Meireles, o aumento é resultado direto dos processos e políticas implantados pelo Governo do Estado em parceria com a autarquia, voltados a incentivar a formalização de negócios. “Estamos colhendo os frutos de uma estrutura mais ágil e acessível. A Jucepa investiu em soluções digitais que reduzem a burocracia e aproximam o empreendedor do seu objetivo de abrir um negócio formal em poucos dias”, detalha.
Outro sinal positivo é a redução no número de empresas fechadas: foram registradas 12.302 baixas de janeiro a maio de 2025, contra 13.190 no mesmo período de 2024. Isso reforça a resiliência e a consolidação dos negócios no estado.

Comércio e serviços lideram ranking: Belém, Ananindeua e Parauapebas concentram maior volume
As atividades mais recorrentes entre os novos negócios continuam ligadas ao comércio e aos serviços. O comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios lidera o ranking, seguido por promoção de vendas, serviços de malote e salão de beleza. Entre os municípios, Belém se destaca como o principal polo de empreendedorismo no Pará, com 11.274 novas empresas abertas, seguido por Ananindeua e Parauapebas.
A expectativa da Jucepa é que o ritmo se mantenha nos próximos meses, apoiado por ações voltadas à educação empreendedora e iniciativas contínuas de desburocratização de processos. “O Pará vive um momento propício para quem quer empreender. A formalização não é mais uma barreira, mas um passo simples e estratégico para crescer”, conclui Meireles.