Filhotes de tartarugas marinhas são soltos na Praia da Princesa, na APA Algodoal-Maiandeua
Os animais foram monitorados durante cerca de 60 dias, desde o momento da desova até estarem prontos para enfrentar o desafio de chegar ao mar

A Praia da Princesa, um dos cartões-postais da Área de Proteção Ambiental (APA) Algodoal-Maiandeua, em Maracanã, região nordeste paraense, foi palco de um momento especial nesta quinta-feira (28): a soltura de 20 filhotes de tartarugas marinhas da espécie oliva (Lepidochelys olivacea). Conduzido pelo Instituto Bicho D’água e pela Arvut Meio Ambiente, em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), o evento reuniu autoridades, visitantes e a comunidade local.
Os animais foram monitorados durante cerca de 60 dias, desde o momento da desova até estarem prontos para enfrentar o desafio de chegar ao mar. Esse processo é essencial para aumentar as chances de sobrevivência da espécie, considerada vulnerável à extinção, diante de ameaças como a poluição, a caça de ovos e a ocupação irregular das áreas de desova.

Para a monitora do Instituto Bicho D’água e da Arvut Meio Ambiente, Alcione Alves, o nascimento e a soltura dos filhotes representam um símbolo de esperança. “Cada filhote que alcança o mar carrega consigo a nossa dedicação diária ao monitoramento e à proteção. É emocionante ver a comunidade se envolvendo, crianças e adultos aprendendo a importância de preservar. Esse momento mostra que a vida sempre encontra um caminho, quando há cuidado e responsabilidade”, destacou.
Engajamento - A soltura dos filhotes também teve caráter educativo, mobilizando crianças e jovens da comunidade, que puderam acompanhar de perto o ciclo da vida marinha. A iniciativa reforçou a importância da conscientização ambiental desde cedo, para que novas gerações assumam o papel de protetoras da biodiversidade local.
Além disso, vale lembrar que a Praia da Princesa, cenário escolhido para a soltura, é uma das áreas mais visitadas de Algodoal-Maiandeua e representa o equilíbrio entre turismo sustentável e preservação ambiental. A presença de turistas durante a atividade foi vista como oportunidade para multiplicar a mensagem de conservação e respeito à natureza.

De acordo com o diretor de Gestão e Monitoramento de Unidades de Conservação do Ideflor-Bio, Ellivelton Carvalho, a atividade também reforça a relação entre conservação e engajamento comunitário. “Esse é um momento de celebração da vida e da natureza. O Ideflor-Bio reafirma aqui seu compromisso com a preservação dos quelônios e a conscientização das comunidades locais, que são as verdadeiras guardiãs da unidade de conservação. É fundamental que a população esteja engajada, não consuma ovos e nos comunique sempre que identificar a presença desses animais. Juntos conseguimos proteger o ciclo de vida das tartarugas marinhas”, afirmou.
Bioindicador - A analista ambiental do Ideflor-Bio, Lorena Lisboa, lembrou que a presença das tartarugas é um indicador da saúde dos ecossistemas costeiros. “As tartarugas marinhas são bioindicadoras do ambiente e cumprem papel essencial na regulação natural dos ecossistemas costeiros. Além disso, quando nascem e percorrem a faixa de areia, elas registram em sua memória esse local e retornam no futuro para desovar. Garantir a sobrevivência dos filhotes hoje significa assegurar que essa história de vida continue”, explicou.

A gerente da Região Administrativa do Nordeste do Ideflor-Bio, Raimunda Araújo, conhecida carinhosamente como dona Dica, expressou sua emoção com o evento. “É um momento de gratidão a Deus e de grande alegria para nossa comunidade. Receber visitantes e autoridades aqui na ilha e mostrar a riqueza natural que temos é motivo de orgulho. A soltura das tartarugas é uma bênção e um presente para todos nós que vivemos e cuidamos desse território”, disse.

Parceria - O Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) também esteve presente na ação. Para a promotora de Justiça de Maracanã, Brenda Braga, o trabalho conjunto das instituições é essencial para a continuidade das iniciativas. “É um belíssimo trabalho realizado pelo Ideflor-Bio, pela Arvut e pelo Instituto Bicho D’água. O Ministério Público, como fiscal dos serviços públicos, inclusive, do meio ambiente, acompanha de perto essas atividades para garantir que a APA Algodoal-Maiandeua seja protegida. Estaremos sempre presentes, fiscalizando e apoiando ações que assegurem a preservação das tartarugas marinhas no litoral paraense”, ressaltou.
A promotora disse, ainda, que a ação deixou como legado não apenas a esperança de retorno das futuras fêmeas à mesma praia, mas também a certeza de que a proteção das espécies ameaçadas só é possível com união de esforços entre instituições, comunidades e sociedade civil. “Em Algodoal, cada soltura reafirma que a vida marinha merece ser celebrada e preservada”, concluiu Brenda Braga.