Tabuleiro do Embaubal recebe cerca de 300 mil tartarugas para a desova anual no rio Xingu
Unidade de conservação gerida pelo Ideflor-Bio, abriga anualmente milhares de fêmeas de tartarugas, tracajás e pitiús que sobem o rio Xingu em busca das praias ideais para depositar seus ovos
Durante os meses de setembro e outubro, o Refúgio de Vida Silvestre Tabuleiro do Embaubal, localizado no município de Senador José Porfírio, no sudoeste do Pará, torna-se o cenário de um dos maiores espetáculos naturais da Amazônia: o período de desova dos quelônios. A unidade de conservação, gerida pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-Bio), abriga anualmente milhares de fêmeas de tartarugas, tracajás e pitiús que sobem o rio Xingu em busca das praias ideais para depositar seus ovos.
A desova ocorre com pequenas variações de acordo com o clima e o nível das águas do rio. Entre as espécies que chegam ao local estão a tartaruga-da-Amazônia (Podocnemis expansa), o tracajá (Podocnemis unifilis) e o pitiú (Podocnemis sextuberculata). Dentre elas, a tartaruga-da-Amazônia é a mais numerosa, pois possui o hábito de realizar a postura em grandes bandos. Neste ano, segundo analistas do Ideflor-Bio, a desova começou de forma mais tardia, há cerca de duas semanas, mas já é possível observar um intenso movimento nas praias.
Embora ainda seja cedo para estimar números precisos, há expectativa de que cerca de 300 mil tartarugas depositem seus ovos na região, um número comparável a anos de grande abundância. Pesquisas anteriores a 2019 registravam aproximadamente 10 mil fêmeas desovando no Tabuleiro do Embaubal, mas as variações naturais e as mudanças climáticas têm influenciado o comportamento reprodutivo dessas espécies.
“A cada temporada de desova, reafirmamos nosso compromisso com a vida e com a ciência. É uma demonstração clara de que o trabalho contínuo de conservação produz resultados concretos para a natureza e para as futuras gerações”, enfatiza o presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto. Ele afirma, ainda, que a atuação do Ideflor-Bio no Tabuleiro do Embaubal reforça a missão institucional de conservar a biodiversidade e fortalecer a presença do Estado na Amazônia.
Sexagem - A eclosão dos ovos ocorre, em média, 45 dias após a desova, dependendo da temperatura ambiente. A temperatura, aliás, tem papel fundamental não apenas no tempo de incubação, mas também na determinação do sexo dos filhotes: quanto mais quente o ambiente, maior a proporção de fêmeas. Por isso, a equipe técnica espera um equilíbrio este ano, após dois períodos consecutivos de extremo calor.
“O Tabuleiro do Embaubal é um verdadeiro berçário da vida silvestre amazônica. Cada ninho representa uma vitória da conservação e o compromisso do Estado com a proteção das espécies que dependem desse ciclo natural”, explica Átilla Mello, analista ambiental do Ideflor-Bio que acompanha as ações de manejo e monitoramento no local há vários anos.
Proteção - Durante o período de desova e eclosão, o Refúgio conta com vigilância reforçada do Estado, por meio do Batalhão de Polícia Ambiental (BPA), que atua em parceria com o Ideflor-Bio no controle de acesso, prevenção de ilícitos e combate à coleta ilegal de ovos. A presença contínua das equipes contribui para reduzir as ameaças aos ninhos e garantir a tranquilidade do ciclo reprodutivo.
“A proteção dos quelônios amazônicos é uma das prioridades do nosso trabalho de gestão e monitoramento das unidades de conservação. O Tabuleiro do Embaubal é uma área estratégica para a reprodução dessas espécies e reflete o esforço conjunto entre o poder público e as comunidades locais”, destaca Ellivelton Carvalho, diretor de Gestão e Monitoramento de Unidades de Conservação do Ideflor-Bio.
