Relançamento de obra de Benedicto Monteiro marca 2º dia da Feira Pan-Amazônica do Livro
Editora Pública Dalcídio Jurandir, vinculada à Imprensa Oficial do Estado, reapresenta Transtempo, romance autobiográfico do escritor paraense

O estande da Imprensa Oficial do Estado do Pará (IOE) foi palco, no domingo (17), de um dos momentos mais marcantes do segundo dia da 28ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, realizada no Hangar. A Editora Pública Dalcídio Jurandir, vinculada à IOE, promoveu o relançamento de Transtempo, romance autobiográfico de Benedicto Monteiro (1924/2008). A obra resgata a trajetória de vida e resistência do escritor paraense.
A Feira do Libro reúne grande público e que segue até o próximo dia 22, com entrada gratuita promovida pelo Governo do Estado, por meio da Secult.
Memória e resistência
Nascido em Alenquer, em 1924, Benedicto Monteiro foi escritor, jornalista, advogado e político. Reconhecido por seu estilo literário ligado ao imaginário amazônico e à luta pela liberdade, ele também se destacou pelo papel político que exerceu em defesa da democracia.

No livro Transtempo, lançado originalmente em 1993, o autor narra episódios de sua vida sob a ótica da perseguição e da prisão durante a Ditadura Militar, em 1964, período em que foi cassado, torturado e teve os direitos políticos suspensos por mais de uma década.
Após sair da prisão, dedicou-se à advocacia agrária e à literatura. Benedicto publicou obras de referência, como Direito Agrário e Processo Fundiário, além de livros de poesia e ficção. O livro dele de contos 'Carro dos Milagres' recebeu o prêmio da Academia Paraense de Letras, e o romance 'A Terceira Margem' foi reconhecido nacionalmente pela Fundação Cultural do Distrito Federal (DF). Mesmo enfrentando o câncer, conseguiu concluir e lançar 'O Homem Rio', pouco antes de falecer, em junho de 2008.

Reconhecimento na Feira
O presidente da IOE, Jorge Panzera, ressaltou a relevância da obra de Benedicto no atual contexto: “Tínhamos um compromisso com o Centenário de Benedicto, mas a importância dele vai além da data. Sua produção literária mergulha no imaginário amazônico como poucas, e sua trajetória política representa a resistência pela democracia. Num país que reafirma hoje esse valor, homenageá-lo é reafirmar a nossa memória e identidade”, afirmou.
O relançamento de Transtempo contou com a presença das filhas do escritor, Duty e Wanda Monteiro, esta última homenageada desta edição da Feira. Para Wanda, a ação representa um resgate fundamental: “O significado deste livro é a preservação da memória, que a Imprensa Oficial tem valorizado ao reeditar obras de autores paraenses. Ano passado celebramos o Centenário do Benedicto, e a publicação da tetralogia dele, que será lançada gradualmente pela IOE, é uma das mais importantes homenagens que ele poderia receber”, afirmou.
O coordenador da Editora Dalcídio Jurandir, Moisés Alves, destacou que a expectativa é lançar ainda neste semestre Verde Vago Mundo, segunda parte da tetralogia. “É uma recuperação histórica de um autor essencial para a literatura amazônica e brasileira”, disse.
Programação da Editora Dalcídio Jurandir
O relançamento de Transtempo integra a programação da Editora Pública Dalcídio Jurandir na 28ª Feira Pan-Amazônica do Livro. Até sexta-feira (22), serão lançados 14 títulos inéditos. Nesta segunda-feira (18), estão previstos Plácido e o Círio, de Edilberto Silva, e Meu Livro Caiu, trilogia ambiental de Heliana Barriga.
Na terça-feira (19), às 18h, a Editora celebra seis anos de existência com um momento aguardado: o relançamento de Chove nos Campos de Cachoeira, de Dalcídio Jurandir, primeiro volume do Ciclo do Extremo Norte, obra que retorna ao catálogo após anos de espera.
Criada pela IOE em 2019, a Editora Pública Dalcídio Jurandir vem consolidando sua missão de valorizar escritores paraenses e divulgar a produção literária amazônica, resgatando nomes fundamentais como Dalcídio e Benedicto Monteiro, ao lado de novos talentos.