Santa Casa do Pará contribui para formação do profissional de pediatria na Amazônia
A Fundação Santa Casa desempenha um papel fundamental na redução da mortalidade infantil e materna e na formação de profissionais de saúde
A Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, fundada em 24 de fevereiro de 1650, é uma das instituições de saúde mais antigas do Brasil e pioneira na assistência à saúde na Amazônia. Reconhecida por sua excelência no atendimento materno-infantil, o hospital passou a ser Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMPA), em abril de 1990, e consolidou-se como referência em cuidados pediátricos e neonatais na região Norte.
A Fundação Santa Casa desempenha um papel fundamental na redução da mortalidade infantil e materna e na formação de profissionais de saúde. Celina Borges Maciel, uma das médicas pediatras mais antigas da instituição, relata que ser pediatra é um sonho realizado desde quando era criança. “Eu não seria outra coisa na vida a não ser pediatra. Eu decidi ser médica aos seis anos de idade, após uma consulta com um excelente profissional. Disse naquele momento que seria igual a aquele médico. Ele parecia um anjo. E a partir daí todo o meu objetivo foi lutar para ser pediatra. E consegui”.
“Hoje estou super feliz na minha profissão. Até hoje eu tenho alegria em trabalhar na área de pediatria, após 45 anos de formada. Eu venho para cá com alegria, porque isso me faz feliz. A pediatria é minha vida, é meu respirar, é a batida do meu coração forte. Isso é ser pediatra para mim``, diz emocionada a doutora Celina.
Para Ana Cristina Marques, gerente da área de pediatria da instituição, o exercício da pediatria "é um chamado de Deus e ter o coração aberto para acolher, escutar e cuidar dos pequenos com amor, dedicação e humildade. 'Pediatria é emoção, esta curta frase de nosso mestre Dr. Sidney Barbosa, resume tudo o que vivenciamos”.
”Cada criança que atendo me lembra do valor da vida, da pureza e da esperança. Esperança que nos dá a certeza de que a vida renasce todos os dias. Ser pediatra é servir com o coração, não mudando sua essência de amor ao próximo, do paciente e família. É um dom que recebi e que procuro honrar com gratidão e fé”, disse a médica Ana Cristina.
Na década de 1970, a Santa Casa paraense deu um importante passo ao estruturar seu serviço de pediatria: um marco para a assistência à saúde infantil no Pará. Naquele período, crianças eram internadas em enfermarias mistas, compartilhando espaços com adultos, o que representava um grande desafio para a qualidade do atendimento.
Na década dos anos de 1980, o hospital, sob a liderança de médicas visionárias, como a professora doutora Salma Saraty e a doutora Pedrosina Filo Creão, o serviço foi implantado, garantindo um ambiente mais adequado e especializado para o cuidado pediátrico.
"O objetivo sempre foi garantir que nenhuma criança fosse negligenciada, especialmente diante de problemas evitáveis”, recorda Salma Saraty. O setor tornou-se um marco regional e nacional, promovendo a redução da mortalidade neonatal na região amazônica e atualmente é um dos maiores serviços em número de leitos de neonatologia do Brasil.
Formação de referência - A Santa Casa do Pará iniciou seu programa de residência médica em pediatria em 1977, consolidando-se como um dos principais centros de formação de pediatras no Brasil. Até o momento, mais de 200 especialistas foram formados no programa, pioneiro no Norte do país. O programa adotou um currículo com três anos de duração, garantindo maior aprofundamento nas competências exigidas pela prática pediátrica.
Erica Gomes, diretora de Ensino Pesquisa e Extensão da Fundação Santa Casa, destaca que a primeira residência de Pediatria do Estado foi a da Santa Casa, em parceria com a UFPA (Universidade Federal do Pará). “Desde então, já foram dezenas de profissionais formados para o atendimento especializado às nossas crianças. Além de sermos referência em saúde infantil, com mais de uma centena de leitos destinados às crianças desde o nascimento, atendendo diversos perfis e alta complexidade. Contamos ainda com um corpo clínico pediátrico altamente capacitado e comprometido com a formação de novos pediatras e subespecialistas da área”.
"Com o programa de residência, a FSCMPA não apenas forma especialistas, mas transformou o cuidado intensivo pediátrico referência na região Norte, impactando diretamente a qualidade de vida de milhares de crianças”, destaca a professora doutora Patrícia Carvalho, médica que coordena a COREME (Residência Médica) na Santa Casa.
Ana Cláudia Gonçalves, médica pediatra e preceptora da área de ensino, revela que sempre quis a pediatria. “Nessa escolha tive referências na graduação como as professoras Mariane, a Salma, que é daqui, me influenciaram positivamente para fazer pediatria. E a pediatria é empolgante, é cativante. A gente, quando começa a trabalhar com a criança e vai vendo um avanço importante com a sua melhora, durante a sua passagem pelo hospital”.
Ana Cláudia foi residente, nos anos de 2003 a 2005, na área de pediatria e conta que a vida é um constante aprendizado. “A gente aprende com os nossos residentes e a gente ensina também coisas que eles aprendem de uma forma geral, na medicina. Na pediatria, eles vão ter o olhar voltado para o bebê, para a criança, com suas especificidades, com suas particularidades. E a gente vê esse muito deles também na área de conhecimento”.
Fábio Amaral Júnior, médico residente em pediatria, iniciou a trajetória na residência há cinco meses. “Desde então, tenho vivido uma experiência que vai além da medicina técnica. É uma jornada de afeto, escuta e presença. Cuidar de crianças é mergulhar num universo onde cada pequeno gesto tem um significado imenso. Cada sorriso, cada olhar e cada conquista das crianças nos ensinam que cuidar vai muito além de tratar doenças”.
“Estar presente, acolher, proteger e fazer parte dos primeiros capítulos de vidas cheias de possibilidades. Poder transformar positivamente a vida de cada pequeno paciente e de suas famílias é um privilégio que só a pediatria é capaz de proporcionar e isso me enche de muita realização pela especialidade que escolhi”, afirma Fábio Júnior.
Sanaeltho Teófilo Costa, médico residente em pediatria, diz: "Me apaixonei pela pediatria no dia em que pude contemplar pela primeira vez o nascimento de uma criança, o primeiro suspiro, o primeiro choro, a delicadeza e a inocência daquele pequeno ser”.
“Ver nascer e acompanhar o crescimento e o desenvolvimento de uma criança, cuidando de sua saúde e promovendo o seu bem-estar em todos os aspectos de sua vida é o que há de mais gratificante na medicina. O pediatra de hoje protege, acolhe e cuida do futuro da nossa sociedade através do que há de mais precioso no mundo que são nossas crianças”, enfatiza o médico residente Sanaeltho.
Dia do Pediatra
O Dia do Pedriatra, celebrado em 27 de julho, marca a fundação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) em 1910. É um dia dedicado a homenagear os profissionais que dedicam suas vidas ao cuidado da saúde de crianças e adolescentes, desde o nascimento até a adolescência.
A data reforça a importância da atuação do pediatra, tanto na prevenção quanto no tratamento de doenças, além de promover o desenvolvimento saudável e o bem-estar da população pediátrica. A SBP, inclusive, utiliza a data para promover campanhas e ações de conscientização sobre a relevância do acompanhamento pediátrico ao longo da infância e adolescência.
Vilma Hutim, médica pediatra da Santa Casa é Membro da diretoria da SBP, do grupo gestor do Comitê de Políticas Públicas (gestão 2025-2028), destaca que o Dia do Pediatra representa uma missão no cuidado e defesa de atendimento integral à criança e adolescentes, além de suas famílias na sociedade. “O pediatra é o profissional que segundo nosso estatuto da SBP, atende crianças e adolescentes. O desenvolvimento infantil adequado está correlacionado com os fatores perinatais, adequação ao parto, nascimento seguro, triagem neonatal, monitoramento dos marcos do desenvolvimento nos primeiros anos de vida”.
“É importante que o profissional da área pediátrica persista nesse interesse e missão. Ainda temos muitas crianças sem atenção adequada e precisamos lutar pela dignidade, condição de vida integral dessas crianças, com especificidade próprias. Essas crianças serão o cidadão do futuro. E nossa missão faz muita diferença. Você vai estar contribuindo para a formação de um novo ser humano. Seja acolhedor, paciente, resiliente, além de escutar e acolher famílias e entender todo contexto social”, orienta Vilma Hutim.
Erica Gomes, que comanda a diretoria de Ensino Pesquisa e Extensão é médica reumatologista pediátrica, reforça que a pediatria é a especialidade que cuida da pessoa desde o seu nascimento até o final da adolescência. “Esse cuidado é centrado na prevenção de agravos, acompanhamento do desenvolvimento, do crescimento, avaliando a afetividade e a saúde mental, visando uma infância saudável e consequentemente impactando positivamente na saúde da população adulta, com uma enorme contribuição social”.
“Minha formação em Pediatria foi na Santa Casa, onde tive a oportunidade de aprender não só sobre doenças e condições de gravidade, mas principalmente vivenciar o contato com seres humanos e suas peculiaridades. Lidar com as crianças e suas famílias nos momentos de dor e de alegria certamente me trouxeram uma grande bagagem profissional”, diz Erica.