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Estado celebra o Dia do Carimbó com iniciativas de valorização do patrimônio imaterial do Pará

Políticas públicas asseguram a continuidade da tradição e o reconhecimento de ícones da cultura popular, como o Mestre Damasceno, que morreu nesta terça-feira

Por Amanda Engelke (SECULT)
26/08/2025 17h34
Mestre Damasceno, ícone da cultura popular, homenageado na última Feira Pan-Americana do Livro e das Multivozes

O Dia Municipal do Carimbó, celebrado em 26 de Agosto, destaca um dos maiores símbolos da cultura paraense. O ritmo e a dança, nascidos das trocas entre povos originários, conquistaram o território paraense, integrando-se à identidade do povo paraense. O Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), vem promovendo, nos últimos anos, diversas iniciativas de valorização e salvaguarda do carimbó.

Reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 2014, o carimbó carrega a identidade cultural do Pará e se mantém vivo graças à contribuição de inúmeros mestres e mestras. Desde 2019, a Secult assumiu o compromisso de fortalecer a salvaguarda do carimbó e de outros patrimônios culturais do Estado. Entre as ações, destacam-se os investimentos de R$ 5 milhões em editais voltados ao Patrimônio Imaterial, contemplando diretamente o carimbó.

Por meio das leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo, e da Política Nacional Aldir Blanc, já foram viabilizadas mais de 240 premiações destinadas à valorização do patrimônio cultural imaterial.

Construção social - A secretária de Estado de Cultura, Ursula Vidal, destaca que todas as ações do governo do Estado estão sempre orientadas pelo Plano de Salvaguarda do Carimbó. “Esse documento é importantíssimo, fruto de uma ampla construção social. Seja na Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, nos editais executados pela Secult, nas apresentações dos corpos artísticos do Theatro da Paz ou nas ações culturais que compõem nosso calendário, a valorização das práticas e saberes de mestres e mestras carimbozeiros é parte essencial da nossa missão institucional”, afirma a secretária.

“Com a execução da Política Nacional Aldir Blanc, construída em diálogo com o Conselho Estadual de Cultura, consolidamos um edital permanente de premiação voltado a mestres e mestras da cultura popular, em que o carimbó é uma das expressões mais fortes. Também estamos realizando uma cartografia cultural para identificar os espaços de manutenção dessa tradição, assim como seus guardiões e guardiãs. O carimbó é a cara do Pará, e vibra forte em nossos espíritos dançantes”, acrescenta Ursula Vidal.

Homenagem a Mestre Damasceno - Entre as iniciativas recentes, destaca-se a escolha do Mestre Damasceno como um dos homenageados na 28ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes. Nome emblemático da cultura popular amazônica, Mestre Damasceno foi referência no carimbó, nas toadas e na poesia oral. Nesta terça-feira, justamente no Dia do Carimbó, o mestre faleceu aos 71 anos de idade.

Durante a Feira do Livro - realizada de 16 a 22 de agosto -, em Belém, a Secult lançou o livro “Mestre Damasceno e as Cantorias do Marajó”, organizado pelo jornalista Antônio Carlos Pimentel Jr. e ilustrado por Mandy Modesto. A obra narra a história de vida do quilombola de Salvaterra, no Arquipélago do Marajó, desde a infância, passando pela criação do Búfalo-Bumbá, pela participação em desfiles no carnaval do Rio de Janeiro e pela carreira como compositor e mestre do carimbó e da cultura amazônica.

Na programação da Feira, Mestre Luizinho Lins, de Icoaraci (distrito de Belém), levou um grupo de crianças para uma apresentação em homenagem ao amigo. “Particularmente, me trouxe muita emoção em fazer parte, pelo homenageado ser meu amigo, Mestre Damasceno (a realeza do Marajó), que muito merecidamente a Feira destacou. Apresentamos músicas do mestre e compositor de Icoaraci em um espaço de dimensões nacionais. Isso é uma alegria, principalmente levando uma nova geração ao palco, que começou a conhecer a cultura popular agora, os instrumentos”, relatou o mestre, já contemplado em edital da Secult.

Reconhecimento e fortalecimento da ancestralidade - A Mestra Jesus, também premiada em edital, reforça a importância do reconhecimento do carimbó como patrimônio imaterial. “A importância desse reconhecimento é para preservação da identidade no que diz respeito à cultura de um povo, bem como suas tradições, para que sejam repassadas de geração em geração, com o intuito de reconhecimento e fortalecimento da ancestralidade”, ressalta.

A escolha da data — 26 de agosto — faz referência ao nascimento de Mestre Verequete (Augusto Gomes Rodrigues), reconhecido como Rei do Carimbó, que com originalidade ampliou a difusão do ritmo. Mestre Verequete faleceu em Belém, em 2009, aos 93 anos. Três anos depois, foi condecorado postumamente com o título de Comendador da Ordem do Mérito Cultural, do Ministério da Cultura — a mesma honraria recebida este ano por Mestre Damasceno, uma das mais importantes distinções do Governo Federal.