Coostafe apresenta coleção colaborativa em desfile “Amazônia Resistência” na COP30
Peças produzidas por 22 mulheres privadas de liberdade ganham visibilidade no Pavilhão Pará, com foco em sustentabilidade e reinserção social
O Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), promove nesta terça-feira (11), às 16h, no Pavilhão Pará – Green Zone, o desfile “Amazônia Resistência: um desfile em movimento”, durante a programação da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém. A ação conta com a apresentação da coleção Ya Temi Xoa – Ainda estou vivo, desenvolvida de forma colaborativa entre o estilista Dan Delacosta e 22 mulheres da Cooperativa Social de Trabalho Arte Feminina Empreendedora (Coostafe), formada por internas do sistema penitenciário paraense.
Com curadoria da Secult e apoio da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), a iniciativa reúne diferentes expressões artísticas e sociais em um desfile-espetáculo que busca dar visibilidade a histórias de superação, dignidade e reconexão com a vida. A coleção traz 30 figurinos criados em oficinas conduzidas pela estilista Alcimara Braga, com a participação de jovens do programa Territórios pela Paz (TerPaz), indígenas e integrantes da comunidade LGBTQIA+.
Daniel Araújo, coordenador do projeto, explica que o desfile representa uma união entre arte, moda e inclusão social. “Estamos muito felizes com o resultado dessa coleção, que é fruto de uma parceria entre várias instituições. Ela promove a inclusão por meio da arte, cultura e economia criativa. A Seap tem sido uma parceira histórica da Secult, inclusive na confecção de figurinos para o Festival de Ópera do Theatro da Paz”, destacou.
Reinserção social como eixo central
Criada em 2014, a Coostafe é uma cooperativa que tem a moda como ferramenta de ressocialização. Ao longo dos anos, mais de 300 mulheres já participaram das atividades produtivas. O desfile na COP30 é a culminância do trabalho desenvolvido por 22 cooperadas, que desenharam e confeccionaram peças a partir de materiais reutilizados, muitos doados à instituição.
O titular da Seap, coronel QOPM Marco Antonio Sirotheau Corrêa Rodrigues, ressaltou o valor simbólico e prático dessa participação na COP30.
“O trabalho da Coostafe é um exemplo concreto de reinserção social bem-sucedida, que une sustentabilidade e capacitação profissional. Mostrar isso para o mundo reforça a importância das políticas públicas que acreditam no potencial humano e no poder do trabalho como caminho para a reconstrução de vidas”, afirmou o secretário.
Valorização do trabalho feminino
Renata Carvalho, coordenadora de produção da Seap, conta que desde a assinatura do termo de participação no evento, a rotina na cooperativa se intensificou, com muito envolvimento das internas:
“Foi bastante intenso e exigiu muito empenho de toda a equipe. Cada peça confeccionada carrega uma história, um aprendizado e o comprometimento de quem acredita no poder transformador da reinserção social”, enfatizou.
A tutora da Coostafe, Narayana Brotas, compartilha da mesma visão. “Ver mulheres que um dia foram privadas de liberdade hoje ocupando espaços de protagonismo, expondo suas criações e dialogando com o mundo sobre sustentabilidade e dignidade, é algo profundamente transformador”, avaliou.
“A coleção busca traduzir, por meio da moda sustentável, a beleza que brota da cura e da liberdade. Mais do que roupas, levamos histórias: de mulheres que, com suas mãos, bordam futuro e esperança”, completou.
Coleção “Ya Temi Xoa”: uma segunda chance em forma de arte
O nome da coleção - Ya Temi Xoa - significa “Ainda estou vivo”. Para Renata Carvalho, o título reflete a essência da proposta. “Todos têm direito a uma segunda chance. Mesmo após os erros, essas mulheres estão aproveitando a oportunidade de aprender, se reinventar e construir um novo caminho, buscando no conhecimento uma forma de recomeçar com dignidade e propósito”, afirmou.
A coleção é marcada pela ausência de padronagens de tamanho e pela valorização da ancestralidade amazônica, inspirada em elementos da floresta e na cultura indígena. O estilista Dan Delacosta destaca o processo criativo como simbólico e respeitoso.
“A Coostafe é um modelo de dignidade, recuperação da autoestima, de regresso pelo aprendizado e pela arte. Essas peças representam convivência digna no cumprimento das penas e mostram ao mundo que é possível mudar realidades”, disse.
“Meu sentimento pessoal com este contato é de aprender, mais do que ensinar, e ver esperança de um mundo melhor para todos”, completou.
Reconhecimento institucional e continuidade
Belchior Machado, diretor de Trabalho e Produção da Seap, reiterou que a secretaria tem investido na qualificação das cooperadas, com ações estruturantes. “Ano passado já fizemos a reforma do espaço produtivo e parcerias como o CredCidadão para liberação de crédito. O projeto mostra resultados concretos na geração de renda, capacitação e, principalmente, na reinserção social das pessoas privadas de liberdade”, observou. Ele complementa: “O desfile das cooperadas da Coostafe mostra que, com oportunidade, capacitação e respeito, é possível reconstruir histórias e abrir novos caminhos. Mais do que uma apresentação de moda sustentável, esse momento representa dignidade, superação e esperança.”
Parcerias que transforma
A coordenadora Renata Carvalho também enfatizou o valor das parcerias com estilistas e instituições. “Cada parceria representa uma oportunidade de crescimento e de valorização do talento delas. A SEAP tem um papel essencial nesse processo, oferecendo suporte para que a Coostafe continue se desenvolvendo e mostrando ao mundo o potencial transformador desse trabalho coletivo”, concluiu.
Serviço:
Evento: Desfile “Amazônia Resistência” – Participação da Coostafe/Seap
Coleção: Ya Temi Xoa – Ainda estou vivo
Data: Terça-feira, 11 de novembro de 2025
Horário: 16h
Local: Pavilhão Pará – Green Zone, Parque das Cidades (entrada pela Avenida Senador Lemos)
