Helder Barbalho defende justiça climática com foco nas cidades e destaca papel da Amazônia na COP30
Em Reunião Ministerial sobre Urbanização e Mudança do Clima, governador do Pará reforçou adaptação com soluções urbanas, proteção às periferias e financiamento ao Sul Global
Em agenda realizada no âmbito da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) nesta terça-feira (11), o governador do Pará, Helder Barbalho, afirmou que a transição climática só será efetiva “se olhar primeiro para onde as pessoas vivem”. Ele defendeu que justiça climática e justiça social caminham juntas, com investimentos urgentes em saneamento, mobilidade de baixas emissões e espaços verdes, especialmente na Amazônia, onde os impactos recaem de forma mais dura sobre a população de baixa renda.
A fala ocorreu durante a Sessão Plenária de Encerramento de Alto Nível da 4ª Reunião Ministerial sobre Urbanização e Mudança do Clima, parte do “Mutirão Global” da COP30. A sessão foi organizada pela Presidência da COP30, em conjunto com o Ministério das Cidades e o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), com apoio da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), Coalizão global Local2030, Coalizão para Parcerias Multiníveis de Alta Ambição (CHAMP), Constituinte de Governos Locais e Autoridades Municipais (LGMA) e Coalizão Baku Continuity.
O encontro na Blue Zone reuniu ministros, governadores, prefeitos, lideranças comunitárias e parceiros internacionais para consolidar resultados e reforçar o protagonismo de cidades e regiões na implementação das Contribuições Nacionalmente Determinadas de terceira geração (NDCs 3.0) e no cumprimento do Acordo de Paris.
Amazônia como eixo da transição climática
Ao discursar no encerramento da reunião, o governador destacou o sentido histórico de realizar a conferência em Belém. “O simbolismo de fazer a COP na Amazônia coloca luz sobre o desafio de conciliar a preservação da natureza com as necessidades de quem vive aqui”, afirmou. Para ele, essa escolha torna visível uma realidade muitas vezes invisibilizada: “A maior floresta tropical do mundo convive com centros urbanos complexos, e o mundo precisa entender essa realidade”.
Helder Barbalho situou as cidades como eixo da adaptação. “No Brasil, 86% a 87% da população vive nas cidades. Na Amazônia, metade das pessoas vive em centros urbanos desafiadores. Precisamos de soluções de esgoto, água, áreas verdes e mobilidade limpa para reduzir a pressão sobre a floresta e garantir bem-estar.” Ao relacionar clima e vida cotidiana, ele enfatizou que decisões globais só se materializam quando chegam ao bairro, à comunidade ribeirinha e à periferia urbana.
O governador ressaltou que Belém já apresenta avanços ligados à preparação para a COP30. “Estamos ampliando a infraestrutura de tratamento de esgoto, reforçando o abastecimento de água, implantando transporte coletivo de baixas emissões e executando um plano de rearborização. Uma cidade amazônica que precisa, paradoxalmente, recuperar sombra e conforto térmico.” Segundo Helder, as obras estruturantes buscam reduzir vulnerabilidades e criar resiliência diante de alagamentos extremos e ondas de calor.
Financiamento e corresponsabilidade global
Helder convocou a comunidade internacional a corresponsabilizar-se pelo financiamento climático. “Carbono é emitido nos grandes centros e nas economias de alta emissão. Isso nos faz perguntar qual o papel do Norte Global no apoio ao Sul Global. Justiça climática sem justiça social não existe. É urgente financiar soluções urbanas que protejam as periferias”, afirmou. Para ele, garantir recursos previsíveis e acessíveis é condição para que países em desenvolvimento entreguem resultados em escala: cidades sustentáveis, inclusão e redução de emissões.
Ao concluir, o governador destacou que “os impactos das mudanças climáticas atingem principalmente quem não dá causa à elevação da temperatura. É a periferia que alaga, que fica sem água, que convive com lixo acumulado. Preparar as cidades amazônicas é proteger gente, floresta e rios ao mesmo tempo.” Helder reforçou que a pauta urbana deve permanecer central nas próximas etapas do processo climático global, conectando metas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável por meio de entregas concretas nos territórios.
