Hospital da Transamazônica forma cuidadores e incentiva humanização após alta médica
Treinamento reforça necessidade de atenção especial quando paciente já está em casa
Tem quatro meses que o designer Cléber Cândido Silva divide o tempo entre o trabalho, os afazeres de casa e a Clínica Médica do Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT), em Altamira, sudoeste do Pará. A mudança na rotina do jovem foi para se adequar à tarefa de cuidador do irmão mais novo, Fernando, 26 anos, que ficou sem os movimentos do corpo depois de um grave acidente de trânsito. Fernando passou por duas cirurgias e atualmente precisa de atenção integral. “A situação é grave porque perdeu a movimentação”, lamenta o designer, que se mantém firme. “Vamos seguir em frente com essa luta”.
Cléber não é um caso isolado e se reproduz dentro e fora dos hospitais, como no Regional da Transamazônica, que realizou na terça-feira, 28 de outubro, uma formação de cuidadores e cuidadoras. O treinamento possibilita orientações especializadas com equipes multiprofissionais que atuam na maior unidade de saúde do eixo TransXingu. Uma das idealizadoras é a psicóloga Fernanda Lago. “A desospitalização é um momento delicado que exige reorganização emocional, estrutural e social”, explica, ao indicar a Psicologia como peça fundamental no apoio aos pacientes, mas também aos familiares.
No curso, que teve a primeira edição no começo de setembro deste ano, equipes de Enfermagem, Medicina, Psicologia, Assistência Social, Nutrição, Fisioterapia, Fonoaudiologia e Farmácia, ministram aulas teóricas e práticas. A Comissão de Feridas também compõe o treinamento e é responsável por ensinar como o paciente acamado, depois de receber alta hospitalar, deve ser assistido em casa, a fim de evitar feridas por pressão ou higienizá-las corretamente.
“Os familiares são peças-chave nesse processo, mas muitas vezes se sentem inseguros, sobrecarregados ou desinformados. Diante disso, viu-se a necessidade de realizar uma oficina com o objetivo de oferecer suporte, conhecimento e espaço de troca para que se sintam preparados e fortalecidos”, reflete a psicóloga Fernanda Lago.
Além de cuidadores de pacientes internados ou em alta do Hospital da Transamazônica, o treinamento contempla quem presta assistência fora da unidade, como Suzana Celestina da Silva, cuidadora do Espaço de Convivência de Meninos e Meninas (Ecom), que acolhe menores em situação de vulnerabilidade social e vítimas de abuso físico e psicológico. “Estou muito agradecida por este treinamento no Hospital Regional, onde a gente tirou várias dúvidas sobre os cuidados que o acamado necessita. Foi muito proveitoso, uma tarde de entendimento, foi muito bem explicado pelos profissionais da saúde”, elogia.
O curso já formou 28 cuidadores que, em casa, poderão dar continuidade à assistência oferecida pelos profissionais do HRPT, e agora faz parte do calendário fixo de atividades do Núcleo de Educação Permanente (NEP), setor responsável por atualizar e acompanhar capacitações de funcionários.
Esther Hoch, coordenadora de Enfermagem, avalia que “esse é um papel fundamental para os familiares desempenharem um papel mais seguro em casa, e tem como objetivo reduzir o risco de infecções, de fragilidades em relação aos dispositivos que o paciente vai precisar usar em casa, como sondas e traqueostomia”. Em breve, uma nova etapa de treinamento será divulgada para o mês de novembro.
Texto: Rômulo D'Castro - Ascom HRPT
