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Alimentação saudável desde a infância ajuda a evitar a obesidade na vida adulta

Esse é o recado da Sespa no Dia Nacional de Prevenção da Obesidade

Por Roberta Vilanova (SESPA)
11/10/2025 08h08

Neste sábado (11), Dia Nacional de Prevenção da Obesidade, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) divulga as principais medidas e atitudes que podem ser tomadas pela população desde a infância para evitar a obesidade no futuro.

Resultante do acúmulo excessivo de gordura corporal, a obesidade é uma doença crônica e multifatorial, influenciada por genética, ambiente, comportamento e fatores hormonais, que aumenta o risco de diabetes, doenças cardiovasculares e outras condições de saúde. Uma pessoa é diagnosticada com obesidade quando o seu Índice de Massa Corporal (IMC) é igual ou superior a 30 kg/m².  

Assim, a Lei nº 11.721/2008 instituiu a data comemorativa, com o intuito de alertar sobre o impacto da obesidade na vida das pessoas, nos sistemas de saúde e na economia, ampliando o acesso à informação sobre a doença e seus mecanismos de proteção.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a obesidade é um dos maiores problemas de saúde pública e a estimativa é que cerca de 700 milhões de adultos no mundo vão se tornar obesos e 2,3 milhões terão sobrepeso em 2025.

Conforme matéria publicada pela Agência Brasil no ano passado, o Atlas Mundial da Obesidade 2024, lançado em março daquele ano pela Federação Mundial da Obesidade, apontou que cerca de um a cada três brasileiros (31%) vive com obesidade e essa porcentagem tende a crescer nos próximos anos.

Segundo o estudo, 68% da população tem excesso de peso e, desse total, 31% têm obesidade e 37% têm sobrepeso. O Atlas estima, ainda, que a obesidade pode aumentar em 33,4% entre os homens e 46,2% entre as mulheres.

Dados no Pará - De acordo com o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) do Ministério da Saúde em 2024, no Pará, 36,6% dos adultos apresentavam excesso de peso, com a maior prevalência no público masculino (38,4%). E a condição de obesidade, que engloba parte dos indivíduos, já atingia 28,2%.

O problema do excesso de peso também tem afetado os mais jovens. Entre as crianças atendidas na Atenção Primária, ainda em 2024, 5,6 % dos menores de 5 anos e 7,4% das crianças entre 5 e 9 anos tinham peso elevado para a idade. Quanto aos adolescentes acompanhados, no mesmo período, 18,1% e 9,1% apresentavam excesso de peso e obesidade, respectivamente. 

Crianças – Para a coordenadora estadual de Nutrição, nutricionista Walkiria Moraes, a prevenção da obesidade deve começar desde a infância, com a formação de hábitos alimentares saudáveis, incluindo o incentivo ao aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade e, a partir dessa idade, iniciar a introdução gradual de alimentos naturais, com a oferta diária de frutas, legumes, verduras, cereais integrais e proteínas saudáveis, além da redução no consumo de alimentos ultraprocessados, ricos em açúcar, gordura e sal. 

Ela destaca, ainda, o estímulo à prática diária de atividades físicas, com brincadeiras ao ar livre, esportes e tempo limitado de telas. “No entanto, os desafios são complexos devido a fatores como a insegurança alimentar, as mudanças nos padrões de consumo e a redução da atividade física entre os mais jovens. Sendo assim, a prevenção da obesidade infantil exige o envolvimento da família, da escola e do poder público”, afirmou.

Bernardo Mendes, de dez anos, é um exemplo que merece ser seguido. Ele está focado em manter diariamente a alimentação saudável e praticar futebol duas vezes por semana. “Não quero ficar acima do peso porque quando eu crescer eu quero ser jogador de futebol do Real Madrid ou do Barcerlona”, disse o menino, que já provou refrigerante, mas só bebe suco de fruta natural desde bebê.

Segundo Walkiria Moraes, a família tem um papel fundamental nesse processo, desde a compra e preparo dos alimentos, passando pelo tipo de alimento ofertado a criança até a forma como compartilha e disponibiliza a refeição. “Apesar de não ser a única responsável pelo quadro de obesidade entre as crianças, a família está no coração da mudança de hábitos e reversão da epidemia atual”, disse. “Portanto, a ação de pais e responsáveis é fundamental para mudar os maus hábitos”, acrescentou.

Adultos – Walkiria Moraes orienta que para prevenir a obesidade, as pessoas adultas devem manter uma alimentação adequada e saudável, dando preferência ao consumo de alimentos in natura e/ou minimamente processados, como frutas, vegetais e grãos integrais e evitar os alimentos processados e ultraprocessados, que são os alimentos industrializados, ricos em açúcar, gordura e sal. Também devem praticar atividades físicas regularmente e ter o sono preservado. “Além disso, é muito importante cuidar da saúde mental, manter-se hidratado, ingerindo, no mínimo, dois litros de água por dia, e consultar profissionais de saúde como nutricionistas para um acompanhamento personalizado”, enfatizou a nutricionista.

Ações da Sespa – No âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a Sespa, por meio da Coordenação Estadual de Nutrição, tem apoiado programas e ações intersetoriais. “Realizamos capacitações dos profissionais de saúde nas áreas de segurança alimentar e nutricional, promoção da alimentação saudável e prevenção de doenças e desenvolvemos ações de Educação Alimentar e Nutricional para a população, orientando sobre a importância de seguir os dez passos para uma alimentação saudável, promovendo a saúde e prevenindo a ocorrência de doenças associadas à má alimentação”, disse Walkiria Moraes.

Todo esse trabalho é importante, segundo a nutricionista, porque nos últimos anos, tem havido mudanças no padrão de consumo de alimentos da população, com diminuição da ingestão de alimentos in natura e minimamente processados, como arroz e feijão e a preferência por alimentos ultraprocessados, cada vez mais presentes na alimentação dos paraenses.

Walkiria Moraes acredita que a intersetorialidade culmina para o desfecho positivo no enfrentamento e prevenção da obesidade, portanto, os setores da Saúde, da Educação e da Assistência Social, com suas políticas públicas, devem atuar transversalmente. “Precisamos permanecer juntos e envolvidos na construção e no fortalecimento de ambientes propícios à promoção de saúde com ações de promoção de alimentação adequada e saudável e da prática de atividades físicas fomentadas pela Política Nacional de Alimentação Nutrição”, afirmou.

Além dos serviços oferecidos pela Rede Básica de Saúde, Walkiria Moraes destaca o Programa Saúde na Escola (PSE), que leva ações de avaliação nutricional, promoção da alimentação saudável e incentivo à prática esportiva. “O PSE promove a atuação conjunta entre Saúde, Educação, Assistência Social e Agricultura por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). As escolas estaduais, por exemplo, recebem apoio técnico de nutricionistas para oferecer refeições balanceadas, com produtos regionais, incentivando bons hábitos alimentares desde cedo”, informou. 

“Outra ação importante está nas Usinas da Paz (UsiPaz), onde crianças e adolescentes têm acesso gratuito a esportes e atendimentos com profissionais de saúde”, lembrou a nutricionista.

Em nível nacional, o Brasil também conta com instrumentos fundamentais como o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), que monitora o estado nutricional da população e é fundamental para subsidiar as políticas públicas; o Guia Alimentar para a População Brasileira e o Guia para Menores de Dois Anos de Idade, que trazem orientações claras e baseadas em evidências científicas sobre alimentação saudável.

Há ainda a Lei nº 13.666/2018, que torna obrigatória a educação alimentar e nutricional no currículo da Educação Básica, fortalecendo o papel da escola como espaço de promoção da saúde.

Tratamento - Para quem não conseguiu se prevenir da obesidade grave ao longo da vida, o governo do Pará disponibiliza a cirurgia bariátrica por meio do Programa Obesidade Zero, que é gerenciado pela Sespa e funciona no Hospital Jean Bitar (HJB).

Com cinco anos de funcionamento e 2.313 cirurgias bariátricas realizadas até o momento, o Programa tem sido um divisor de águas para pacientes do SUS no Pará, transformando vidas, promovendo bem-estar, elevando a autoestima e criando novas perspectivas aos usuários.

De acordo com a adesão do paciente ao tratamento, o período de preparação para a cirurgia pode variar de seis meses a dois anos, uma vez que o paciente precisa passar por avaliação clínica, realização de exames e consultas especializadas antes do procedimento. 

Os interessados em participar do programa, devem acessar o site da Sespa e realizar uma autoavaliação, incluindo o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC). Pacientes com IMC igual ou superior a 40 kg/m², ou entre 35 e 40 kg/m² com comorbidades associadas, são elegíveis para a cirurgia. Após a triagem, os candidatos passam por uma avaliação médica detalhada com uma equipe multiprofissional.

Conheça os 10 passos para uma alimentação saudável:

1. Priorize alimentos in natura ou minimamente processados;
2. Utilize óleos, sal e açúcar com moderação; 
3. Limite o consumo de alimentos processados; 
4. Evite alimentos ultraprocessados;
5. Coma com regularidade e atenção;
6. Compre alimentos em locais com variedade; 
7. Desenvolva habilidades culinárias;
8. Planeje o tempo dedicado à alimentação; 
9. Ao comer fora, prefira comida feita na hora; 
10. Seja crítico em relação à publicidade e informações sobre alimentos.