População idosa recebe atenção especial do governo do Pará
Com foco em saúde, educação, cidadania e proteção, Estado assegura direitos e amplia oportunidades para quem já passou dos 60 anos
Entre um exercício e outro, a aposentada Maria Benedita do Vale, 64 anos, aluna de hidroginástica da Usina da Paz da Cabanagem, em Belém, agradece pelo dom da vida. Paciente em remissão de um câncer de mama, ela encontrou no espaço a oportunidade para seguir uma das recomendações médicas mais importantes do seu tratamento: a atividade física frequente. “Se não fosse esse projeto do governo, eu não teria condições de pagar. A hidro me ajuda a ter mais força, disposição e ânimo para seguir em frente. Sou muito grata por esse cuidado e por essa oportunidade”, disse, emocionada.
Maria é uma entre os mais de 2.800 alunos atendidos pelas sete Usinas da Paz existentes na Região Metropolitana de Belém. No interior, cidades como Capanema, Tucuruí, Marabá e Bragança também ofertam atividades semelhantes em suas Usinas da Paz.
A Usina da Paz, aliás, é um dos projetos da atual administração estadual que mais beneficiam idosos por todo o Estado. A iniciativa reafirma o compromisso do governo do Pará em garantir direitos e mais qualidade de vida para os cerca de 1,1 milhão de idosos que vivem no Estado, segundo dados do IBGE. Eles representam, portanto, 12,9% da população paraense. Essa fatia importante da sociedade é lembrada neste 1º de outubro, Dia Nacional da Pessoa Idosa.
Esporte e lazer que transformam vidas
O educador físico Willian Souza, responsável pelas aulas da dona Maria Benedita, ressalta que os benefícios vão além da saúde física. “A maioria chega por recomendação médica, mas aqui ganha autoestima, alivia o estresse, melhora o sono e faz amizades. Isso faz toda a diferença na vida dessas pessoas”, destacou.
A aposentada Maria Damiana, 73 anos, transformou sua rotina após a inauguração da Usina da Paz Cabanagem. “Após me aposentar, encontrei na Usina um caminho para me manter ativa. Hoje, a hidroginástica faz parte da minha vida e me garante saúde e longevidade”, contou.
Já Rozali Siqueira Bonasser, de 71 anos, é aluna de hidroginástica da Usina da Paz Jurunas/Condor. Para ela, participar dessas atividades significa muito mais do que cuidar da saúde. “Aqui a gente convive, aprende, faz amizades e sente que ainda tem muito o que viver e contribuir”, conta, com brilho nos olhos.
Além da hidroginástica, as Usinas oferecem cursos de capacitação da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet), em áreas como gastronomia, corte e costura e informática. Complementando essas ações, o Programa Vida Ativa na Terceira Idade, executado desde 1999 pela Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (Seel), oferece modalidades como dança, ioga, alongamento, treino funcional e memorização. Só em Belém e Ananindeua, mais de mil idosos são beneficiados em núcleos como a Tuna Luso Brasileira e a Associação dos Servidores da Assembleia Legislativa do Pará.
Saúde em rede
Na área da saúde, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) garante atenção integral à população idosa por meio da Rede de Atenção à Saúde (RAS). De julho de 2024 a junho de 2025, foram realizados mais de 4,8 milhões de atendimentos voltados a idosos, entre consultas, diagnósticos, cirurgias e ações de prevenção. O serviço inclui o programa “Melhor em Casa” e unidades como o CIIR, referência em reabilitação.
Educação que dá sentido à vida
A educação também tem sido um instrumento de transformação na vida do público da chamada melhor idade. Em todo o Estado, mais de 385 pessoas idosas, acima de 60 anos, estão atualmente matriculadas em turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA), ofertadas pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc). O programa garante não apenas o direito ao aprendizado, mas também novas perspectivas de vida para quem acreditava já não ter mais essa oportunidade.
Uma dessas histórias é a de Maria Odete Ruivo, 72 anos, aluna da Escola Estadual Américo Souza de Oliveira, em Belém. Casada desde muito jovem, ela precisou deixar os estudos ainda na adolescência. Foram 54 anos afastada da escola até que, no início deste ano, decidiu voltar a estudar como parte de um recomeço.
“Para mim, a EJA está sendo um verdadeiro renascimento. Voltar a estudar depois de tanto tempo me trouxe de volta à juventude e está me permitindo aprender tudo aquilo que ficou para trás. Além disso, me proporciona momentos de convivência e troca com outras pessoas. Na minha turma eu sou a mais velha, mas me sinto a mais jovem”, relata Maria.
Proteção e dignidade
O Pará conta com Delegacias de Proteção à Pessoa Idosa (DPID) em Belém e Santarém. Em 2024, foram registradas 559 denúncias, com 91% de resolutividade. Em 2025, são 419 registros, dos quais 412 foram apurados.
“A denúncia pode ser feita por qualquer pessoa, pelo Disque 100 ou 181, com garantia de anonimato. Nosso setor psicossocial também oferece acolhimento e mediação”, afirma a delegada Caroline Batista.
A DPID conta com psicólogos e assistentes sociais que orientam famílias e previnem violências. Quando há risco de agravamento, a equipe atua com mediação; em casos de maus-tratos a idosos acamados ou com dificuldade de locomoção, visita o domicílio e elabora relatório técnico.
Texto: Tamiris Amorim (Secom)
