Protagonismo amazônico marca início da programação na Arena Multivozes na 28ª Feira Pan-Amazônica do Livro
Em tarde de poesia, ancestralidade e afetos, escritores protagonizaram momento marcante regado de literatura e cultura amazônica
Na tarde deste sábado, 16, a Arena Multivozes da 28ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes foi tomada por emoção e profundidade durante o bate-papo entre as escritoras Wanda Monteiro, homenageada desta edição, e Tânia Sarmento, que contou com a intervenção artística "Aquatempo" do escritor Juraci Siqueira.

O público presente acompanhou um bate-papo leve onde a escritora Wanda Monteiro contou todo o processo de escrita para a também escritora Tânia Sarmento, que tem conhecimento sobre todos os eixos da literatura da homenageada. O escritor Juraci Siqueira também participou do momento ao realizar uma leitura cênica de “Aquatempo”, um diálogo poético-filosófico sobre memória, tempo e envelhecimento de um casal de ribeirinhos que mora numa ilha fluvial.
Segundo a escritora Wanda Monteiro, participar da Feira como homenageada é um momento indescritível. “É um sentimento plural, conjugamos vários verbos. Fico embevecida, motivada e agradecida. Outros sentimentos afloram, que me deixam reflexiva sobre a minha trajetória. Um deles é esse sentimento de dever cumprido. O escritor se sente em uma caminhada muito solitária e quando acontece isso soa como uma resposta do público e, sobretudo, uma resposta das instituições que fazem políticas públicas de cultura em nosso Estado”, afirmou.

Wanda Monteiro, nascida em 1958, no município de Alenquer, no Oeste do Pará, é filha do consagrado escritor Benedicto Monteiro. Herdou do pai não apenas o talento para a literatura, mas também o compromisso com a memória e as lutas do povo paraense. Advogada, escritora e pesquisadora da obra paterna, Wanda construiu uma trajetória sólida, marcada pela produção de contos, ensaios, poemas e romances. Em sua escrita, a Amazônia não é apenas cenário, é protagonista. Com textos publicados em importantes revistas literárias nacionais, ela se destaca como uma das vozes de resistência da literatura amazônica contemporânea.
A escritora Tânia Sarmento não escondeu a felicidade em participar de um momento de afirmação da cultura amazônica. “Não tem como medir a importância de participar desse momento. Esse bate-papo tem um impacto gigantesco ao longo da sua história, o impacto dele sobre o público leitor, principalmente, é algo que a gente não tem como negar. Estou muito feliz de ter participado desse espaço de fala, principalmente, que é um espaço identitário, de todos nós, meus e dos dois escritores”, revelou.
O professor universitário Michel Guimarães, acompanhou o bate-papo com emoção e felicidade por estar diante de grandes nomes da literatura paraense. “Foi muito mais do que uma conversa literária, foi um mergulho profundo em linguagens que dialogam com o tempo, o território e a memória. Cada palavra trocada aqui trouxe à tona camadas da escrita feminina, amazônica e brasileira, com a força de quem entende a literatura como resistência, mas também como delicadeza”, ressaltou.
O bate-papo deste sábado reafirmou a importância de se reconhecer e celebrar as vozes amazônicas contemporâneas. Wanda Monteiro e Tânia Sarmento, com suas falas firmes e poéticas, deram o tom de um evento que não se contenta apenas em vender livros, mas em provocar encontros transformadores.
Serviço
28ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes
Local: Hangar Centro de Convenções da Amazônia – Belém
Período: 16 a 22 de agosto de 2025
Horário: das 9h às 22h (entrada até 21h)
Entrada franca