Pará encerra participação na 5ª Conapir fortalecendo o protagonismo da igualdade racial no Estado
Delegação paraense foi a maior da região Norte e apresentou contribuições em defesa de povos e comunidades tradicionais de matriz africana, juventude negra, quilombolas, mulheres e população LGBTQIAPN+
Após cinco dias de intensos debates em Brasília (DF), a delegação do Pará concluiu sua participação na 5ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Conapir) com destaque no cenário nacional. Participando com 63 delegados, eleitos na etapa estadual promovida pelo Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Igualdade Racial e Direitos Humanos (Seirdh) e pelo Conselho Estadual de Política de Promoção da Igualdade Racial (Coneppir), o Pará participou com a maior delegação da região Norte.

O Estado apresentou 15 propostas prioritárias, elaboradas na 5ª Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial. Durante o evento nacional, os debates envolveram representantes de todos os estados, movimentos sociais e gestores públicos, reforçando a construção coletiva de políticas de reparação, justiça e democracia racial.

A titular da Seirdh, Edilza Fontes, destacou o caráter histórico da participação paraense. “O Pará cumpriu o seu papel de forma exemplar, levando para o debate nacional as vozes e demandas do nosso povo. Voltamos para casa com a certeza de que contribuímos para fortalecer a luta por reparação, justiça e democracia racial. O compromisso do governo do Estado é garantir representatividade e defender políticas públicas efetivas”, afirmou a secretária.
Atuação nos eixos - Além da defesa de propostas, os delegados paraenses participaram de grupos de trabalho, mesas temáticas e articulações que ampliaram o diálogo com outras regiões do País.

De acordo com Denilson Silva, gerente de Promoção da Igualdade Racial da Seirdh, a participação do Pará foi significativa. “Tivemos uma atuação muito forte no eixo de reparação, com a participação de povos e comunidades tradicionais de matriz africana. Também avançamos com propostas da juventude negra, que buscou transversalizar as políticas de igualdade racial com as políticas de juventude, além da contribuição de delegados LGBTQIAPN+ que levaram pautas ligadas ao combate à violência, à LGBTfobia e a inserção da população negra LGBTQIAPN+ no mercado de trabalho”, ressaltou.

No campo das mulheres, os debates priorizaram saúde, segurança e cidadania, com ênfase no aspecto étnico-racial e na diversidade de perfis, incluindo mulheres negras, quilombolas, camponesas, agricultoras, trans e de terreiros. “Encerramos nossa participação com saldo muito positivo, onde conseguimos entender que a articulação, além de trabalhar em nível de Estado, consegue se desdobrar para atender outros segmentos em outros momentos que compuseram a conferência nacional. Voltamos com o dever cumprido com a nossa sociedade, e a partir de agora vamos trabalhar pautas específicas que foram tratadas aqui, como a criação da política estadual para povos de matriz africana no Estado do Pará”, acrescentou Denilson Silva.

Juventude negra - João Victor Mereiles participou pela primeira vez de uma Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial. Segundo ele, o evento foi um espaço de fortalecimento coletivo. “Me sinto muito honrado de poder fazer parte desse momento que é, acima de tudo, de escuta e troca com os nossos mais velhos. Mas para além desse momento de escuta, percebo que o povo preto quando se une, é para aquilombar. E participar da conferência nacional como conselheiro estadual, mas também eleito em plenária da juventude negra, representando a juventude negra do Pará, e poder ajudar a construir políticas, proposições de igualdade, respeito e inclusão da juventude negra em processos de política, em processos de tomada de decisão, é muito importante”, afirmou.

Houve ainda mobilização do segmento quilombola, que defendeu pautas como regularização fundiária, incentivo à agricultura familiar e enfrentamento de conflitos agrários. Valdinei Gomes, gerente de Promoção dos Direitos Quilombolas da Seirdh, ressaltou a inclusão, no documento final, da proposta para criação do Ministério dos Povos Quilombolas. “Essa é uma proposta criada no Estado do Pará. É uma luta que vem sendo travada há muitos anos pelas lideranças e associações, e que agora nós conseguimos inserir dentro das propostas aprovadas. Agora, vamos retornar ao Pará, e na bagagem levamos a esperança de termos o próprio ministério. É um processo lento, que demanda muita luta das entidades e órgãos representativos. Mas saímos daqui com o primeiro passo dado”, assegurou.