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Polícia Científica do Pará reforça captação de córneas e ajuda a reduzir fila de espera por transplante

A equipe da PCEPA recebe capacitação técnica para garantir a conservação adequada das córneas desde o local da ocorrência até a chegada do cadáver para necropsia

Por Monique Leão (Pol. Científica)
27/09/2025 14h03

“Acredito que a importância da doação de órgãos tem duas óticas: a de quem doa e a de quem recebe. Minha avó é uma pessoa muito dinâmica, mas com a limitação visual foi deixando de fazer atividades. Com o transplante, ela passou a enxergar novamente e ganhou uma nova vida. Ela ganhou esperança, um olhar perante a vida diferente. Aquele que doa, deixa para o outro parte de si. Deixa com amor para que a outra pessoa possa ganhar vida. Pra mim foi muito especial poder ter vivenciado isso com uma pessoa que eu tanto amo, e que ganhou nova vida nesse momento tão importante, na sua fase idosa”, relatou o advogado e professor João Paulo Mendes Neto, que acompanhou a avó Emília durante o transplante das duas córneas.

Neste 27 de Setembro - Dia Nacional da Doação de Órgãos -, e que tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos e tecidos, a Polícia Científica do Pará (PCEPA) destaca o trabalho essencial realizado para conservar córneas para transplantes. A iniciativa integra o projeto da Central Estadual de Transplantes (CET), da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), em parceria com o Banco de Tecidos Oculares (BTO), do Hospital Ophir Loyola.

Histórico - A colaboração da PCEPA começou em 2018, ainda em caráter experimental, com números modestos de doações. A partir de 2019, os resultados começaram a crescer, mas o processo foi interrompido em 2020 pela pandemia de Covid-19, quando mais de mil pessoas aguardavam por uma córnea no Pará. O retorno expressivo ocorreu apenas em setembro de 2022.

Em 2023, a meta estabelecida ainda em 2020 foi retomada: dobrar o número de captações em relação a 2019. O esforço resultou em 346 doações, com 692 córneas captadas, um avanço que impactou diretamente na diminuição da fila de espera. No mesmo ano, equipes da Polícia Científica participaram de capacitações no Ceará, referência nacional na área, aprendendo novas técnicas de captação e conservação.

O ano de 2024 consolidou esse avanço, registrando 350 doações e 700 córneas captadas – o recorde histórico do Estado. O marco representou a concretização da meta de alcançar, em média, uma captação de córnea por dia. Já em 2025, até o momento, o número chega a 223 doações, com 446 córneas destinadas a pacientes que aguardam por transplante.

Segundo o diretor-geral da Polícia Científica do Pará, Hinton Barros Cardoso Júnior, o resultado positivo é fruto de investimento em treinamento e estrutura. “Nossa equipe recebeu capacitação técnica para garantir a conservação adequada das córneas, desde o local da ocorrência até a chegada do cadáver na instituição, evitando a desidratação e perda do tecido. Oferecemos, na PCEPA, sala exclusiva para o BTO realizar o acolhimento das famílias, oferecendo apoio psicossocial e orientações sobre a importância da doação”, informou.

Celeridade e eficiência - O trabalho da PCEPA para conservar as córneas começa durante a remoção do cadáver no local do crime. "Os remocistas receberam treinamento para realizar a hidratação dos olhos e protegê-los da luz solar. Chegando à instituição, os técnicos de necropsia têm o cuidado de deixar o cadáver não na câmara fria, e sim em um local apenas refrigerado, para evitar o ressecamento desse tecido. Além disso, os doadores têm prioridade na necropsia, pois a córnea precisa ser retirada o mais rápido possível", disse Hinton Barros Cardoso Júnior.

Este trabalho da Polícia Científica demonstra como a atuação integrada entre saúde e segurança pública pode salvar vidas. Cada doador pode beneficiar até duas pessoas, diminuindo significativamente a fila de espera por transplantes e oferecendo uma oportunidade de recuperar a visão e a qualidade de vida.

Texto: Amanda Monteiro e Monique Leão - Ascom/PCEPA